É a tragédia...

Estava sem vontade para escrever um texto, mas uma simples música mudou por completo essa minha predisposição. Antes o tema seria um tributo à letra "@", essa pequena maravilha deste novo século - mas fica para depois.

Depois de ouvir a canção "je veux" decidi afinal escrever. Logo à cabeça veio a palavra "tragédia", que não estando na ordem do dia, é possivelmente a palavra que entra no nosso subconsciente sempre que vemos as noticias em Portugal.

Poderiamos dizer que estamos a viver uma tragédia, no entanto é para mim uma falsa tragédia. Um tragédia é a perda de alguém próxima, uma despedida sem retorno, uma morte eminente, uma doença incurável, ou tantas outras coisas que nos fariam sentir perfeitamente demolidos. E mesmo aí existe sempre um pedaço de esperança de continuar, de fazer algo enquanto se está vivo.

Bem sei que nos próximos tempos vamos perder dinheiro, adiar sonhos ou mesmo reformular as nossas vidas. Mas isso não é nenhuma tragédia, nem motivo de pessimismos É apenas motivo para respirarmos fundo, olhar os problemas de frente e enfrenta-los de cabeça erguida.

Eu sei que falo de um posição favorável, afinal os meus sonhos dependem principalmente de mim, do que faço, mas não será assim com todos?

P.S. Esta foi a música que me inspirou:


Back to school...

É uma estranha sensação. Passou quase uma década desde que me poderia considerar um "aluno". Na realidade continuei sempre "aluno", mas de uma outra escola.

Voltar a sentar-me numa secretária de aluno foi uma experiência paradoxal. Por um lado foi um recordar de uma outra altura, por outro foi um confirmar que o tempo passa mesmo sem darmos conta. Estava dentro de mim o espirito do aluno que já fui e da pessoa que sou hoje.

Algumas coisas não mudam. O nervosismo que sempre tive a começar um novo ano lectivo ainda lá estava. Aumentado pelo facto de ser um extra-terrestre naquele planeta. Outras são novas. A distância para com o professor desaparece, já não é um "ente" superior, mas alguém com quem tu aprendes e que te avaliará no final.

Por agora tudo ainda é muito estranho, pelo que neste momento ainda estou a incorporar todas estas (re)novas sensações...

Metamorfoseando...

Nascido, crescido e aparecido. É assim que me sinto. Metamorfoseando ao longo destes anos, sinto que esse processo chegou ao fim. E é uma estranha sensação que me preenche hoje...

Uma sensação de conquista, sem ter conquistado nada. O início de um longo e incerto caminho. Apenas mais um passo. Mais uma etapa. No entanto, e por mais etapas que tenha atravessado, nenhuma é como esta. "Agora é a sério!" digo-o a mim próprio, talvez para marcar o momento.

Futebol e a vida...

Hoje é dia de clássico! Começa-se a preparar o "evento", amigos juntam-se à volta de um ecran, adeptos aprumam os seus acessórios e vozes. E a capital transfigura-se...

Gosto especialmente deste dia. Sente-se uma rivalidade sã, mas mais do que isso as pessoas perdem um pouco da sua timidez, e um tema - 22 jogadores e uma bola - passa a ser a linguagem comum que rompe as barreiras do dia-a-dia. Não existe novo nem velho, não existe pobre nem rico, apenas esta salutar vivência.

Sempre gostei de futebol, quer o visto, quer o jogado. Ao contrário do que algumas "elites" por cá pensam, o futebol é algo simplesmente fantástico. É pura emoção, mas mais que isso é um belo paradigma de vida.

Muito do que sei hoje, aprendi em campos de futebol improvisados. Quer fosse um patio de escola, um pedaço de estrada, ou mesmo um terreno inclinado, só precisávamos de um bola e a realidade dura à nossa volta era esquecida.

Depois de ter crescido - ok, não muito - e de ter ganho outros interesses, é que reparei que muitos escritores se debruçam sobre temas da sociedade escrevem manuais que qualquer ser humano pode apreender num jogo de futebol. O respeito, a liberdade, o individuo e o colectivo, e outros temas conexos, tudo isso aprendi, não em manuais, mas com uma simples bola e um jogo de futebol.

