Hoje vou falar do consumismo. No entanto, não falo daquele significado, em que alguns atribuem um sentido pecaminoso a esta palavra, sendo que deveriamo-nos ver livres desse pecado para que a nossa vida seja impoluta outra vez. Honestamente, eu gosto de “pecar” e julgo que cada um escolhe o seu “pecado”, pelo que é me indiferente se uma pessoa é ou não “consumista”.
Falo do Consumismo enquanto ideologia politica. Sim parece estranho associar esta palavra a uma ideologia, mas se olharmos nesta perspectiva julgo que teremos uma visão mais clara do que se passou nos últimos 15 a 20 anos.
E desta vez vou cometer o pecado capital nº 2 dos bloggers portugueses e vou expor o que considero ser o Consumismo enquanto ideologia em vez de apresentar isto como uma realidade inquestionável.
Antes de mais, devo esclarecer que para mim uma ideologia é uma matriz de regras e valores em que existe um desenho de uma sociedade.
Sendo assim é importante apresentar quais são os valores/regras desta ideologia:
1) Uma pessoa é apenas um consumidor;
Nesta ideologia a pessoa é apenas vista como um consumidor, ou seja, alguém é apenas um agente cuja sua acção única é consumir algo. Esta é a visão central. Assim não é de estranhar que grande parte da legislação é focada no consumidor, criaram-se os direitos do consumidor, organismos para proteger o consumidor, no caso português até entrou na Constituição Portuguesa este direito. O discurso político deixou de falar em cidadãos mas sim em consumidores. Nesta ideologia, é em nome do consumidor que se age, ou por se ser consumidor é que se defende uma posição.
2) Tudo é mercado;
Como só existem consumidores, só pode existir então mercado. Todas as relações humanas e medidas existem em função do mercado. Aliás, nesta ânsia de se tornar tudo no mercado, até a saúde é um mercado. Como alguém acordasse um dia e pensasse: “que doença é que vou escolher hoje? Uma gripe, uma constipação? Se calhar escolho uma gripe, mas das normais que não tenho dinheiro para mais!” e posteriormente escolhesse o tratamento e cuidado adequado.
Aliás, se analisarmos as ultimas alterações nas sociedades, o motor foi sempre a criação de um mercado (a CEE por exemplo, entre outros). Assim só existe mercado e qualquer justificação para determinada medida tem de ser elaborada em função do mercado e da sua eficiência. Direitos Humanos, Dignidade, Igualdade entre os seres humanos e outras motivações são vistas como caducas e por vezes mesmo algo surreal.
3) Só existe Economia.
Dado que uma pessoa é um consumidor e que qualquer relação entre pessoas é vista como mercado, então nada mais natural do que a economia (ciência) ser o centro de tudo (quase mesmo uma nova religião), nomeadamente dos debates e da politica. Assim só existe economia, aliás é sintomático que se confunda ideologia com doutrina económica, por exemplo ao se confundir liberalismo (ou mesmo capitalismo) com a teoria económica neoclássica. Ela não é só inspiração, ela é o fim em si mesmo, e nestes anos aprendemos a avaliar tudo em termos economicos. A eficiência deixou de ser uma medida para ser um fim em si mesmo, e toda a vida humana reduziu-se ao campo económico.
Agora se analisarmos esta ideologia e olharmos para o espectro politico, verificamos que esta foi a única ideologia existente em termos politicos nos ultimos anos. Tanto a esquerda como a direita não saiu das “balizas” criadas por esta ideologia. Daí a sensação de que temos tido que os partidos são todos iguais, são-no porque são várias facetas da mesma ideologia.
O grande problema desta ideologia é que é reducionista. Isto é uma pessoa também é um consumidor, mas não é só um consumidor. Ao assentar numa visão distorcida da realidade, ela acabou por criar as condições para se destruir a si própria. E ao contrário tanta gente apreguou, esta crise não representou o fim do capitalismo, nem sequer no liberalismo, mas sim (pelo menos espero eu) o fim do Consumismo.
