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Pensamento da noite

Não há nada melhor para deixar de escrever sobre politica do que ir para o mundo da politica!

Assassinato a sangue frio.

Hoje é o dia contra a pena de morte. Já passaram mais de 5.000 anos de humanidade e mesmo assim, em 54 regiões deste planeta, - vulgo países - ainda está instituido esta prática bárbara.

Existem coisas, que por serem obvias para mim, me são dificeis de pensar, ou debater internamente. Esta é sem dúvida uma delas. O que leva uma sociedade, ou seja nós, a aceitar que se termine uma vida de uma forma fria e calculista? Tenho imaginação suficiente para compreender que, num rasgo emocional, uma tragédia aconteça. Ou que, num instinto de auto preservação, todos nós possamos um dia ter a capacidade de matar outro indivíduo.

Mas como compreender que se mantenha um indivíduo isolado num espaço, onde ele não poderá ter nenhuma acção contra nós, e depois, de uma forma perfeitamente calculista e fria, terminar com a sua vida? Normalmente o que descrevi implica que quem faz isso seja apelidado de psicopata. E se, em vez de um, matar sempre com o mesmo modus operandis mais que uma pessoa, será certamente apelidado de assassino em série.

E o que me confunde mais é que, normalmente, nessas regiões o assassinato em série é punido com a pena de morte. Que em si, é tudo idêntico ao crime que estão a condenar. Não deveriam os individuos dessa sociedade colocar a mão na consciência e, por uma questão de consistência, aplicar a mesma pena a si próprios? Ou, em alternativa, encontrarem a solução mais simples e abolir de uma vez por todas a pena capital?

Musíco (con)texto: Roads |Portishead|

Começo uma nova rúbrica. Neste espaço escreverei um texto inspirado na música que colocarei no post. O texto pode ou não ser relacionado com a música, pois uma música é muito mais que uma letra e uns acordes. Na maioria das vezes é pura emoção...

E não poderia começar esta rúbrica com qualquer outra música. "Roads" entrou na minha vida de rompante. Foi paixão à primeira vista - neste caso ao primeiro acorde. Não me recordo ao certo quanda a ouvi pela primeira vez, mas recordo-me da sensação que tive. A voz de "Beth Gibbons" nesta música paralisou-me por completo e até ao ultimo som não fiz mais nada que não "sentir" a música.

Terminado o primeiro contato, parecia que sempre tinha conhecido esta música. Ainda hoje um pequeno arrepio aparece sempre que a começo ouvir. Se muitas outras músicas fazem parte do meu universo musical, elas são meras partes dos meus gostos. Esta é a unica que completa todos os meus sentimentos. É, por assim dizer, a minha música.

Mas é a escolha mais díficil para esta rúbrica, pois, ao som desta música, apenas se pode ouvir e sentir:


É a tragédia...

Estava sem vontade para escrever um texto, mas uma simples música mudou por completo essa minha predisposição. Antes o tema seria um tributo à letra "@", essa pequena maravilha deste novo século - mas fica para depois.

Depois de ouvir a canção "je veux" decidi afinal escrever. Logo à cabeça veio a palavra "tragédia", que não estando na ordem do dia, é possivelmente a palavra que entra no nosso subconsciente sempre que vemos as noticias em Portugal.

Poderiamos dizer que estamos a viver uma tragédia, no entanto é para mim uma falsa tragédia. Um tragédia é a perda de alguém próxima, uma despedida sem retorno, uma morte eminente, uma doença incurável, ou tantas outras coisas que nos fariam sentir perfeitamente demolidos. E mesmo aí existe sempre um pedaço de esperança de continuar, de fazer algo enquanto se está vivo.

Bem sei que nos próximos tempos vamos perder dinheiro, adiar sonhos ou mesmo reformular as nossas vidas. Mas isso não é nenhuma tragédia, nem motivo de pessimismos É apenas motivo para respirarmos fundo, olhar os problemas de frente e enfrenta-los de cabeça erguida.

