Assassinato a sangue frio.

Hoje é o dia contra a pena de morte. Já passaram mais de 5.000 anos de humanidade e mesmo assim, em 54 regiões deste planeta, - vulgo países - ainda está instituido esta prática bárbara.

Existem coisas, que por serem obvias para mim, me são dificeis de pensar, ou debater internamente. Esta é sem dúvida uma delas. O que leva uma sociedade, ou seja nós, a aceitar que se termine uma vida de uma forma fria e calculista? Tenho imaginação suficiente para compreender que, num rasgo emocional, uma tragédia aconteça. Ou que, num instinto de auto preservação, todos nós possamos um dia ter a capacidade de matar outro indivíduo.

Mas como compreender que se mantenha um indivíduo isolado num espaço, onde ele não poderá ter nenhuma acção contra nós, e depois, de uma forma perfeitamente calculista e fria, terminar com a sua vida? Normalmente o que descrevi implica que quem faz isso seja apelidado de psicopata. E se, em vez de um, matar sempre com o mesmo modus operandis mais que uma pessoa, será certamente apelidado de assassino em série.

E o que me confunde mais é que, normalmente, nessas regiões o assassinato em série é punido com a pena de morte. Que em si, é tudo idêntico ao crime que estão a condenar. Não deveriam os individuos dessa sociedade colocar a mão na consciência e, por uma questão de consistência, aplicar a mesma pena a si próprios? Ou, em alternativa, encontrarem a solução mais simples e abolir de uma vez por todas a pena capital?

8 comentários:

Anônimo disse...

Excelente post. Agota não tenho muito tempo para fazer um bom comentário, mas prometo voltar mais tarde.
Cumprimentos
EJSantos

Anônimo disse...

Obrigado! Para mim esse é um excelente comentário ;)

Mas obvio que vou gostar ainda mais do teu próximo!

Cumpts
Stran

EJSantos disse...

Uma curiosidade...
Nos EUA, um dos grandes opositores à pena de morte é um advogado, que já foi acusador do Ministério Público. Este Sr, convicto que era da eficácia da pena de morte, eenquanto elemento da acusação, conseguiu levar alguns criminosos para a sala de execução.
E como foi ele mudar de iedias?

Um homem que, por ele foi acusado e posteriormente condenado à morte e executado, posteriormente descobriu-se que o verdadeiro culpado era outra pessoa...

Ou seja, o anterior acusador do MP (e agora activista contra a pena de morte) deu-se conta que mandou para a forca um inocente...

EJSantos disse...

Um erro judicial, com a pena de morte, torna-se definitivo.

Fora isso, e historicamente comprovado, um Direito Penal violento não previne o crime violento. Pelo contrário...

EJSantos disse...

E temos que falar de Jean Callas e do valoroso Voltaire...

Jean Callas era um comerciante de Tolosa, protestante, cujo filho Marco Antônio, que se havia feito católico, apareceu enforcado na casa de seu pai em 13 de Outubro de 1761. Supôs-se que o pai o havia assassinado em vingança por haver se convertido, e se sustentou a coisa ante o Parlamento de Tolosa.
Mais tarde comprovou-se que o homem estava inocente das acusações. Mas entretanto foi assassinado judicialmente na horrorosa roda... (se não sabes o que é, vai À wikipédia, e faz uma busca em "tortura")

EJSantos disse...

Ainda sobre Callas:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Calas

http://desenvolvimentoemquestao.wordpress.com/2010/06/05/tratado-sobre-a-tolerancia-a-proposito-da-morte-de-jean-calas-voltaire/

http://www.idehist.uu.se/distans/ilmh/Ren/idehist-voltaire-calas.htm

EJSantos disse...

Eh, Pá. Os comentários estão um pouco "desarranjados". Peço desculpa (recomecei a estudar, e ando um pouco cansado...

Stran disse...

Epá desculpa ainda não ter comentado mas esta semana não passei por aqui (tem sido uma semana complicada, estudar e trabalhar não é nada fácil)...

Quanto à temática o que apresentas é exactamente o que não entendo o que leva as pessoas a aceitarem a pena de morte. Será que nunca ponderaram isso? e se sim, que raio de humanidade é que têm dentro delas? será a morte de um criminoso mais importante que a vida de um inocente para aceitarem esse risco? e se sim este ultimo pensamento não contradiz o motivo pelo qual defendem a pena de morte?

Insanidades que custam a curar, é o que penso por vezes...