Afinal ele não era corrupto, apenas estupido...

Ouvi hoje que afinal a pessoa que tentou subornar o Sá Fernandes foi absolvido na Relação.

Honestamente nem sei o que dizer sobre isto. Poderia ter um discurso catastrofista mas honestamente não me apetece.

Prefiro antes utilizar uma outra abordagem. Visto que ficou provado que não foi suborno pois o Sá Fernandes não tinha poder, pela primeira vez chamar alguém de estupido fundamentando-me numa decisão no tribunal. É que é preciso ser-se incrivelmente estupido para se oferecer 200.000 eur a uma pessoa para facilitar num negócio quando essa pessoa não tem poder para tratar desse assunto. Aliás esta pessoa vai para além da pura estupidez. Este acto revela uma inteligência digna de uma barata. Pensando melhor peço desculpa a todas as baratas por esta comparação abusiva!

A unica coisa positiva desta situação toda é que abre um mundo novo na arte de insultar pois se até agora tinha que medir as minhas palavras para não ser processado em tribunal agora posso utilizar um processo em tribunal para insultar. Já que os tribunais deixaram de ter utilidade em termos de justiça é bom saber que ainda mantêm alguma utilidade.

Da propriedade privada (I)

Julgo que na actualidade não existe conceito mais utilizado e menos entendido e debatido que este. Ele serve para separar ideologias, defender medidas, confirmar conceitos. No entanto o que é propriedade privada?

Como já sabem eu sou um leigo nestas materias. E também também já sabem que tal não me impede de escrever sobre tais assuntos. Assim eu diria que a propriedade privada é algo que é detido em exclusividade, ou quase exclusividade, e que o mesmo individuo poderá fazer com esse algo o que quiser desde que tal acção não interfira com a esfera de liberdade de outro individuo. Não sei se é a definição mais correcta mas é a que melhor espelha o meu conceito de propriedade privada.

Se olharmos para a nossa história poderemos verificar que o alargamento da propriedade privada foi uma enorme conquista no sentido de uma maior liberdade e exercício dessa liberdade. Não vai muito tempo que apenas uns quantos teriam direito a deter uma propriedade privada.

Dito isto avanço para o que considero ser um dos grandes equivocos que existe actualmente acerca deste conceito. Para muitos o conceito de propriedade privada não é um conceito positivo (com isto quero dizer como conceito que sobrevive por si próprio) mas sim negativo (com isto quero dizer um conceito que depende de um outro para existir). Isto é, para muitos propriedade privada é tudo o que não é propriedade do Estado. Para agravar, este a aceitação desta definição saiu reforçado porquanto no ultimo seculo a luta ideológica foi a da guerra fria.

Se é verdade que reconheço que o direito de propriedade privada se opõe, em grande medida, à propriedade colectiva, para mim é profundamente errada que a propriedade colectiva é necessariamente estatal. Aliás se repararmos bem vivemos uma massificação da propriedade colectiva em contraposição da propriedade privada.

Já poucos são os individuos que detem meios de exploração por exemplo. E com este colectivização acontece uma vez mais o esmagamento do individuo e da sua liberdade. Se olharmos para os ultimos anos nunca o individuo viu os seus direitos serem suprimidos com tanta facilidade e legalidade como actualmente. E o mais irónico é que este movimento tem sido alimentado por quem mais apregoa defender o individuo...

"Solidão" by Jassie Pieme

"É interessante como vivemos numa sociedade em que a solidão é o bem mais transacionado. Ela vem numa caixa rectangular a que chamamos de televisão, vem no estado liquido a que chamamos de alcool ou então é materializado no corpo de uma prostituta, ou prostituto, com duração de uma hora. Ela está presente nas nossas conversas vazias, nos nossos transportes publicos ou dentro dos nossos mui estimados automóveis. Ela está neste caderno e nesta caneta. Ela está nos meus olhos que se ocupam a verificar a solidão nos olhos das outras pessoas."

