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Escrensar...

Ando mais introspectivo. A pouca, quase nula, actividade deste blogue é sintomático disso mesmo. De tempos a tempos estas crises assolam-me. Questiono a minha vida. Questiono muito as minha opções e acções. Nunca encontro uma resposta definitiva, mas ajuda-me ao meu auto-conhecimento.

No entanto não é sobre isso que quero escrever, ou melhor não é só sobre isso que quero escrever. Estas fases são também fases de recordar o que já fiz. Tenho de confessar que já nem me recordava porque é que tinha optado entrar neste mundo blogosférico. Sabia que tinha começado por uma questão. Todas as minhas acções iniciam-se por uma pergunta, mas já nem me recordava que a tinha feito. Com o passar dos anos o acto de "blogar" (será que existe este verbo?) tornou-se instintiva, inconsciente. Depois de ter criado esta "personagem" e de ter evoluido com ela, a minha vida já não fazia sentido ser imaginada sem esta minha presença.

No entanto, talvez fruto desta minha fase, questionei-me sobre a minha actividade bloguistica, e de motivos pela minha inactividade. Tinha, estranhamente, perdido o gosto por escrever. Percebi há pouco tempo o porquê. Entre outros motivos sentia, e ainda sinto, falta de vontade (e criatividade) de inovar. Quase tudo o que havia para fazer já tinha experimentado. De entrevistas a pequenas histórias, de pensamentos a simples noticias, já tinha escrito, feito e consumido um pouco de tudo. Também já criei e desisti de blogues, para depois voltá-los a activar.

Assim para quê continuar? Numa fase em que a blogosfera se massificou e se profissionalizou, que sentido faria continuar teimosamente a escrever? Tive quase a fechar definitivamente este blogue (o que seria talvez a sua terceira vez). Mas foi nesse momento que me recordei dos primeiros momentos, da sensação extraordinária de poder criar algo pelo simples prazer de criar. Dos sonhos (todos não concretizados) que tinha.

Recordei-me então que nessa altura a blogosfera, e já agora a própria sociedade portuguesa, não era o que é hoje. Por este mundo blogosferico existe muito odio e rancor, muitos objectivos camuflados, muita vontade de ter admiradores. E cruzando estes dois sentimentos antagónicos recordei-me que sempre foi assim. Que não era a realidade à minha volta que tinha mudado, mas sim eu próprio que tinha mudado. Tinha deixado instalar dentro de mim, o cepticismo habitual do ser humano "adulto". Por vezes parece que tudo está visto, tudo está feito, que já não existe novidade!

Não sei se vou ser capaz de introduzir alguma novidade neste blogue. No entanto, e foi por isso que o criei, vou tentar. No fundo a minha decisão de entrar neste mundo foi de ter o que o mesmo possibilitava: um pequeno espaço de criação e experiência. Um espaço completamente livre de barreiras que não sejam a da nossa imaginação.