Eu sei que falo de um posição favorável, afinal os meus sonhos dependem principalmente de mim, do que faço, mas não será assim com todos?

P.S. Esta foi a música que me inspirou:


Back to school...

É uma estranha sensação. Passou quase uma década desde que me poderia considerar um "aluno". Na realidade continuei sempre "aluno", mas de uma outra escola.

Voltar a sentar-me numa secretária de aluno foi uma experiência paradoxal. Por um lado foi um recordar de uma outra altura, por outro foi um confirmar que o tempo passa mesmo sem darmos conta. Estava dentro de mim o espirito do aluno que já fui e da pessoa que sou hoje.

Algumas coisas não mudam. O nervosismo que sempre tive a começar um novo ano lectivo ainda lá estava. Aumentado pelo facto de ser um extra-terrestre naquele planeta. Outras são novas. A distância para com o professor desaparece, já não é um "ente" superior, mas alguém com quem tu aprendes e que te avaliará no final.

Por agora tudo ainda é muito estranho, pelo que neste momento ainda estou a incorporar todas estas (re)novas sensações...

Metamorfoseando...

Nascido, crescido e aparecido. É assim que me sinto. Metamorfoseando ao longo destes anos, sinto que esse processo chegou ao fim. E é uma estranha sensação que me preenche hoje...

Uma sensação de conquista, sem ter conquistado nada. O início de um longo e incerto caminho. Apenas mais um passo. Mais uma etapa. No entanto, e por mais etapas que tenha atravessado, nenhuma é como esta. "Agora é a sério!" digo-o a mim próprio, talvez para marcar o momento.

Futebol e a vida...

Hoje é dia de clássico! Começa-se a preparar o "evento", amigos juntam-se à volta de um ecran, adeptos aprumam os seus acessórios e vozes. E a capital transfigura-se...

Gosto especialmente deste dia. Sente-se uma rivalidade sã, mas mais do que isso as pessoas perdem um pouco da sua timidez, e um tema - 22 jogadores e uma bola - passa a ser a linguagem comum que rompe as barreiras do dia-a-dia. Não existe novo nem velho, não existe pobre nem rico, apenas esta salutar vivência.

Sempre gostei de futebol, quer o visto, quer o jogado. Ao contrário do que algumas "elites" por cá pensam, o futebol é algo simplesmente fantástico. É pura emoção, mas mais que isso é um belo paradigma de vida.

Muito do que sei hoje, aprendi em campos de futebol improvisados. Quer fosse um patio de escola, um pedaço de estrada, ou mesmo um terreno inclinado, só precisávamos de um bola e a realidade dura à nossa volta era esquecida.

Depois de ter crescido - ok, não muito - e de ter ganho outros interesses, é que reparei que muitos escritores se debruçam sobre temas da sociedade escrevem manuais que qualquer ser humano pode apreender num jogo de futebol. O respeito, a liberdade, o individuo e o colectivo, e outros temas conexos, tudo isso aprendi, não em manuais, mas com uma simples bola e um jogo de futebol.

Quero a "fucking word"...

(1) Nota inicial: Parental Advisory Explicit Content

Fodasse!!! Será que não encontro a merda de um video que não esteja censurado! Ando à procura de músicas no youtube, e tudo o que aquele caralho de site dá, são videos em que a palavra "Fucking" ou "nigga" é substituido por um som ou um silêncio fodendo por completo a música. Puta que os pariu!!!

(2) Nota Intermédia: Versão Censurada

"#$#"$!!! Será que não encontro a #&%$% de um video que não esteja censurado! Ando à procura de músicas no youtube, e tudo o que aquele #""$%$# de site dá, são videos em que a palavra "#$#$"#" ou "%&#$$$" é substituido por um som ou um silêncio %$&@@ por completo a música. #$"#$#" que os %$&%#"#!!!

