E agora, Daniel? O Silêncio!

Escrevi aqui algumas questões que gostava de ver esclarecido. No entanto o Daniel não respondeu, ou melhor respondeu com o silêncio.

Este silêncio é sintomático do que actualmente acontece no mundo político em que se insere. Um silêncio sufocante que estrangula aquelas pessoas que não são mais que simples pessoas. Julgo que as dúvidas eram legítimas e que no mínimo um “não posso responder” bastava.
Bem, talvez seja o preconceito que me faz escrever estas linhas, o preconceito de quem imagina que você leu o meu comentário no seu blogue mas, vindo de quem vem, julgou que não valia a pena responder. Este preconceito nasce de quem já o viu responder a questões levantadas de menor valor, simples provocações, mas que eram provenientes de pessoas que tinham mais visibilidade.

Assim, embora tenha um estilo diferente, não deixa de cometer o mesmo erro que os nossos políticos, aliás da sociedade em geral comete: o de não ouvir quem é pequeno, quem está por baixo. Nós que apenas temos uns “blogues de vizinhos”, com poucas visitas.

Julgo que a mensagem politica e a própria politica deveria ser feita para pessoas como nós, que estamos afastadas dos microfones e não para os media, para os jornais ou simplesmente para blogues com mais visitas.

Este é o silêncio que faz com que haja um “nós” e um “eles”, que afasta pessoas da política e que os deixa num estado crescente de desespero. Desespero de quem olha à volta e não vê mais ninguém que pessoas iguais a ele próprio, impotentes para provocar uma real mudança, mas perfeitamente conscientes do que está a acontecer à sua volta!

Obrigado à mesma pela disponibilidade de publicar este e o outro comentário, e peço desculpa adiantado caso me tenha enganado no meu julgamento!

Engº Soundbites

Nada daria mais prazer a um Primeiro-ministro do que receber boas críticas quando faz uma entrevista. Uma entrevista que serve para fazer um resumo de três anos de governação. No entanto isso não é possível. E não é possível porque a entrevista começou com uma meia verdade. Uma meia verdade que faz sofrer mais de 400.000 portugueses. Falo do desemprego. E não existe nada mais injusto que dar como positivo a criação de postos de trabalhos quando em termos efectivos existem mais desempregados do que quando o Primeiro-ministro iniciou a legislatura.

Depois veio a economia. E na economia o Primeiro-ministro esteve bem e devemos lhe dar os parabéns. A meta do deficit foi atingida e o crescimento económico embora baixo é positivo e suportado nas exportações. Não se deve correr o risco de criticar por criticar e neste campo, embora exista espaço para criticas, o trabalho deste governo tem sido positivo. E tem sido positivo ao ponto de fazer esquecer o horror que existia antes de ele tomar posse.

Veio então os temas da educação e da saúde. E nestes temas alguém devia avisar o Primeiro-ministro a ultrapassar além dos preâmbulos da lei, isto é, além das intenções. Intenções estas que são positivas mas que não estão reflectidas na prática. A reforma que a nossa Ministra da Educação tanto se orgulha é uma reforma que não institui melhores praticas mas rateia os professores consoante as suas cores politicas. E esta nova escolha de director não faz mais que criar um novo cargo político. E não faz mais do que criar um novo cargo político pelo seu método de escolha. Quanto à saúde não se deve criticar a intenção de aumentar a qualidade e produtividade dos serviços. E ninguém em consciência pode afirmar o contrário, no entanto e como vem sendo hábito não basta decidir, há que decidir bem. E decidir bem não significa implementar uma mudança e ficar à espera dos erros para os corrigir, não numa área em que um erro pode custar a vida de uma pessoa.

E para finalizar, uma questão que deixo ao Primeiro-ministro: relativo aos projectos que assinou, tem orgulho de se associar àquelas obras? É essa a sua visão de urbanismo em Portugal?

[P.S. ficou aqui a minha visão da entrevista de ontem. Como vêem não é difícil falar à Primeiro-ministro. Basta utilizar e abusar da construção de frases tipo: A-B. B-C. e juntar uma quantidade mínima de chavões tipo: “Não há nada que dá mais prazer a um Primeiro-ministro do que…” ou outras do género.]

E agora, Daniel?

Escrevo-lhe esta carta aberta (o termo mais correcto será “post aberto”) na esperança de obter uma resposta da sua parte.

O Daniel é autor do blogue Arrastão, comentador do Eixo do Mal, cronista do Expresso e militante do Bloco de Esquerda. É nesta ultima condição que lhe escrevo.



Votei no PS nas últimas eleições. Votei convicto que Sócrates representava a melhor alternativa, mas mais do que isso votei a pensar que finalmente tínhamos um politico capaz de promover alterações e melhorar as condições de vida em Portugal. Fiz parte daquela enorme massa de eleitores que votaram predispostos a fazer sacrifícios para que existisse reformas que sustentassem um Estado de Esquerda.



