Riqueza (II)

No artigo anterior tentei expôr o conceito de consumo como factor de riqueza para o individuo. A ideia é quebrar a ligação automática que existe entre riqueza e dinheiro. Essa ligação é a meu ver errada e deverá ser substituida pela ligação entre riqueza e consumo (isto é, acto de consumir). Assim o nível de riqueza não é aferido pelo nível de dinheiro que um determinado individuo tem mas pelo seu nível de consumo.

Neste artigo queria elevar o nível de análise do individuo para a sociedade (na figura de país). Como determinar o nível de riqueza de determinado país? Seguindo a mesma lógica será através do consumo. Ou dito de outra forma o nível de riqueza do país depende positivamente da capacidade de consumo desse país. Então como podemos aferir se um país é rico ou pobre? Será pelo que consome? Eu diria que sim, o nível de consumo determina o nível de riqueza momentanea (ou no calão financeiro é o seu valor spot) do país.

Mas a este nível é necessário ir um pouco mais longe no conceito para podermos determinar o nível de riqueza do país.

É necessário determinar primeiro o que é que um país pode consumir. Na minha opinião um país apenas consome recursos, e neste caso, temos unicamente 3 recursos para consumir: mão-de-obra (o que as pessoas podem fazer), as matérias primas (ou seja a base para as pessoas poderem fazer algo) e o espaço fisico.

É costume ouvir os politicos e a vox populi dizer que somos um país pobre, mas seremos? Para começar a responder vou partir do cenário de que no mundo só existia o território português.

Neste cenário diria que sim, que somos pobres pois, se isso acontecesse, diminuiamos muito o consumo em comparação com o consumo actual. Porquê? Bem porque não temos nem recursos energéticos (petroleo, etc...) ou nem de matérias primas (falta-nos componentes para diversos bens que existem actualmente). Por outro lado não somos muito populosos pelo que a nossa produção máxima também não seria muito elevada neste cenário. A única vantagem deste ultimo ponto é que por sermos poucos temos mais espaço disponível per capita para consumir pelo que aí seria o único ponto que efectivamente que nos daria riqueza.

Ou seja, num cenário fechado como este não temos um consumo potencial muito elevado (logo a nossa riqueza é baixa), e provavelmente dedicariamo-nos à agricultura, pastoreo, construção de casa, etc, mas estariamos muito longe do ponto actual de consumo.

Então o que nos permite usufruir da nossa riqueza actual? Simplesmente o facto de não vivermos isolados no mundo e de podermos usufruir dos recursos dos outros países em troca de alguns dos nossos recursos. E é aqui que sobressai a importância de duas coisas que muitas vezes é falado mas poucas vezes é explicado:

1) Comércio Externo – como vimos são as trocas com países com outros recursos que permitem elevar a riqueza potencial do nosso país. Só com comércio internacional é que podemos usufruir do bem-estar que temos actualmente. Assim, nunca nos devemos esquecer disso principalmente quando alguns politicos mais populistas começam a ter discursos nacionalistas ou proteccionistas. Nesta optica fica claro que essas medidas irão levar sempre ao empobrecimento do nosso país.

2) Exportações – como eu disse é necessário, para elevarmos a nossa riqueza, utilizar recursos que não são nossos. Para tal existem duas formas: ou em troca damos parte dos nossos recursos futuros para trocar por recursos actuais estrangeiros (divida externa) ou então damos em troca recursos nossos que os outros países valorizam e recebemos recursos dos outros países (exportações). Assim quando os politicos afirmam que as exportações são importantes, eles não nos mentem. Esta é a única maneira de elevarmos a nossa riqueza sem penhorarmos o nosso futuro. A grande questão prende-se com: que recursos nacionais é que os estrangeiros querem? Dos três que apontei julgo que o mais importante é o da mão-de-obra. Historicamente verificamos que os países que apostaram nas suas pessoas são as que apresentam a melhor qualidade de vida a nível mundial.
Embora existiriam mais pontos para falar sobre este tema, deixarei esse debate para quando falar do Dinheiro no próximo artigo.

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