Extrato de texto da autoria de Jassie Pieme

Raquel Freire, o clítoris e a polémica…

Parece que em plena Antena 1 num programa de manhã a Raquel Freire disse, no contexto desse programa:

“(…) Deixo um desafio a todas as mulheres que me ouvem: descubram o vosso clítoris, daqui até à próxima semana. E masturbem-se. E vejam como é bom. E queria terminar com um convite aos homens: quando estiverem com uma mulher, descubram o clítoris dela. E percebam. Acho que no século XXI já é preciso que as mulheres e os homens saibam que existe um orgasmo feminino e que ele é tão importante e maravilhoso numa relação sexual como um orgasmo masculino (…)”

O que, ao que parece, fez com que um ouvinte protestasse afirmando que:

“Hoje, às 09h 50, dia 16 de Março, ouvi a senhora Raquel Freire a dizer na rádio pública para as mulheres se masturbarem uma vez por dia. Repito: às dez da manhã. Acabam de perder um ouvinte. Vocês não têm respeito pelas crianças. Essa senhora devia ser despedida. Ou retratar-se. É escandaloso este tipo de serviço público. Como se explica isto a uma criança que está a ouvir rádio? Repito: cá em casa ninguém ouve mais a Antena 1. (bolds da minha autoria)

Ora antes de abordar este protesto, gostava de referir que o que a Raquel Freire fez foi um acto de altruísmo. Pelo menos é o que apelido a alguém que dá um conselho, bom ainda por cima, sem esperar nada em troca e sem que lhe fosse exigível o mesmo. É verdade que preferia que esse mesmo acto fosse inútil por já não existir essa necessidade, no entanto reconheço que ainda não vivemos nessa momento.

Posto isto gostaria então de comentar este protesto, ou pelo menos partilhar o que penso do mesmo. A primeira parte intrigante para mim é alguém considerar o que aconteceu ser “escandaloso”. Numa fase em que a palavra escândalo, e seus derivados, está em alta, não consigo associar essa palavra às palavras que a Raquel proferiu.

Outra coisa intrigante é o pedido de retratação que este ouvinte faz (sobre o pedido de despedimento não é intrigante. É simplesmente parvo). Uma pessoa para se retratar teria que ter feito algo de errado. E o que é que o ouvinte viu de errado? Será que a masturbação é algo de errado? Será que o próprio ouvinte não se masturbou? E tendo feito acha que fez alguma coisa de errado? Será que o pedido que a Raquel fez é algo de errado? A única coisa de errado é que esse pedido ainda faça sentido no século XXI, pois julgo que cerca de 10.000 anos de humanidade seria suficiente para o ser humano (homem ou mulher) descobrir o clítoris e a importância do mesmo para o prazer. Será esse prazer errado? Não estou a ver como…

Passemos então à terceira coisa intrigante para mim, a questão das crianças. Parece-me que esta foi o centro do problema para este ouvinte, pelo menos pelo que disse. E é isto que não entendo. Será que ele não tem o mínimo de discernimento para perceber que o publico alvo desta estação não é propriamente as crianças? Por outro lado de hora a hora lá vem as noticias, que contém informação bem violenta para uma criança. Será que isso também devia de ser censurado? Aliás por que raio é que a ignorância é a melhor forma de educar uma criança? Não deveria a pedofilia, o roubo, o assassinato serem temas mais difíceis de explicar a uma criança?

O meu agnosticismo/ateísmo...

Chamaram-me à atenção numa discussão que a minha posição não era ateista mas sim agnóstica. E em boa hora o fizeram pois tal reparo fez me ir procurar o significado de agnóstico e efectivamente a posição que tinha descrito era efectivamente agnóstica e não ateista. No entanto, ao ler as definições, também não me enquadrava na sua definição. Assim resolvi escrever este post para explicar a minha posição relativamente a esta temática.

Começando pela grande questão: existe ou não um deus? Ora eu não consigo responder a esta questão, e desconfio da pessoa que me diz saber a resposta. No entanto a minha relação com esta pergunta é identica a que terei se me perguntarem se existem ou não lobisomens, se 90% do universo é constituido por algodão doce, se existe ou não um coelho da duracell no espaço a comandar os nossos destinos. Qualquer uma destas afirmações é impossível de ser provada se é falsa ou verdadeira pois essa dúvida existirá enquanto existir imaginação humana.