No entanto, passados estes três anos sei que me enganei. Na minha opinião, o PS não implementou as reformas necessárias mas as reformas de cosmética que apenas servem para reorganizar o estado de forma a assegurar cargos políticos para membros militantes do PS afectos não ao aparelho político do PS mas sim de Sócrates. Aprendi a ouvir o nosso Primeiro-ministro para além dos soundbites estridentes mas vazios de real conteúdo.



Aprendi e compreendi que é preferível não fazer nada do que a fazer algo que prejudique pessoas.

Assim passado três anos tomei a decisão de não suportar este PS e o seu líder. Mas tal decisão acarreta consequências que poderão ser graves. Poderia decidir, como seria tentador, votar em branco. Afinal, actualmente não me revejo em nenhum partido politico, e sentindo-me órfão, o mais simples e mais honesto (tenho de admitir) era votar em branco. Só que tal apenas daria força aos partidos (excluindo o PS) e principalmente reforçaria a posição do PSD (2º partido). Ora isso é o que não queria que acontecesse. Menezes seria o pior que poderia acontecer ao país actualmente. Menezes pactua com o PS na acção de diminuir a democracia em Portugal, é incompetente em matérias financeiras (a minha opinião deriva da sua actuação em Gaia) e defende o lado liberal e populista do PSD. Com ele teríamos menos Estado e pior Estado.

E é nesta encruzilhada que lhe escrevo. Eu terei que votar (votar em branco está portanto fora da questão) e sendo de esquerda terei de escolher nos restantes 2 partidos. Como, por motivos pessoais não escolherei o PCP (a sua actuação no passado e as suas convicções ainda actuais – por exemplo o apoio de Estaline – são incompatíveis com os meus ideais) resta-me o Bloco de Esquerda. E assim gostaria que me respondesse a algumas dúvidas que são para mim importantes para tomar a minha decisão.

Falta pouco tempo para as próximas eleições e portanto não existe tempo de criação de um novo partido político, apenas resta o Bloco de Esquerda, mas a vantagem que o Bloco tem (nunca ter tido um pasta de governo) também é o seu handicap maior. Faz com que não tenha a certeza se o Bloco já tem a capacidade para assumir uma pasta.

1-Mas caso o faça qual seria a pasta que escolheria e qual seria a sua actuação?

2-Não sendo claro o guia de acção do Bloco de Esquerda, seria o Bloco capaz de defender medidas de diminuição de cargos políticos no Estado (nomeadamente o número exagerado de lugares de representação municipal) para libertar fundo para apoio directo à pobreza?

3-Seriam capazes de defender um politica de tecto máximo salarial de forma a diminuir o Gap entre mais pobres e ricos?

4-Esta próxima dúvida, julgo uma que será essencial, seriam capazes de abandonar a exigência de um referendo ao tratado de Lisboa?

Estas são as primeiras dúvidas que tenho, mas tenho uma mais permente. Como eu julgo que existem muitas pessoas que deixarão de votar PS. Pelo que durante a próxima campanha será importante assegurar que não cairão na tentação de criticar a actuação do PS exageradamente de forma a captar os votos de pessoas, que como eu, estão desiludidas com o PS e depois das eleições terem de conviver com esse mesmo executivo. A minha dúvida é:

- Quais são os pontos que estão dispostos a abdicar para formar governo com o PS? Ou serão incapazes de tal acordo, mesmo que seja o mais benéfico para o país?

Bem julgo que já me alonguei em demasia pelo que para já não irei colocar mais nenhuma questão.

Sei que o Bloco cresceu muito, sei que foi capaz de ser eleito para o Parlamento e ganhar eleições municipais.




E agora Daniel? Será capaz de enfrentar o próximo desafio?

Tuga da semana: José Socrates

Aí está a segunda nomeação para esta ilustre pessoa. Esta semana quase só deu Socrates e deu para o torto. Quer seja pela Educação, quer pela obras de sua responsabilidade, quer pela sua arrogância, Socrates merece esta nomeação. A sua competência começa a ser muito questionável e começa a personificar a forma incorrecta de se estar na politica. Por enquanto não tem substituto à altura mas devo confessar que também deixou de ter margem para poder governar o país sozinho.
Cada dia que passa a desilusão é maior. Compara-lo com os anteriores dois Primeiros Ministros é injusto e de longe ele é melhor que os anteriores, no entanto os seus erros têm consequências mais graves e deve ser responsabilizado por isso. Pelo pessimo desempenho desta semana o José Socrates é sem dúvida o "Tuga da Semana".
(P.S. A foto será publicada posteriormente)

Leiam e comentem

"E assim se passa, defronte de um público enojado e indiferente, esta grande farsa que se chama intriga [política]. Os lustres estão acesos; o país é espectador distraído: nada tem de comum com o que se representa no palco; não se interessa pelos personagens e acha-os todos impuros e nulos; não se interessa pelas cenas e achas todas inúteis e imorais; não se interessa pela decoração e julga-a ridícula. Só às vezes, no meio do seu tédio, se lembra que para poder ver teve que pagar na bilheteira!"

Gostava de lançar um desafio: deêm a vossa opinião e tentem adivinhar quem foi o autor desta frase. Amanhã desvendarei o mistério, caso ninguém saiba.