(3) Nota Final: Approved for all audiences

Raios!!! Será que não encontro um video que não esteja censurado! Ando à procura de músicas no youtube, e tudo o que aquele estúpido site dá, são videos em que algumas palavras são substituidas por um som ou um silêncio lixando por completo a música. Vão mas é dar uma curva!!!

P.S. Julgo que não faz sentido algum censurar o quer que seja. O estilo é definido pelo autor, e às editoras compete apenas transmitir o que é feito, isto é, a obra integralmente. Quem ouve/lê/vê é que escolhe se "consome" ou não determinada forma de arte. Nunca percebi a justificação à volta da censura de determinadas palavras. Se alguém souber, por favor explique-me...

Pensamentos soltos

Por vezes dá-me para isto! Para não ter uma linha de raciocinio lógico. Talvez seja fruto de uma mente dispersa, ou de ter vários interesses. Ultimamente tenho pensado bastante na vida, nas opções e o que representa viver. Obviamente não cheguei a nenhuma resposta. Não sei se algum dia chegarei. Tal questão leva-me a olhar à minha volta, a olhar para os pormenores e principalmente a observar. E é o processo, mais que a resposta em si, que gosto.
No fundo ainda sou aquela criança que tenta aprender a interagir com o seu meio envolvente. Tropeço muitas vezes, magoo-me, mas volto sempre a levantar-me e a tentar uma vez mais.

Actualmente faz-me confusão o motivo pelo qual criamos ódio ao desconhecido, ou porque é que gostamos tanto de encaixotar pessoas em grupos. Sei que é a forma mais simples de estarmos seguros quanto ao nosso mundo, mas é também uma forma bastante cruel, e por vezes mesmo mortal. Os imigrantes em França começam a descobrir isso, tal como os judeus já descobriram ao longo da sua história.

Este pensamento leva-me a outro. Quando é que a morte entra na nossa vida? Isto é, a partir de quando a morte começa a ser uma opção para os problemas? Talvez seja sempre desde o início. Talvez seja ainda fruto de um instinto territorial que temos. Não sei. Só estranho o facto de que a partir de certa altura passamos a aceitar a morte como opção. Algo que não acontece em criança. Não digo que uma criança não tenha a capacidade de matar, porque tem. No entanto nessa fase a morte não é uma opção, mas apenas uma consequência de um acto. Em adulto muitos vezes é algo racional - por exemplo a decisão de uma guerra - e isso ainda me deixa muito confuso.
Mais uma coisa que apenas consigo questionar e não responder.

E de este pensamento vou para outro, como um sapo salta de pedra em pedra sem nenhum objectivo claro. Quando é que uma pessoa se considera adulto? Será que existe um momento em que existe uma epifania e dizemos: "eu já sou adulto!"? Para mim a vida tem sido um acumular de experiências e aprendizagem, nada mais que isso. Sou tão "adulto" como era aos 16 anos...
Talvez seja defeito meu, não sei, mas também agora não interessa nada...

A noite

Sempre gostei da noite. O lado obscuro do dia é por vezes mais iluminado que o seu lado solar. É tempo de celebração, de convivio, de descanso ou simplesmente de um bom momento. Espaço para jantaradas, copos e muita alegria. Tem uma componente misteriosa. Gosto dos seus sons.

Hoje a noite trouxe-me sorrisos, boa disposição, recordações e um matar de saudades. Passei o meu tempo ao lado de pessoas com as quais partilhei muito da minha vida. Um vida que decidiu seguir rumos diferentes. E que depois de muitos dias de ausência decidiu cruzarem-se uma vez mais à noite.

Agora celebro a noite, esta noite e as noites que virão. Que traga tão bons momentos como os que tenho passado nestas noites que passaram...