Quero a "fucking word"...

(1) Nota inicial: Parental Advisory Explicit Content

Fodasse!!! Será que não encontro a merda de um video que não esteja censurado! Ando à procura de músicas no youtube, e tudo o que aquele caralho de site dá, são videos em que a palavra "Fucking" ou "nigga" é substituido por um som ou um silêncio fodendo por completo a música. Puta que os pariu!!!

(2) Nota Intermédia: Versão Censurada

"#$#"$!!! Será que não encontro a #&%$% de um video que não esteja censurado! Ando à procura de músicas no youtube, e tudo o que aquele #""$%$# de site dá, são videos em que a palavra "#$#$"#" ou "%&#$$$" é substituido por um som ou um silêncio %$&@@ por completo a música. #$"#$#" que os %$&%#"#!!!

(3) Nota Final: Approved for all audiences

Raios!!! Será que não encontro um video que não esteja censurado! Ando à procura de músicas no youtube, e tudo o que aquele estúpido site dá, são videos em que algumas palavras são substituidas por um som ou um silêncio lixando por completo a música. Vão mas é dar uma curva!!!

P.S. Julgo que não faz sentido algum censurar o quer que seja. O estilo é definido pelo autor, e às editoras compete apenas transmitir o que é feito, isto é, a obra integralmente. Quem ouve/lê/vê é que escolhe se "consome" ou não determinada forma de arte. Nunca percebi a justificação à volta da censura de determinadas palavras. Se alguém souber, por favor explique-me...

Pensamentos soltos

Por vezes dá-me para isto! Para não ter uma linha de raciocinio lógico. Talvez seja fruto de uma mente dispersa, ou de ter vários interesses. Ultimamente tenho pensado bastante na vida, nas opções e o que representa viver. Obviamente não cheguei a nenhuma resposta. Não sei se algum dia chegarei. Tal questão leva-me a olhar à minha volta, a olhar para os pormenores e principalmente a observar. E é o processo, mais que a resposta em si, que gosto.
No fundo ainda sou aquela criança que tenta aprender a interagir com o seu meio envolvente. Tropeço muitas vezes, magoo-me, mas volto sempre a levantar-me e a tentar uma vez mais.

Actualmente faz-me confusão o motivo pelo qual criamos ódio ao desconhecido, ou porque é que gostamos tanto de encaixotar pessoas em grupos. Sei que é a forma mais simples de estarmos seguros quanto ao nosso mundo, mas é também uma forma bastante cruel, e por vezes mesmo mortal. Os imigrantes em França começam a descobrir isso, tal como os judeus já descobriram ao longo da sua história.

Este pensamento leva-me a outro. Quando é que a morte entra na nossa vida? Isto é, a partir de quando a morte começa a ser uma opção para os problemas? Talvez seja sempre desde o início. Talvez seja ainda fruto de um instinto territorial que temos. Não sei. Só estranho o facto de que a partir de certa altura passamos a aceitar a morte como opção. Algo que não acontece em criança. Não digo que uma criança não tenha a capacidade de matar, porque tem. No entanto nessa fase a morte não é uma opção, mas apenas uma consequência de um acto. Em adulto muitos vezes é algo racional - por exemplo a decisão de uma guerra - e isso ainda me deixa muito confuso.
Mais uma coisa que apenas consigo questionar e não responder.

E de este pensamento vou para outro, como um sapo salta de pedra em pedra sem nenhum objectivo claro. Quando é que uma pessoa se considera adulto? Será que existe um momento em que existe uma epifania e dizemos: "eu já sou adulto!"? Para mim a vida tem sido um acumular de experiências e aprendizagem, nada mais que isso. Sou tão "adulto" como era aos 16 anos...
Talvez seja defeito meu, não sei, mas também agora não interessa nada...

A noite

Sempre gostei da noite. O lado obscuro do dia é por vezes mais iluminado que o seu lado solar. É tempo de celebração, de convivio, de descanso ou simplesmente de um bom momento. Espaço para jantaradas, copos e muita alegria. Tem uma componente misteriosa. Gosto dos seus sons.