Falo do Consumismo enquanto ideologia politica. Sim parece estranho associar esta palavra a uma ideologia, mas se olharmos nesta perspectiva julgo que teremos uma visão mais clara do que se passou nos últimos 15 a 20 anos.
E desta vez vou cometer o pecado capital nº 2 dos bloggers portugueses e vou expor o que considero ser o Consumismo enquanto ideologia em vez de apresentar isto como uma realidade inquestionável.
Antes de mais, devo esclarecer que para mim uma ideologia é uma matriz de regras e valores em que existe um desenho de uma sociedade.
Sendo assim é importante apresentar quais são os valores/regras desta ideologia:
1) Uma pessoa é apenas um consumidor;
Nesta ideologia a pessoa é apenas vista como um consumidor, ou seja, alguém é apenas um agente cuja sua acção única é consumir algo. Esta é a visão central. Assim não é de estranhar que grande parte da legislação é focada no consumidor, criaram-se os direitos do consumidor, organismos para proteger o consumidor, no caso português até entrou na Constituição Portuguesa este direito. O discurso político deixou de falar em cidadãos mas sim em consumidores. Nesta ideologia, é em nome do consumidor que se age, ou por se ser consumidor é que se defende uma posição.
2) Tudo é mercado;
Como só existem consumidores, só pode existir então mercado. Todas as relações humanas e medidas existem em função do mercado. Aliás, nesta ânsia de se tornar tudo no mercado, até a saúde é um mercado. Como alguém acordasse um dia e pensasse: “que doença é que vou escolher hoje? Uma gripe, uma constipação? Se calhar escolho uma gripe, mas das normais que não tenho dinheiro para mais!” e posteriormente escolhesse o tratamento e cuidado adequado.
Aliás, se analisarmos as ultimas alterações nas sociedades, o motor foi sempre a criação de um mercado (a CEE por exemplo, entre outros). Assim só existe mercado e qualquer justificação para determinada medida tem de ser elaborada em função do mercado e da sua eficiência. Direitos Humanos, Dignidade, Igualdade entre os seres humanos e outras motivações são vistas como caducas e por vezes mesmo algo surreal.
3) Só existe Economia.
Dado que uma pessoa é um consumidor e que qualquer relação entre pessoas é vista como mercado, então nada mais natural do que a economia (ciência) ser o centro de tudo (quase mesmo uma nova religião), nomeadamente dos debates e da politica. Assim só existe economia, aliás é sintomático que se confunda ideologia com doutrina económica, por exemplo ao se confundir liberalismo (ou mesmo capitalismo) com a teoria económica neoclássica. Ela não é só inspiração, ela é o fim em si mesmo, e nestes anos aprendemos a avaliar tudo em termos economicos. A eficiência deixou de ser uma medida para ser um fim em si mesmo, e toda a vida humana reduziu-se ao campo económico.
Agora se analisarmos esta ideologia e olharmos para o espectro politico, verificamos que esta foi a única ideologia existente em termos politicos nos ultimos anos. Tanto a esquerda como a direita não saiu das “balizas” criadas por esta ideologia. Daí a sensação de que temos tido que os partidos são todos iguais, são-no porque são várias facetas da mesma ideologia.
O grande problema desta ideologia é que é reducionista. Isto é uma pessoa também é um consumidor, mas não é só um consumidor. Ao assentar numa visão distorcida da realidade, ela acabou por criar as condições para se destruir a si própria. E ao contrário tanta gente apreguou, esta crise não representou o fim do capitalismo, nem sequer no liberalismo, mas sim (pelo menos espero eu) o fim do Consumismo.
Agora é altura das novas ideologias aparecerem e de voltarmos a estar centrados nas pessoas!
2 comentários:
Ó Stran,
não sabia que tinha um blog. Fico agradado por saber que tem um, assim não monopolizamos o espaço do Fiel para a discussão.
Adicionarei à lista de favoritos.
Cumps
Bela supresa! Obrigado pela visita e palavras e que as discussões venham e sejam muitas e boas!
Um abraço e obrigado!
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