A música (So Here We Are)

Posso dizer que nos ultimos dias tenho entrado num pequeno paraiso musical. Um espaço de descobertas e redescobertas e de muitas emoções. Voltei a vibrar, a sentir e a emocionar-me com pequenos acordes e grandes letras. Coisas simples e inexplicáveis.

Por vezes esqueci-me de entrar neste mundo, ouvia mas não via. Comprometido a viver uma vida de adulto, a música passou a ocupar um lugar secundário, um porto de abrigo passageiro. Uma vida moderna cheia de obrigações e problemas, mais imaginados que reais.

E depois, numa altura de mudança, quando nada poderia prever, eis que a música inrompe uma vez mais na minha vida. As emoções retornam, os acordes fazem de novo vibrar todas células do meu corpo, e este mundo volta a estar aberto para mim...
P.S. Dedicado a ti...


O radicalismo da fome

Dei-me por estes dias a discutir o radicalismo e a forma de o evitar. Muitos argumentos foram dirimidos, exemplos foram dados e chegou-se a algumas conclusões. Tal debate levou-me no entanto a pensar em algo um pouco paralelo: porque é que o radicalismo tem muitas vezes suporte nas bases mais carenciadas?

Tipicamente responde-se com a falta de cultura ou conhecimento. É a resposta chapa 5 para resolver este dilema. Uma forma simples (e diria radical) para explicar este facto.

Mas, pessoalmente, é uma resposta que não me deixa satisfeito. E quando não estou satisfeito vou à procura de mais respostas... E de neurónio em neurónio fui ter à fome - Ok, isto tem a ver com o que escrevi anteriormente, não percam a paciência que já vão entender.

Já alguém sentiu fome? Eu já, e acredito que quase toda as pessoas já o sentiu. Não sei se acontece convosco, mas quando começo a ficar com fome começo a ficar mais irritadiço. Fico mais nervoso e muitas vezes mais brusco. Se por acaso a fome começar a apertar ainda mais, então os meus pensamentos começam a se concentrar apenas numa coisa: comida!

Ora se tiver com fome e tiver num restaurante existe outra coisa que me acontece: não consigo escolher. Olho para o menu e procuro a resposta mais simples que satisfaça a minha necessidade. Se tiver muitas opções, e forem todas equivalentes, pura e simplesmente não consigo escolher. Se alguém escolher por mim, optimo! Trata-se da opção mais eficiente para satisfazer esta necessidade.

Nestas alturas quero lá saber de filosofias, ou que quer que seja, quero é comer.

E isto não é de estranhar. Afinal numa situação "selvagem" seria natural que o meu corpo reagisse desta forma. A procura de comida é possívelmente a actividade mais básica que um animal executa. Nesse sentido tem lógica que numa situação de fome, o nosso corpo se concentre na actividade de procurar comida e procure a solução mais simples e eficiente para o fazer. Se tivesse que dizer, todo o nosso corpo (mente incluida) está programada para mudar o comportamento nesta situação, tal é a importância de ter sucesso nesta actividade.

Mas será que ainda faz sentido falar-se em fome na sociedade de abundância como a nossa?

Antes demais a sociedade de abundância é também uma sociedade desigual, pelo que mesmo na nossa abundância existe muitas pessoas passam fome, ou pelo menos passam um periodo de fome ao longo do dia. Depois, porque na minha opinião, não é apenas a fome que desperta actualmente este instinto de sobrevivência. Por exemplo um orçamento limitado, obriga uma pessoa diariamente a ponderar diversas opções. A incerteza de futuro também.

Tudo isto são caracteristicas que as camadas mais pobres têm. Neste contexto - fome, mente ocupada e cenário de incerteza - o que uma pessoa quer são respostas simples e eficientes (tal como no caso do menu).

Ora é aqui que o radicalismo entra. Se existe algo que os radicais fazem com uma elevada mestria é simplificar o mundo e as opções. Qualquer radical (de que credo for) torna o mundo simples - branco ou preto - pelo que, se as camadas mais desfavorecidas percepcionarem que lhes é benéfico, não vão ponderar outra opção: escolhem a mais simples e eficiente para eles.

