Ainda sobre a discussão icariana...

Uma das coisas que achei piores nalgumas reacções á volta da polémica da ICAR e dos casos de pedofilia foi a tentativa de colagem dessas criticas ao laicismo. Ora tal só me parece normal por em Portugal não ser habito a discussão á volta da religião. Se esta existisse seria obvio para todos que o termo utilizado não deveria ser laicismo mas sim ateismo.

É que enquanto um laico poderá ter uma religião um ateu por definição não a tem.

Outra coisa que não entendo é porque é que eu sendo ateu, tal me proibe de criticar a ICAR, o seu modo de funcionamento e o seu impacto na sociedade. Até julgo que essa minha posição me permite ter uma posição mais isenta (visto que estou do lado de fora) e racional que um religioso possa ter.

Mas enquanto uma pessoa religiosa entender qualquer critica como um ataque tal debate nunca terá espaço para ocorrer. Este é apenas um dos muitos sintomas que Portugal em algumas coisas ainda está muito atrasado, e desconfio que neste caso nem de TGV lá chegamos

2 comentários:

EJSantos disse...

Quando falamos de religiões é muito dificil ser-se isento. Mesmo para um agnostico ou para um ateu.
Reli, recentemente, um livro de história que descrevia algumas das barbaridades cometidas pela ICAR no passado. Também li outro livro, de Rodney Stark, que defendia que a ICAR foi um motor de desenvolvimento economico e técnico durante a idade média.

Bem, sem querer negar méritos da ICAR em muita coisa (Stark fala disso), não é possivel passar uma esponja por muita coisa grave que foi cometida, nomeadamente o fanatismo e a intolerância religiosa. Sem esquecer a tremenda sede de poder, com todas as consequencias que isso acarreta.

O que acaba por me irritar sobejamente é a mania da ICAR considerar-se detentora do monopolio da verdade e da moral. Dá vontade de lhes gritar aos ouvidos: os ateus e a maioria dos pagãos não tinha a mania de queimar pessoas vivas. As antogas religiões eram muito mais tolerantes. Nem se consideravam donas da verdade.

Enfim, quando parecia que a instituição estava a ser domesticada pela sociedade, eis que surge os escandalos da pedofilia. E não há minima vontade de encarar o problema com honestidade e coragem.

Anônimo disse...

"Enfim, quando parecia que a instituição estava a ser domesticada pela sociedade, eis que surge os escandalos da pedofilia. E não há minima vontade de encarar o problema com honestidade e coragem."

A questão (aliás como demonstra a actitude de "Verdade" e moralista da ICAR) é que a mesma nunca será "domesticada" pois essa caracteristica está no seu ADN. Nem mesmo nas Igrejas estruturadas de forma mais "democrática" (protestante e muçulmana) tal ocorre.

No fundo as Igrejas são o que as sociedades permitam que sejam, e a nossa tem o problema de confrontar pouco e não delimitar limites à mesma.

Enquanto não existir uma consciencilização do foro privado da religião, a mesma irá sempre arrogar-se acima da sociedade, como demonstra esta actitude.

Ab,
Stran