Andou um “gajo” (neste caso eu) a sonhar com o maravilhoso ano de 2000, para em 2010 ainda estarmos a discutir o que temos discutido desde sempre. Raios, o deficit e a divida pública é do tempo da minha avó (sim a minha avó nasceu em 1908)! Foi bom viver anos 80 e os anos 90 e eu não consigo perceber porque é que não pode ser igualmente bom viver os tempos actuais.
Não entendo porque é que no espaço publico se discute temas tão cinzentos e antiquados como a divida publica, a eficiência, a produtividade e outros temas que rimando com criatividade, de criativos já não lhes resta nada!
Ultimamente anda tudo “salazarento”, a censura volta a ser moda nos partidos, e este ano quase que apetece dizer que só dá Futebol e Fátima, sendo que o Fado é o nosso dia-a-dia. Voltámos a contar tostões, e as nossas abastadas elites a dizer que assim “é que é bom”, uma vida de sacrifício para nada ter. Substituiu-se o copo de vinho pelo chá de Aloé, mas a essência permanece igual.
Quero ouvir falar de outros temas, de outros sonhos, quero imaginar que daqui a 10 anos já não existirá problema de petróleo pois já ninguém utiliza petróleo. Que as já ninguém trabalha, mas sim tem actividades. Em que os hobbies são o trabalho e o trabalho um hobbie. Que já não nos vamos importar por nascer no interior ou no litoral, numa família abastada ou mais humilde, pois as oportunidades serão na sua essência iguais para todos.
Quero conversar e ter como tema de debate o quão mais rápido estão as viagens e como se tornou fácil ir a qualquer ponto do globo, quase que instantaneamente. Quero imaginar um futuro onde a poluição deixou de ser problema e o nosso desperdício já não existe, funcionando tudo numa harmonia e sem desgaste no meio ambiente.
Quero encontrar novos paradigmas, novas formas de pensar, dar utilidade ao que já foi feito e acreditar que muito ainda está por ser feito mas perfeitamente alcançável.
Raios, onde é que saiu o decreto-lei que nos proibiu de uma vez por todas de sonhar?
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10 comentários:
O meu sonho é que as pessoas conseguissem mudar. Não sonho com um mundo de amor e harmonia (por ser utopico)mas sonho com um mundo realisticamente melhor. Será pedir muito?
Mais emprego.
Mais escolaridade.
Menos conflitos bélicos.
Mais bem estar.
Mais seriedade.
Mais respeito pelos direitos humanos.
Enfim.
Eu adoro utopias... :)
Embora obviamente para pedir sou bem mais realista... E subscrevo todos os teus pedidos.
Por exemplo so o ultimo ja seria um avanco enorme na nossa sociedade...
Penso que estamos num tempo de encruzilhada e que desta indefinição alguma coisa irá sair. É uma espécie de confluência de duas correntes que se misturam mas que se repelem.
Fátima é forte, mas é ao mesmo tempo cada vez mais fraca pelas muitas debilidades que a igreja vai revelando, e de gravidade crescente, o que levará a um fosso maior entre os adeptos, mais obstinados, e os outros, que continuarão a afastar-se e a militar nesse afastamento.
Basta ver o efeito Dawkins no mundo.
O futebol não passa hoje de um espectáculo, e não sei se no fundo as pessoas não gostariam é de mais desporto e menos negócio. Também já lhe conheci dias mais arrogantes e impunes. Os cifrões continuam a aumentar, mas as pessoas continuam a fugir dos estádios.
E assim para o resto, incluindo a economia, que foi substituindo bases sólidas com rosto razoavelmente humano por pés de barro virtuais sem qq ligação à vida de pessoas concretas, até que ruiu com estrondo. Estou convencida de que, para um lado ou para outro, a definição não tarda.
Podemos tomar como figurino destes paradoxos os nossos amiguinhos, por serem exemplos de gente muito dada ao dó de peito e ao moralismo barato. Apresentam-se como paladinos do anti-racismo em geral e do anti-semitismo em particular, lançando anátemas sobre quem se atreva a uma crítica mínima, mas por outro afirmam-se despudoradamente islamofóbicos, como se o ódio racista, nesse caso particular, fosse uma virtude. Não vêem a contradição que existe na defesa de pontos de vista meramente políticos como se se tratasse de moral universal.
São muito defensores dos direitos humanos e choram copiosamente com as desgraças das mulheres muçulmanas ou com o destino dos homossexuais em muitos países do mundo, mas declaram (alguns, sejamos justos) que a homossexualidade é uma aberração e que a descriminação é desejável a bem da sociedade.
São atípicos no mundo das ideias – na prática talvez não tanto - mas ainda assim representam uma percentagem razoável de gente que se encontra espartilhada entre dois universos opostos.
A utopia é um método de sobrevivência muito saudável e indispensável, sem ela não estaríamos no ponto em que hoje estamos. Um dos slogans mais famosos do Maio 68 era “Sejam realistas, exijam o impossível”.
Numa utopia acabavam os fundamentalismos.
Respeitava-se o art.º 13.º da CRP.
Enfim...
ML,
Muito bem dito. Gostei especialmente da imagem dada por "É uma espécie de confluência de duas correntes que se misturam mas que se repelem." pois transmite bem o que vivemos.
Julgo que os nossos amiguinhos não são assim tão atipicos - embora também não sejam a regra. Aliás gostava mais da altura que por estas bandas - a blogosfera - não existiam tantas pessoas a defenderem e a tomarem posições como eles tomam. Mas ao fim e ao cabo são gostos... :)
É interessante: tinha tudo para ser o que não sou, e no entanto sinto-me tão próximo dessa altura. Fosse eu crente em reencarnações e diria que vivi essa altura.
No fundo sou um "Maista", embora muitas vezes nem o saiba...
Viver sem utopia já não é viver, para mim, é apenas sobreviver...
EJ,
Não é por seres utópicos que tu deixas de ter os pés assentes no chão. Julgo que o Slogan que a ML escreveu descreve exactamente o que acredito.
A utopia é bem diferente do fanatismo ou do dogmatismo...
Olá. Em sociologia do direito estudamos o grau de adesão da sociedade a determinadas regras juridicas. Um dos problemas em Portugal é haver algumas leis excelentes, mas a sociedade não as respeita. Isso por si é muito mau.
Más noticias.
Para poupar dinheiro com energia, o Governo vai apagar a luz ao fundo do túnel.
EJ Santos,
LOL, adorei!!!
Quanto à questão legal, se ninguém as cumpre então não são excelentes...
Não ter uma lei ou ter uma lei que ninguém respeita é quase a mesma coisa.
"Quanto à questão legal, se ninguém as cumpre então não são excelentes..."
Não me expliquei bem. Peço desculpa.
O que aqui está em jogo é o grau de adesão a uma lei. Por exemplo, a lei penal portuguesa penaliza a violência doméstica. O que é muito, mas mesmo muito bom.
Infelizmente, ainda há uma percentagem (a meu ver elevada) de pessoas (a maioria homens) que não respeita esta lei.
Apesar deste desrespeito pela lei, isso não é causa justificativa para revogar a lei.
Oi,
Tinha outros exemplos em mente. :)
Mas realmente posto as coisas dessa forma entendo perfeitamente o que dizes e não posso deixar de concordar.
Ab,
Stran
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