É por isso que o radicalismo tem tanto suporte nas camadas mais desfavorecidas e é neste campo que os moderados vão ter de aprender a simplificar o seu discurso. Com a crise mundial, o empobrecimento da população e o desaparecimento da classe média, compete aos moderados não permitir que se cometam os mesmos erros que os radicais cometeram no passado.

O seculo XX mostrou-nos que a unica altura em que a solução dos moderados era simples e entendível por todos foi depois de uma grande tragédia ter acontecido devido aos extremismos europeus. Espero que os moderados do século XXI tenham aprendido a lição...

Espaço em branco

Existem muitos espaços em branco. Como o desta página em que coloco os meus caracteres. E em dias, como o de hoje, torna-se dificil preencher esse espaço. A minha cabeça pensa em diversos temas que prentendia colocar aqui. Poderia ser o aguardado desfecho do caso Casa Pia, poderia ser o Avante, ou num registo mais pessoal poderia ser uma viagem, ou simplesmente o meu estado de alma.

No entanto não me apetece. Olhei para o espaço em branco e ele disse: "Não! Chega de utilizares isto apenas para ti e para os teus pensamentos. Também tenho uma existência e quero ser, por uns breves momentos, o centro das atenções dos caracteres que me ocupam!"

E por isso escrevo este post, com nada mais do que um tributo ao espaço em branco. No fundo aquilo que precisamos para avançar, para existir neste espaço, e que sempre o negligenciamos. Sem espaço em branco certamente não existiria nenhum destes artigos, e muito menos tantas ideias, emoções e aventuras espalhadas por todos os espaços que já foram em branco.

Aos ciganos desta vida...

Cresci suficientemente perto de comunidades ciganas para entender onde aparece a estereotipagem dos mesmo. Uma caricatura só tem força se tiver fundamento no seu objecto real.

Cresci suficientemente longe das comunidades ciganas para entender que é um mundo quase desconhecido para mim, pelo que tudo o que afirme sobre a mesma poderá ser um erro.

Sei que os ciganos desta vida são muitos. Muitas vezes vestem fato e vê-mo-los todos os dias na televisão. Sei também, e pegando na origem da palavra, são ainda mais os ciganos que vivem escravos das suas circunstâncias.

Não branqueio os crimes, sim porque p.e. retirar uma criança da escola é um crime para mim, que cometem, assim como não branqueio o crime que é expulsar uma pessoa de um país com base na etnia.

Good Old Days

Quando começa esta sensação? Não sei, mas não foi nem hoje, nem ontem. Essa sensação vem de trás mas não sei precisar quando. Talvez por auto-censura nunca tinha assumido que por vezes sinto saudades dos “good old days”.

Ainda vivemos numa sociedade onde a idade não é vista como algo positivo, mas muitas vezes algo a esconder ou subtrair, como fosse motivo de vergonha alguém ter oitenta, cinquenta ou trinta anos.

Associamos alguns sentimentos a esse passar do tempo e utilizamos normalmente duas opções: ou vincamos os mesmos com os “no meu tempo é que era…” e outras expressões tão habituais como gastas, ou então evitamos ao máximo começar o quer que seja com tais expressões.

Quando começa esta sensação? Eu diria desde o tempo que tenho tempo para sentir isso. E é isso que significa sentir os “good old days”. É o reconhecimento da sorte que tive de ter tido emoções fortes e experiências únicas. Significa que sinto saudades de “algos” ou “alguéns”. E sentir saudades é algo bom e constante na minha vida. Eu sinto saudades de há duas décadas, dos meus vinte anos ou do último fim-de-semana.

Os meus “good old days” são também os “good old todays”

Ser, ter e viver...

