Quando é que nos tornamos assim?

Acabo de ver o filme e é esta questão que fica na minha cabeça. Ao ver o filme, relembrei-me do meu tempo de infância, das minhas dúvidas e questões. Da maneira que olhava o mundo. E no fim é esta a questão que fica na minha cabeça e para a qual não tenho resposta. Quando é que nos tornamos tão insensíveis? Quando é que as pessoas à nossa volta deixaram de ser pessoas e se tornaram simples conceitos ou números? Quando é que nos desprendemos dessa relação que nos unia a todos os outros e nos tornámos inumanos? Simples conceitos com que brincamos como bricavamos em criança com as peças do Lego. Hoje falamos em pobres e o que vejo são pessoas como eu, pessoas que não têm possibilidade de usufruir totalmente a vida. Hoje falamos em desempregados e o que eu vejo são pessoas como eu que trabalharam toda a vida e que agora se encontram numa situação que não é por elas controladas, que têm que dizer aos seus filhos que não podem comprar mais uma peça de roupa, ou um cd, ou que têm de explicar porque é que a comida é sempre a mesma. Hoje falamos em homossexuais e eu vejo pessoas como eu que apenas querem viver uma vida cheia de paixão, de sonhos e de felicidade.
E quando é que nos tornámos pobres, ricos, classe operária, capitalista, homossexuais, heterossexuais, religiosos, ateus, comunistas, liberais, estrangeiros, imigrantes, portugueses, europeus, patronato, trabalhadores, professores, alunos, etc, e deixámos de ser aquilo que realmente somos: pessoas?

Nota: Artigo inspirado no filme “Entre les murs – A Turma

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