Hoje a noite trouxe-me sorrisos, boa disposição, recordações e um matar de saudades. Passei o meu tempo ao lado de pessoas com as quais partilhei muito da minha vida. Um vida que decidiu seguir rumos diferentes. E que depois de muitos dias de ausência decidiu cruzarem-se uma vez mais à noite.

Agora celebro a noite, esta noite e as noites que virão. Que traga tão bons momentos como os que tenho passado nestas noites que passaram...

Assustado (...ou vão dar uma curva!!!) - Sim, é sobre o Islão!

Bastou um maluco com uma seitazinha ter uma ideia parva para se desencadear vários debates sobre o islamismo no mundo ocidental e ocidentalismo no mundo islamico. Ora desde que cheguei à blogosfera que discuto este tema. Tanto, que por vezes chega a ser cansativo estar a repetir a ideia - que me parece simples - que o radicalismo é estúpido independentemente de onde provém.
Pior do que isso, é ver tantas pessoas repetirem-me que o Islão é o demónio, os muçulmanos são terríveis, e que temos ter muito cuidado. E se não é o Islão, são os imigrantes e se não são os imigrantes são os ciganos, etc...

Ora eu sei um bocadinho de história - coisa pouca - para ter uma enorme sensação de deja vu quanto a este discurso. Um discurso que é crescente e que me deixa francamente assustado. Só para se ter uma noção, quando cheguei à blogosfera, para encontrar este tipo de discurso fóbico tinha de procurar pelos cantos escuros deste espaço internautico. Hoje virou mainstream, as pessoas já nem sequer têm vergonha de pensar dessa forma.

Ora, apesar de assustado (pois não é dificil de prever o que isto vai dar), o que eu quero é que os intolerantes vão dar uma curva, e de preferência para bem longe dos meus ouvidos. Que levem na bagagem todos os argumentos preconceituosos e façam boa viagem!!!

A música (So Here We Are)

Posso dizer que nos ultimos dias tenho entrado num pequeno paraiso musical. Um espaço de descobertas e redescobertas e de muitas emoções. Voltei a vibrar, a sentir e a emocionar-me com pequenos acordes e grandes letras. Coisas simples e inexplicáveis.

Por vezes esqueci-me de entrar neste mundo, ouvia mas não via. Comprometido a viver uma vida de adulto, a música passou a ocupar um lugar secundário, um porto de abrigo passageiro. Uma vida moderna cheia de obrigações e problemas, mais imaginados que reais.

E depois, numa altura de mudança, quando nada poderia prever, eis que a música inrompe uma vez mais na minha vida. As emoções retornam, os acordes fazem de novo vibrar todas células do meu corpo, e este mundo volta a estar aberto para mim...
P.S. Dedicado a ti...


O radicalismo da fome

Dei-me por estes dias a discutir o radicalismo e a forma de o evitar. Muitos argumentos foram dirimidos, exemplos foram dados e chegou-se a algumas conclusões. Tal debate levou-me no entanto a pensar em algo um pouco paralelo: porque é que o radicalismo tem muitas vezes suporte nas bases mais carenciadas?

Tipicamente responde-se com a falta de cultura ou conhecimento. É a resposta chapa 5 para resolver este dilema. Uma forma simples (e diria radical) para explicar este facto.

Mas, pessoalmente, é uma resposta que não me deixa satisfeito. E quando não estou satisfeito vou à procura de mais respostas... E de neurónio em neurónio fui ter à fome - Ok, isto tem a ver com o que escrevi anteriormente, não percam a paciência que já vão entender.

Já alguém sentiu fome? Eu já, e acredito que quase toda as pessoas já o sentiu. Não sei se acontece convosco, mas quando começo a ficar com fome começo a ficar mais irritadiço. Fico mais nervoso e muitas vezes mais brusco. Se por acaso a fome começar a apertar ainda mais, então os meus pensamentos começam a se concentrar apenas numa coisa: comida!

Ora se tiver com fome e tiver num restaurante existe outra coisa que me acontece: não consigo escolher. Olho para o menu e procuro a resposta mais simples que satisfaça a minha necessidade. Se tiver muitas opções, e forem todas equivalentes, pura e simplesmente não consigo escolher. Se alguém escolher por mim, optimo! Trata-se da opção mais eficiente para satisfazer esta necessidade.

