No-mad: Reflexões


Existem desejos que surgem por impulsos instantâneos e passageiros. Uma emoção, perto da descarga de adrenalina que te faz agir, ou pelo menos, desejar agir. São fugazes e quase sempre passageiros. Certamente muitos antropólogos, filósofos e psicólogos conseguirão explicar melhor do que eu tais desejos.

E existem aqueles desejos que são o oposto destes. Desejos que estão sempre presentes, mas que pelo nosso contexto, ou força do dia-a-dia, estão dormentes, apenas presentes no nosso subconsciente. No entanto, quando por algum motivo algo desperta em ti esse desejo, o teu consciente acorda para essa realidade.

Viajar é para mim um desses desejos. Não sei explicar os meus impulsos nomádicos. Talvez não tenham explicação. Talvez sejam a herança genética de um antepassado longínquo. No entanto sei que o tenho, esse desejo difícil de explicar, de partir, sem um destino definido a não ser o do caminho a percorrer.

E depois, penso na minha vida, penso na era actual que vivemos. Eu sei que no meio desta crise, no meio desta incerteza toda, tomar tal opção é no mínimo surreal. E o desejo retorna então ao subconsciente, adormecido, à espera de uma oportunidade para voltar a aparecer. Esse não se preocupa com a racionalidade ou irracionalidade, apenas existe sem mais nenhum propósito do que o de ser satisfeito.

E isso faz-me reflectir sobre tudo à minha volta e pensar que, apesar de todas as explicações, as crises que vivemos não passam de períodos de ajustamentos internos entre o que pretendemos e o que fazemos. No fundo estas crises poderão apenas ser um período de reflexão entre o que fizemos até aí e o que realmente queremos fazer desse momento em diante…

Nenhum comentário: