Crise, qual crise?!? (parte 3 de 3)

No 10 de Junho o nosso Presidente tem uma “gaffe” monumental, muito exemplificativo de onde o seu pensamento cristalizou, no entanto e ainda mais grave, existe uma (auto?)censura e a partir das 19h desse dia apenas se poderia visualizar as imagens no youtube, pois mais nenhum telejornal se “atreveu” a pô-la no ar. No meio desta confusão o PNR efectuou uma manifestação ridícula em que apenas choca pelo facto da polícia estar mais interessada em calar quem os apelidava de fascista do que outra coisa. Mas no meio do turbilhão dos camionistas ninguém releva muito estes episódios.

Os telejornais preferem criar o cenário apocalíptico de um País sem gasolina nem gasóleo.

Ora chegamos a quarta-feira e eis a surpresa. Quando estou a ir para o trabalho encontro filas enormes de automóveis para abastecer e o cenário repete-se em todas as bombas de gasolina. Os portugueses esqueceram-se completamente do aumento dos combustíveis, não queriam saber, queriam era ter a ultima gota de combustível. E nesta loucura massificada já não se importaram de pagar mais caro, de gastar mais combustível para ir a uma estação de serviço. O interessante deste movimento foi que ao acreditarem que determinado facto iria acontecer, as pessoas acabaram por o criar artificialmente.

As bombas como é óbvio não estando preparadas para procura tão elevada rapidamente começaram a esgotar empolando ainda mais o pânico e esse pânico foi tal que muitos portugueses nem sequer foram ver o jogo de Portugal…

Como era expectável hoje, quinta-feira o problema ficou resolvido e as bombas já têm gasolina outra vez, os automobilistas têm a carteira bem mais leve do que seria expectável, e as gasolineiras bem contentes pelo aumento de receitas fora do comum. E para nos brindar com tal facto a Galp decidiu voltar a aumentar o preço!!!

13 comentários:

Anônimo disse...

"E para nos brindar com tal facto a Galp decidiu voltar a aumentar o preço!!! "

Justificado pelo pagamento de prémios aos jogadores da seleção.
Agora que decobri o seu blogue, já me pode explicar uma questão que ficou pendente no fiel inimigo. Como pode a Dinamarca, que "inventou" a flexissegurança, ser socialista ?
Cumprimentos, Luís Antunes

Anônimo disse...

Olá Luis,

Desculpa só responder agora mas estive de férias e não vim ao blog.


" Como pode a Dinamarca, que "inventou" a flexissegurança, ser socialista?"

Quanto a esta questão deixo alguns excertos que encontrei no wikipedia:

"Flexicurity (a portmanteau of flexibility and security) is a welfare state model with a pro-active labour market policy. The model is a combination of easy hiring and firing (flexibility for employers) and high benefits for the unemployed (security for the employees). It was first implemented in Denmark by the social democratic Prime Minister Poul Nyrup Rasmussen in the 1990s."

"The high benefits and training provision that this system requires also require a heavy burden of taxation upon the higher earning members of the society. For example, the effective tax rate on income above approximately £35,000 (US$70,000) of yearly earnings in Denmark is 63%"

Existe um equivoco nos escritores daquele blogue relativo aos países escandinavos. Se não estou em erro neste momento o governo é um governo liberal, mas é preciso ter cuidado para não confundir esta realidade com o sistema politico desses países, que são socialistas. Mais propriamente sociais democraticos.

Para se chegar a esta conclusão basta analisar o papel do Estado e os beneficios que os seus cidadãos têm. Todas as politicas implementadas nestes países seriam apelidadas de "comunistas" se fossem defendidas nos EUA, talvez um dos países mais liberais do mundo ocidental.

A própria noção de Estado Social presente nos países Escandinavos (que é mais forte que o nosso) implica que estamos perante um país socialista e não um país liberal.

Os meus cumprimentos,

Stran

P.S. Espero que possa por cá voltar mais vezes e uma vez mais peço desculpa pelo atraso no meu comentário!

Anônimo disse...