Tuga da Semana: Alberto Costa

No Domingo pensei: "Bem esta semana vai ser fácil atribuir o prémio de Tuga da Semana" depois de ouvir o Director da Policia Judiciária. Estava enganado. Não quero tirar o crédito de tais afirmações. Afinal só mesmo uma pessoa de "coragem" para admitir que cometeu uma brutalidade como o nosso director admitiu. É verdade que estranhei que tal pessoa depois não tivesse "coragem" de se demitir. Afinal tinha admitido que era incompetente mas parece que por cá isso já não é motivo de demissão.

É que quando alguém é o responsável máximo de algum organismo ele tem de garantir o seu normal funcionamento, e num caso com tanta visibilidade não existe qualquer desculpa para o não ter feito. Admitir, como ele admitiu, que pode ter existido precipitação apenas atesta à sua incompetência. E ele não se pode demitir da palavra "responsável" que vem inerente ao cargo que ocupa sem se demitir efectivamente do seu posto.

Dito isto ele tinha tudo para ganhar este prémio, no entanto, e não sei se é pela visibilidade deste prémio, o ministro que o tutela conseguiu ser ainda mais brilhante. Depois de tais afirmações, que deviam ter provocado preocupações em todos (políticos ou simples cidadãos), o ministro Alberto Costa conseguiu afirmar que reforça o apoio e a confiança no Director da Policia Judiciária.

Acredito que quem proferiu as declarações não tenha a capacidade para correctamente avaliar a sua acção, mas alguém externo, e ainda por cima com responsabilidades na pasta, deveria ter uma visão mais coerente da questão.
Por este apoio (que demonstra toda a sua incompetência) o Ministro da Justiça ganha o prémio de "Tuga da Semana"

Os números!!

Por vezes imagino que vivo num mundo completamente diferente. Para ser mais concreto num país diferente. Julgava que vivia em Portugal, mas cada dia que passa estou mais céptico relativamente a esse facto. Não me refiro ao estado deplorável do mundo político português. Refiro-me à nossa realidade, ao nosso dia-a-dia, à nossa angustiante vida.

Por vezes imaginava que essa sensação era artificial, criada pela minha imaginação. No entanto um simples noticia fez-me despertar para a realidade - 10% da população portuguesa é analfabeta!! Sim em pleno séc. XXI mais de um milhão de pessoas não sabe ler nem escrever e para agravar 40.000 dos analfabetos têm menos de 30 anos. Fui então atrás de outros números, que me dessem uma imagem um pouco mais clara daquilo que já imaginava. Fui então assaltado com outros números, números ridículos ou criminosos, números que por si não são mais que números mas que encerram uma existência triste, deprimente e muitas vezes a roçar o escandaloso.

São apenas números que encontrei, mas quantas pessoas sofrem por esses números, esses brutais números que representam Portugal. Por exemplo o que dizer do facto de 46% de homens e 32% de mulheres abandonarem precocemente a escola, quando ainda temos 10% de população analfabeta. Ou o que dizer que faça justiça aos 30% da população portuguesa que vive sem esgotos na sua habitação.

Não tenho tenho palavras para descrever estes números, nem os que afirmam que 16% da população vive no limiar da pobreza (32% da população activa) quando o país já em si pobre e tem um Pib per capita de 63% da média europeia. Como encontrar palavras que descrevam essa brutalidade.

Com as palavras do governo no plano tecnológico sempre pensei que ao menos estaríamos a investir no futuro, que estes números fossem algo do passado e do nosso presente mas que talvez fossem modificados no futuro e eis que para meu enorme espanto que o nosso investimento em Investigação e Desenvolvimentos apenas é 44% da média europeia.

Depois destes números todos, fiquem cansado. Cansado de ouvir tantos números que nos disparam na cara a brutalidade de viver neste país!!!

[Fontes - aqui e aqui]

Tuga da Semana: José Socrates

A escolha desta semana recaí sobre o nosso primeiro-ministro. Para o bem e para o mal ele foi o centro das atenções desta semana. Fez um remodelação estética no seu governo o que é sempre importante. Mas não foi só por isso que ele ficou nomeado esta semana. O que deu o empurrão final foi o seu discurso no Parlamento e mais concretamente a parte em que criticou os salários demasiado elevados de alguns administradores.

Podem considerar que é simples demagogia ou populismo mas por vezes opiniões demagogas ou populistas encerram questões fundamentais e que devem ser devidamente discutidas. O facto é que esta encerra um questão fundamental: Até que ponto queremos viver numa sociedade em que exista esta disparidade? O que está em causa é a legitimidade deste facto. Será que é legitímo? Será que tem razão de o ser? Que mudança na nossa sociedade aconteceria se alterássemos esta possibilidade?

Todas estas questões são importante e encerram valores que necessitam uma vez mais de ser discutidos seriamente e , a meu ver, é um campo que deverão de existir mudanças.

Portanto pelo facto de introduzir esta questão no seu debate parlamentar julgo que Sócrates foi o "Tuga da Semana"