Critíca à ICAR

Quase que parece uma contradição utilizar estas duas palavras juntas na mesma frase. No entanto elas nunca fizeram tanto sentido como agora. Obviamente refiro-me aos multiplos casos que têm vindo a publico sobre pedofilia e sobre a actitude que tem vindo em crescendo de reacção às inumeras acusações de pedofilia e encobrimento desses casos.

De agressor a ICAR quer actualmente passar a vitima, vendo nestas criticas um ataque à sua instituição. A estratégia não é nova e não é aplicada apenas em exclusivo pela ICAR. Normalmente é seguida por quem quer desviar a discussão para um campo diferente daquele em que a discussão está.

Um dos problemas dessa estratégia é que a mesma é contraproducente exactamente no campo onde a ICAR quer demonstrar a sua autoritas: o campo da moral. Dado o teor do assunto, não existe acto mais imoral do que o de transformar acusações de pedofilia e encobrimento de pedofilia em ataques à ICAR. Este tema é demasiado sensível para que seja manipulado desta forma.

Mais, numa instituição com regras tão particulares como a que a ICAR tem, deveria ser alvo de uma profunda reflexão e serem tomadas medidas para evitar que tais episódios voltem a acontecer. Não se pode apagar os factos, e muito menos se deve silenciar estes actos, ou ignorar que tal tema assume inportância central na vida da ICAR. Por exemplo a forma como o Cardeal Policarpo reagiu à perguntas do jornalista foi no mínimo indigna de tal representante. Mais, numa altura em que é assumido pela própria ICAR que existe uma taxa de pedofilia nos seus membros, seria muito importante a própria ICAR fazer um levantamento dos casos que ocorreram em Portugal, dado a sua forte presença por cá.

Não se trata de todo de um ataque à ICAR ou aos seus representantes, mas sim tomar a decisão responsável para que não exista mais crimes como os que já ocorreram. E uma coisa eu sei, o tempo é um bem escasso, e enquanto a ICAR escolher gastar o seu tempo em defender-se de ataques imaginários, é tempo que não utiliza na prevenção de novos casos.

4 comentários:

EJSantos disse...

BAsicamente uma palavra: IMORAL.
Pedofilia é crime.`É crime abjecto. É nojento.
Só há uma coisa que pode, que deve ser feita: condenação dos agentes deste crime.
Se alguma instituição sente-se incomodade, isso é muito mau sinal para essa instituição. A ICAR tem a obrigação de fazer melhor. Não faz. Será pior para a ICAR.

Stran disse...

"Será pior para a ICAR."

Gostaria que a mesma perdesse influência por outros motivos, que não estes...

O que me assusta ainda mais é que por cá o silêncio impera!

ml disse...

Nem gosto de falar nisto, preferia não ter que dizer acerca de uma instituição pela qual já não tenho grande respeito. E mesmo eu, que me deixei de metafísicas ainda adolescente – pelos 14 anos já tinha cortado com o pouco que restava – ainda não consegui digerir como é que uma igreja que se auto-intitula ‘santa’, classifica de ‘pecados’ milhares de crimes em série, horrendos sob qq ponto de vista.
Sei que não se pode tomar o todo pela parte e que as instituições não deviam ser postas em causa pelos actos dos seus membros, mas quando o encobrimento chega ao mais alto nível, bispos e papas, alguma coisa de muito doentio se passa no corpo de tal instituição. Na alma então...

Sacudir a água do capote, tentar diluir as próprias culpas em culpas semelhantes na família e na sociedade, é cobardia e falta de decoro. Que raio, as famílias e a sociedade não se arrogam ‘santas’, ‘infalíveis’, ‘representantes de Deus’, nem perseguem, destroem, excomungam por razões doutrinárias, como faz a ICAR.
Os pregadores que andam por aí a esconjurar outras religiões e a proclamar a superioridade do catolicismo, que metam a violinha no saco, dá-me ideia de que a festa chegou ao fim.

Reconheço grandes qualidades morais e humanas em muitos membros da ICAR, tenho um grande respeito pelos que dedicam a vida a minimizar o sofrimento dos mais pobres, mas que se assumam como mais uma ONG e se deixem de transcendências. A moral já se foi.

Anônimo disse...

"Os pregadores que andam por aí a esconjurar outras religiões e a proclamar a superioridade do catolicismo, que metam a violinha no saco, dá-me ideia de que a festa chegou ao fim."

Sim, concordo contigo. Uma religião, enquanto tal sofre sempre do mesmo mal, e mais dia menos dia fica completamente exposta aos seus próprios vicios.

O seu poder - da igreja - , que vai diminuindo, corrompe, e o problema de nunca fazerem uma reflexão auto-critica (que é sempre contrária a qualquer religião) faz com que excessos - com uma factura demasiada elevada - ocorram.

Como ouvi no documentário "Religolous": é pena que tenhamos chegado primeiro à bomba atomica antes de nos termos visto livres da religão...

Ab,

Stran