E de repente começo a escrever outra vez. O motivo? Nenhum, a não ser a minha vontade de o fazer. Bem sei que no tempo que estive mais ausente o mundo quase ruiu, o Apocalipse está ao virar da esquina e não existirá salvação para os impolutos e pecadores - quem quer que eles sejam.

Eu continuo pouco preocupado com isso e mais preocupado em entender algo mais da vida. Para mim ainda é um pequeno segredo que vou desvendando aos pouco (será que devo escrever "vida" com um V ou com um v?).

De tanto pensar cheguei à conclusão que podemos dividir as pessoas em três grandes grupos.
Se eu fosse um homem de gestão, daqueles que em cada duas palavras uma termina em "...ing" ou em "...ent", faria um gráfico com três vectores que dão o título a este post.

Olho à minha volta e vejo que neste momento a nossa sociedade vive com muitas pessoas cujo o sonho desta vida é o "ter". Para essas, a vida é uma equação simples de resolver. Basta-lhes concentrar numa fonte de rendimento e depois é só "ter". E para "ter", esta sociedade é perfeita e dá multiplas opções - basta olhar para os anúncios à nossa volta.
Outra forma simples de estar na vida é a dos que têm o sonho de "viver". Para eles o simples tiquetaquear do relógio biológico é suficiente e o tempo está sempre do seu lado, pois o simples acto de estar vivo e apreciar esse facto é um realizar do seu sonho.
E depois existe aqueles cujo o sonho de vida é o "ser". E para eles é que é mais complicado. Pois ao contrário dos anteriores são os unicos que estão dependentes de outros e das várias intempéries da vida. Esses têm materializar o imaterial e tornar real o que a sua mente dita com sendo "ser".
Obviamente como eu sou terrível a fazer escolhas, das três alternativas que poderia escolher tinha de optar pela mais complicada. Bastava ter perdido cinco segundos em criança para me aperceber que o caminho que escolhi era um pouco, com devo dizer..., estúpido, pois dos três é mesmo aquele cujo a probabilidade de falhar é enorme.
Bem mas agora não interessa nada. Escolhido o caminho resta-me caminhar, e como dizia o poeta: O caminho...

Por mares nunca antes navegados...

Ao ver os nossos políticos, ao ler as notícias e ao ler alguns artigos da blogosfera parece-me que uma vez mais vamos navegar por mares nunca antes navegados. Não falo de mares reais mas de mares mentais.

Não sei muito bem explicar como chegámos aqui, mas a verdade é que nunca antes existiu uma tão grande ausência do mínimo bom senso da actividade politica e já agora também económica. Parece que nos esquecemos de alguns princípios básicos de viver em sociedade e paulatinamente destruímos os laços de solidariedade que mantém uma sociedade como sociedade e não simplesmente um grupo de indivíduos que habita espaços conexos.

A argumentação relativamente às SCUT's é sintomático disso. Esta moda do utilizador-pagador é mesmo isso, uma moda. Pelo menos da forma como tem sido argumentada. Certamente faz sentido em algumas situações, mas não em todas. Existem AE's que podem ser SCUT's e devem ser SCUT's, outras que nem por isso.

De vez em quando até ouço que se deve aplicar a mesma coisa à saúde e à educação. O argumento? Tão simples como: "Eu não tenho que pagar a saúde dos outros ou a educação dos outros!"

E eu pergunto-me: então e os "outros"? Deverão eles sofrer pela estupidez alheia? Parece-me que tal seja no mínimo injusto...

Assim, com esta quebra de solidariedade e de bom-senso, arriscamo-nos mesmo a caminhar por mares nunca dantes navegados! E não serão mares calmos certamente...

Proibido sonhar!

Andou um “gajo” (neste caso eu) a sonhar com o maravilhoso ano de 2000, para em 2010 ainda estarmos a discutir o que temos discutido desde sempre. Raios, o deficit e a divida pública é do tempo da minha avó (sim a minha avó nasceu em 1908)! Foi bom viver anos 80 e os anos 90 e eu não consigo perceber porque é que não pode ser igualmente bom viver os tempos actuais.

