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Portugal ou o país do Tuga?

Por vezes coloco-me esta questão. Que país é este em que vivo? Qual é o nosso futuro? ou porque é que sinto que pela primeira vez em muito tempo caminhamos para um futuro pior que o passado?
São algumas questões que coloco a mim próprio e que me faz duvidar que esteja em Portugal.
Este é mais o país dos Tugas, em que o chico espertismo é valorizado. Em que a arrogancia é confundida com determinação e onde a liberdade perde o seu valor. É um país que não sabendo para onde vai também não se preocupa com isso.
O país paralisado, indiferente ao que vai acontecendo, que perdeu as forças necessárias para sonhar e concretizar esse sonho. Num determinado Abril construiu-se um sonho (bom ou mau, agora é indiferente) mas não existe coragem para continuar a sonhar. Quem veio de longe foi para longe, não deixando a sua marca.
Portugal é um país mas o país do Tuga é um aglomerado de pessoas que ocupam um determinado espaço e que, por mera obra irónica do destino, convive e sobrevive.
Eu nasci em Portugal, mas hoje não sei mais se vivo em Portugal ou no País do Tuga!

Mito I: O Tuga é Pacifico

Existe a noção que a sociedade portuguesa é pacata e ordeira. Passeia-se pela rua e não se vislumbra pessoas de cariz violenta. "É tudo pacifico" poderiamos pensar. Mas a noticia de ontem do aumento de 2% de crimes apontou o local onde muitos Tugas deixou esta mascara para se revelarem: a casa. Os crimes domésticos aumentaram 30% (14.232 casos reportados). Ou seja uma média de 40 queixas por dia.

Aqui, o Tuga mostra a sua verdadeira faceta violenta. É na ausência de outros olhos que não as da vitima que mostra que afinal não é assim tão pacifico. Eu sei que estes números podem ter sido influenciados por uma maior apresentação de queixas em si e não por um aumento efectivo de crimes. Mas, na minha opinião, isso não é importante. Importante é o facto que em pleno séc. XXI, num país "supostamente" desenvolvido ainda exista tantos crimes de violência doméstica e que ainda a voz da vitima seja sufocado pela mão do agressor e pelo silêncio dos vizinhos!
Afinal o Tuga não é pacifico...

(Uma nota final para a peça da RTP sobre este caso. É que enquanto o voz off falava em crimes domésticos as imagens que passavam eram de bairros degradados. E depois admiram-se que o publico não fique com a noção de que os nossos problemas vêem destes bairros quando na verdade acontecem numa qualquer típica "casa portuguesa, concerteza!")

Museu Salazar ou uma especie de Sebastianismo...

Neste último fim de semana uma pequena manifestação chamou a minha atenção. Essa pequena terra - Santa Comba Dão - foi palco de uma manifestação e contra-manifestação. Sobre a legitimidade ou não do museu já muito foi escrito e pouco mais tenho a acrescentar. No entanto este evento é exemplificativo de uma caracteristica tão típica dos "tugas": o Sebastianismo.

António Oliveira Salazar foi elevado a condição de novo D. Sebastião que curará todos os "males" deste mundo "tuguês". Ele e os seus ideiais são a formula mágica para os nossos problemas, pelo menos para uma clara minoria da população portuguesa. No entanto até a escolhermos as nossas figuras miticas somos mediocres. É que ainda não existiu um estudo isento desta personagem portuguesa senão vejamos:

1) A maioria dos seus apoiantes começam por se referir ao periodo de Salazar com "nem tudo foi mau". Mas que raio de começo é este para caracterizar esta figura mitica para muitos. Nem tudo foi mau é o que se inicia para definir alguém mediocre ou mesmo muito mau.

2) Ao contrário do miticismo criado à volta de Salazar ele não foi um bom economista. Podem me contrapôr com o facto do crescimento económico ter sido elevado em alguns períodos do seu "reinado", mas a verdade é que ele iniciou com Portugal mal e deixou Portugal em condições economica paupérrimas. Para além disso teve algo que qualquer economista/politico sonha: controlo de todos os factores económicos e politicos. Pelo que qualquer economista teria feito um trabalho tão bom ou melhor do que ele.

3) Outro miticismo é o facto de nos ter livrado da guerra. Então o que é que chamam à guerra colonial?

4) Muitos dizem "No tempo de Salazar não exitiu uma verdadeira ditadura." Deixei-me ver, existiu partido unico, existiu repressão da leberdade de expressão, de manifestações públicas de desacordo, o Estado controlava com mão de ferro o tecido economico, existia censura à publicação de livros, só existiu um governante durante cerca de 50 anos, e ponto fundamental, não existia eleições democraticas livres, bem se isto não define uma ditadura então devo estar perdido em termos de definição de ditadura.

5) E faltava a frase mítica "No tempo de Salazar é que era bom". Bem comparem todos os indicadores entre a "epoca de Salazar" e a actual e duvido que encontrem um que suporte esta afirmação. Esta é a frase tipica de quem não sofreu com o regime ou não vioveu nessa altura.

Estes são alguns dos factos que parece que ninguém espelha quando se faz um retrato histórico do homem que foi Salazar.

Mas não deixa de existir parecenças entre D. Sebastião e Salazar, ambos eram mediocres, foram atrás de uma causa inglória perdida à nascença e deixaram para trás um País numa crise dificil de ultrapassar. Também outro facto comum que os une é que não viveram para ver os erros que cometeram.

Quanto ao Museu, vivemos em democracia, se existem pessoas que o querem criar que o façam. Agora com dinheiro público custa-me um pouco, mas foram eles que votaram nos seus governantes, depois não se queixem que a autarquia não tem dinheiro e que a culpa é do Governo. É que para isso já não há paciência!!!

[Nota final: nesta história toda existem dois contradições na posição dos apoiantes de Salazar que me deixam estupefacto, (a) como é que apoiantes de Salazar se manifestam publicamente - Salazar era um ferroz opositor deste tipo de "ajuntamentos" e (b) como é que gastam 5 milhões de euros para fazer um Museu - é que Salazar nunca promoveu a cultura contra o "Poder instituido" e detestava desperdícios...]