E é esta imaginação humana que me leva ao segundo ponto da minha relação com a religião. É que enquanto a existência de Deus é algo que eu nem concordo nem discordo (honestamente é me irrelevante) já a religião é um fenomeno em grande medida humano, e de tudo á volta deste tema o mais humano que existe é a sua organização que vulgarmente chamamos de igreja.

Se isto é ateismo ou agnosticismo não sei. É pura e simplesmente a minha posição perante esta temática.

A Retórica do "Cardume"

Durante bastante tempo nunca consegui agarrar uma forma de argumentação que, embora conseguisse saber exactamente o que era, não tinha encontrado uma imagem ou palavra que resumisse essa mesma táctica de argumentação.

Essa argumentação, normalmente aplicada na defesa de determinadas instituições, consistia em atribuir as qualidades positivas à Instituição em si e as negativas aos elementos particulares dessa mesma Instituição (embora seja utilizado para se defender conceitos, nesses casos não apresenta a mesma eficácia).

Assim esta retórica apresenta o mesmo comportamento de um cardume, que quando quer apresentar força apresenta-se como um todo quase indivisível. Nesse momento não existe indivíduos mas apenas a Instituição. No entanto se esse todo é atacado (neste caso por um argumento), o todo quebra-se na zona em que foi atacado, podendo sacrificar algumas das suas unidades individuais para elevar a sobrevivência do cardume. Assim assistimos à individualização dos elementos do cardume no momento desse ataque.

Tal retórica é bastante visível por exemplo nas discussões sobre a ICAR. Quando se trata de falar dos benefícios que a mesma tem na sociedade, os seus indivíduos são incorporados no todo e falam na ICAR (o “cardume” neste caso), quando se fala de acções negativas (p.e. encobrimento dos actos de pedofilia) então argumenta-se que é acção do individuo/indivíduos que tal não espelha a verdadeira natureza do mesmo.

O problema típico desta linha de argumentação é que a mesma falha, quase sempre, na coerência racional (ou dita de uma forma mais prosaica, é um argumento irracional). Seguindo ainda o exemplo que dei anteriormente, se a pessoa argumenta que a acção reside no todo, então ela, independentemente de ser uma acção positiva ou negativa, tem de se manter no todo para se manter um argumento coerente. Se por outro lado o argumento é que a acção é individual, então ela tem de se manter a nível individual ao longo da argumentação sob pena de se tornar um argumento incoerente e ilógico.

Ainda sobre a discussão icariana...

Uma das coisas que achei piores nalgumas reacções á volta da polémica da ICAR e dos casos de pedofilia foi a tentativa de colagem dessas criticas ao laicismo. Ora tal só me parece normal por em Portugal não ser habito a discussão á volta da religião. Se esta existisse seria obvio para todos que o termo utilizado não deveria ser laicismo mas sim ateismo.

É que enquanto um laico poderá ter uma religião um ateu por definição não a tem.

Outra coisa que não entendo é porque é que eu sendo ateu, tal me proibe de criticar a ICAR, o seu modo de funcionamento e o seu impacto na sociedade. Até julgo que essa minha posição me permite ter uma posição mais isenta (visto que estou do lado de fora) e racional que um religioso possa ter.

Mas enquanto uma pessoa religiosa entender qualquer critica como um ataque tal debate nunca terá espaço para ocorrer. Este é apenas um dos muitos sintomas que Portugal em algumas coisas ainda está muito atrasado, e desconfio que neste caso nem de TGV lá chegamos

Kurt is dead...

Faz hoje anos - muito honestamente não sei quantos - que Kurt Cobain morreu. Não me recordo o que estava a fazer quando ele morreu mas recordo-me de como eu soube da noticia. Tinha voltado do café e liguei a televisão e foi a primeira coisa que vi. Na altura não existia internet, nem sequer telemóveis pelo que as noticias espalhavam-se mais lentamente. Recordo-me de pensar que algo tinha morrido com ele. Nunca fui de ter idolos, e muito menos de idolatrar alguém, pelo que senti na altura não foi a morte de uma pessoa, mas antes a morte de algo que eu não sabia definir muito bem.