Nestas alturas quero lá saber de filosofias, ou que quer que seja, quero é comer.

E isto não é de estranhar. Afinal numa situação "selvagem" seria natural que o meu corpo reagisse desta forma. A procura de comida é possívelmente a actividade mais básica que um animal executa. Nesse sentido tem lógica que numa situação de fome, o nosso corpo se concentre na actividade de procurar comida e procure a solução mais simples e eficiente para o fazer. Se tivesse que dizer, todo o nosso corpo (mente incluida) está programada para mudar o comportamento nesta situação, tal é a importância de ter sucesso nesta actividade.

Mas será que ainda faz sentido falar-se em fome na sociedade de abundância como a nossa?

Antes demais a sociedade de abundância é também uma sociedade desigual, pelo que mesmo na nossa abundância existe muitas pessoas passam fome, ou pelo menos passam um periodo de fome ao longo do dia. Depois, porque na minha opinião, não é apenas a fome que desperta actualmente este instinto de sobrevivência. Por exemplo um orçamento limitado, obriga uma pessoa diariamente a ponderar diversas opções. A incerteza de futuro também.

Tudo isto são caracteristicas que as camadas mais pobres têm. Neste contexto - fome, mente ocupada e cenário de incerteza - o que uma pessoa quer são respostas simples e eficientes (tal como no caso do menu).

Ora é aqui que o radicalismo entra. Se existe algo que os radicais fazem com uma elevada mestria é simplificar o mundo e as opções. Qualquer radical (de que credo for) torna o mundo simples - branco ou preto - pelo que, se as camadas mais desfavorecidas percepcionarem que lhes é benéfico, não vão ponderar outra opção: escolhem a mais simples e eficiente para eles.

É por isso que o radicalismo tem tanto suporte nas camadas mais desfavorecidas e é neste campo que os moderados vão ter de aprender a simplificar o seu discurso. Com a crise mundial, o empobrecimento da população e o desaparecimento da classe média, compete aos moderados não permitir que se cometam os mesmos erros que os radicais cometeram no passado.

O seculo XX mostrou-nos que a unica altura em que a solução dos moderados era simples e entendível por todos foi depois de uma grande tragédia ter acontecido devido aos extremismos europeus. Espero que os moderados do século XXI tenham aprendido a lição...

Espaço em branco

Existem muitos espaços em branco. Como o desta página em que coloco os meus caracteres. E em dias, como o de hoje, torna-se dificil preencher esse espaço. A minha cabeça pensa em diversos temas que prentendia colocar aqui. Poderia ser o aguardado desfecho do caso Casa Pia, poderia ser o Avante, ou num registo mais pessoal poderia ser uma viagem, ou simplesmente o meu estado de alma.

No entanto não me apetece. Olhei para o espaço em branco e ele disse: "Não! Chega de utilizares isto apenas para ti e para os teus pensamentos. Também tenho uma existência e quero ser, por uns breves momentos, o centro das atenções dos caracteres que me ocupam!"

E por isso escrevo este post, com nada mais do que um tributo ao espaço em branco. No fundo aquilo que precisamos para avançar, para existir neste espaço, e que sempre o negligenciamos. Sem espaço em branco certamente não existiria nenhum destes artigos, e muito menos tantas ideias, emoções e aventuras espalhadas por todos os espaços que já foram em branco.

O dia da saia (La Journée de la jupe)

Uma professora, uma turma, uma arma. É esta a história deste filme. Ou melhor é esta a história que interliga todas as outras que nos são contadas. Existem filmes que dão uma realidade. Muitas vezes nem isso, dão apenas uma face dessa realidade.

Neste, com a brilhante interpretação de Isabelle Adjani, é nos servido várias realidades, de uma forma neutra e simples. Não pega em estereotipos, apresenta-nos personagens reais.

Numa época em que muito se fala de cultura islâmica, imigração e ensino público este filme dá-nos um pequeno vislumbre dessa realidade sem nunca nos empurrar para nenhum dos lados da história.

Simplesmente a ver!