Não entendo porque é que no espaço publico se discute temas tão cinzentos e antiquados como a divida publica, a eficiência, a produtividade e outros temas que rimando com criatividade, de criativos já não lhes resta nada!

Ultimamente anda tudo “salazarento”, a censura volta a ser moda nos partidos, e este ano quase que apetece dizer que só dá Futebol e Fátima, sendo que o Fado é o nosso dia-a-dia. Voltámos a contar tostões, e as nossas abastadas elites a dizer que assim “é que é bom”, uma vida de sacrifício para nada ter. Substituiu-se o copo de vinho pelo chá de Aloé, mas a essência permanece igual.

Quero ouvir falar de outros temas, de outros sonhos, quero imaginar que daqui a 10 anos já não existirá problema de petróleo pois já ninguém utiliza petróleo. Que as já ninguém trabalha, mas sim tem actividades. Em que os hobbies são o trabalho e o trabalho um hobbie. Que já não nos vamos importar por nascer no interior ou no litoral, numa família abastada ou mais humilde, pois as oportunidades serão na sua essência iguais para todos.

Quero conversar e ter como tema de debate o quão mais rápido estão as viagens e como se tornou fácil ir a qualquer ponto do globo, quase que instantaneamente. Quero imaginar um futuro onde a poluição deixou de ser problema e o nosso desperdício já não existe, funcionando tudo numa harmonia e sem desgaste no meio ambiente.

Quero encontrar novos paradigmas, novas formas de pensar, dar utilidade ao que já foi feito e acreditar que muito ainda está por ser feito mas perfeitamente alcançável.

Raios, onde é que saiu o decreto-lei que nos proibiu de uma vez por todas de sonhar?

Sociedade perturbada

Hoje saiu um artigo no P2 do publico que chamou a minha atenção. O tema era a transexualidade. A transexualidade é algo que me faz muita confusão. Explicando melhor, faz-me muita confusão que seja um tema. Honestamente nunca percebi qual o problema de uma pessoa assumir a sua identidade, seja ela a que for. Porque raio é que uma pessoa tem de ser "homem" ou "mulher"? Uma pessoa é uma pessoa e é o que a sua bio-quimica determina e o que a sua vontade desejar.

No entanto fiquei chocado logo no texto inicial que era o seguinte:
"Eles querem usar saias e cabelos compridos. Elas escolhem cortar os cabelos e vestir só calças. Não dizem que querem ser de um sexo diferente. Insistem que são de um sexo diferente. São crianças com perturbação de identidade de género"

Mas que raio de sociedade é que chama a esta descrição uma "perturbação de identidade de género"? Parece-me que quem é perturbada não são estas crianças mas sim a sociedade em que as mesmas estão inseridas.

Talvez seja só eu, mas alguém já tinha imaginado que isto é considerado uma doença do foro psicológico?

Cansado de gente bonita...

Foi noutro dia, no meio de uma rua movimentada da nossa capital, que me apercebi do que me tem causado desconforto nos ultimos tempos. Não um desconforto forte e visível, antes um desconforto subtil e invisível.

À minha volta apenas se encontravam gente bonita, estranhamente bonita. Foi um choque olhar à minha volta e ver tudo perfeito. Toda a gente maquilhada, bem maquilhada, com os seus cabelos arranjados e dentes perfeitos e brancos. Vestidas perfeitamente, sem nenhuma roupa que não combinasse, que não fizesse parte de um todo. A minha volta só via perfeição e no entanto era essa perfeição que me feria. Tudo muito bem enquadrado, tudo demasiado bonito.

Ainda procurei uma imperfeição, algo que não fosse tão bonito, tão perfeitamente criado. Não encontrei.

Talvez há uns tempos atrás não teria escrito este post, mas honestamente cansei-me de gente bonita. Prefiro algo real...