Passado tanto tempo julgo que o que morreu foi o direito à depressão. Morreu também um estilo de vida "artistico". Desde essa altura que drogas, bebidas e depressão está fora da música. A partir desse momento nunca mais a industria permitiu alguém irreverente chegar lá. Tudo passou a ser mais formatado.

Não quero dizer com isso que foi o fim da boa música, essa continue a existir, no entanto morreu, talvez naquele dia, os sentimentos que apenas conseguem ser expressos com aquela maneira de viver.

Critíca à ICAR

Quase que parece uma contradição utilizar estas duas palavras juntas na mesma frase. No entanto elas nunca fizeram tanto sentido como agora. Obviamente refiro-me aos multiplos casos que têm vindo a publico sobre pedofilia e sobre a actitude que tem vindo em crescendo de reacção às inumeras acusações de pedofilia e encobrimento desses casos.

De agressor a ICAR quer actualmente passar a vitima, vendo nestas criticas um ataque à sua instituição. A estratégia não é nova e não é aplicada apenas em exclusivo pela ICAR. Normalmente é seguida por quem quer desviar a discussão para um campo diferente daquele em que a discussão está.

Um dos problemas dessa estratégia é que a mesma é contraproducente exactamente no campo onde a ICAR quer demonstrar a sua autoritas: o campo da moral. Dado o teor do assunto, não existe acto mais imoral do que o de transformar acusações de pedofilia e encobrimento de pedofilia em ataques à ICAR. Este tema é demasiado sensível para que seja manipulado desta forma.

Mais, numa instituição com regras tão particulares como a que a ICAR tem, deveria ser alvo de uma profunda reflexão e serem tomadas medidas para evitar que tais episódios voltem a acontecer. Não se pode apagar os factos, e muito menos se deve silenciar estes actos, ou ignorar que tal tema assume inportância central na vida da ICAR. Por exemplo a forma como o Cardeal Policarpo reagiu à perguntas do jornalista foi no mínimo indigna de tal representante. Mais, numa altura em que é assumido pela própria ICAR que existe uma taxa de pedofilia nos seus membros, seria muito importante a própria ICAR fazer um levantamento dos casos que ocorreram em Portugal, dado a sua forte presença por cá.

Não se trata de todo de um ataque à ICAR ou aos seus representantes, mas sim tomar a decisão responsável para que não exista mais crimes como os que já ocorreram. E uma coisa eu sei, o tempo é um bem escasso, e enquanto a ICAR escolher gastar o seu tempo em defender-se de ataques imaginários, é tempo que não utiliza na prevenção de novos casos.

Utopiando...

Fiquei surpreendido ao ler que o ocidental que visitou Utopia era português. Tenho de confessar que foi uma optima escolha do escritor pois não consigo imaginar povo mais utópico por esta Europa fora.

Posto isto tenho de confessar que foi uma agradável surpresa ler esta história. Primeiro porque já construimos algumas das instituições que antigamente só existiam naquela ilha. Depois porque fiquei com a sensação que até prefiro viver na minha utopia actual.

É certo que ainda existe muito para construir um mundo mais utópico, mas como dizia o outro o caminho faz-se caminhando.

Não podia terminar sem dizer que me pareceu que os comunistas foram buscar muita, mas mesmo muita, inspiração a este livro. Só tenho pena que o autor não tenha revisitado a utopia pois assim poderia ter alertado os comunistas para alguns dos problemas que já estavam implicitos neste livro, o que evitaria muitos dos erros cometidos pelos mesmos.

Teste

Desculpem estar a chatear com posts que não interessam. Mas tenho de entender como ponho isto a funcionar. Acabei de perder mais um post.

Até parece uma conspiração pois são os de texto...

Vamos ver se é desta.

ok já consegui fazer o copy paste. pelo menos já não perco os textos...

Estou lixado...

Estou lixado. Já perdi três posts escritos no telemovel. Será que é desta que sai...