Está desculpado.
"and high benefits for the unemployed (security for the employees). "
Quais são os beneficios ? Subsidio de desemprego ? rendimento minimo ?
Por me parecer um tipo simpático, vou-lhe confessar uma coisa - eu já fui de esquerda ! Chocante, não é ?
Mas isso aconteceu nos meus tempos de estudante sonhador e boémio. Quando entrei no mundo real, infelizmente começei logo como patrão, estranhei muitos comportamentos tidos como de esquerda. Pensei - isto não era bem como eu idealizava !
O que leva as pessoas a serem de esquerda é o facilitismo, pelo menos no interior. Estão completamente acomodadas, apenas reagem por impulso, qual reflexo de Pavlov ! Se lhes falam em despedimento, elas respondem com os direitos adquiridos. Dou-lhe um exemplo : há uns meses contratei uma colaboradora porque tinha muito serviço. Passados seis meses o serviço afrouxou. Uma colega mais antiga, da colaboradora, comentou o fraco serviço que tinhamos. Resposta da moça : ainda bem. Resultado : despedi-a. Por acaso só vim a saber desta conversa depois mas sempre me pareceu que a mais antiga era melhor. Sabe que, por lei, tive que pagar, por sete meses de trabalho, todos os subsidios inerentes, claro, e mais três meses de ordenado de indemnização. Trabalhou seis meses, quinze dias de férias correspondentes e mais quinze dias de férias por se ter casado nessa altura, e recebeu dez meses. Acha justo ?
Por estas e por outras é que me arrepiam as cantilenas de esquerda.

""The model is a combination of easy hiring and firing (flexibility for employers) and high benefits for the unemployed (security for the employees)."

Mas se isto é de esquerda, as centrais sindicais são de quê ?

Stran disse...

"Quais são os beneficios?"
Além de um subsidio de desemprego elevado e rápido (que é extremamente importante nestas ocasiões) também existe um forte apoio à formação (poderei depois encontrar mais exemplos).

Infelizmente agora terei de ir mas amanhã voltarei para terminar o meu comentário...

Stran disse...

"eu já fui de esquerda!"

Faz-me muita confusão esta tua mudança, pois para mim ser de esquerda ou de direita implica uma matriz de valores e de personalidade. Esta frase é como dizer que uma pessoa mudou de personalidade...

Para que não haja confusão quando falo de esquerda e direita falo em termos ideológicos e não a nível partidário (mas esta já é uma discussão alternativa).


"O que leva as pessoas a serem de esquerda é o facilitismo, pelo menos no interior."

Aqui estás a ter um juizo de valor que é errado, e é errado porque muitas pessoas são de esquerda por convicção (ao contrário do facilitismo) e errado porque estás a ser preconceituoso extrapolando a tua experiência pessoal com uma realidade global.

Mas foi bom passares por aqui, sempre tens a oportunidade de conhecer uma pessoa de esquerda que o é não por facilitismo, mas por convicção.

"Estão completamente acomodadas, apenas reagem por impulso, qual reflexo de Pavlov!" Isto é um julgamento de personalidade que tanto se adequa a quem é de esquerda e a quem é de direita.

"Trabalhou seis meses, quinze dias de férias correspondentes e mais quinze dias de férias por se ter casado nessa altura, e recebeu dez meses. Acha justo?"

Para que não haja dúvidas sim, mas não tanto pelo exemplo que deste, mas pelos motivos pelo que esses direitos foram criados. Vamos por partes:
- Direito às férias de casamento: são criadas pois este é o periodo de inicio de vida, em que duas pessoas iniciam a sua vida conjunta, além da tradicional lua de mel, existe um sem numero de afazeres (burocracias).
- Direito a férias: servem para que as pessoas possam recuperar mentalmente e fisicamente de um ano de trabalho, foi criado para aumentar a qualidade de vida e dessa forma aumentar a produtividade do próprio colaborador e diminuir a sua propensão a doenças derivadas de stress do trabalho;
- Indeminização por despedimento: é um desincentivo ao despedimento e uma compensação pelo facto de um determinado trabalhador perder o seu rendimento;

No exemplo que deste é um sem dúvida atipico e não é por esse exemplo que os direitos deixam de fazer sentido ou não são justificáveis. Eu costumo seguir a regra de não pagar o justo pelo pecador.

Mas não deixa de ser interessante que a entrada no mercado de trabalho tenha tido efeito contrário em ambos. E embora não tenha entrado como empresário entrei como director.

E são inúmeros os casos contrários que te poderia dar e devo te dar os parabéns, a maneira como agiste não é a maneira habitual de um patrão. Pelo que me tenho apercebido o normal é não pagar indemnização e muitas vezes nem as férias. E aí julgo que era interessante canalizares as tuas forças, pois mais do que existirem direitos a mais ou a menos, existe muita gente que age como tu estando no mercado com uma vantagem em comparação a ti.
Essas empresas deveriam sair do mercado pura e simplesmente...

Mas poderemos analisar outro exemplo que veio nas noticias a Delphi! Como é que achas possível esta empresa só oferecer aos trabalhadores meio mês de compensação por cada ano de trabalho?

Finalmente, gostaria de te dizer que vi ao longo da minha curta vida exemplos ainda mais grotescos do que tu deste, no entanto isso apenas me reforça a necessidade de existir um maior controlo e uma mudança a nível de tribunal e da forma como a justiça actua, sendo que em Portugal existem duas realidades bem distintas e opostas.

"Mas se isto é de esquerda, as centrais sindicais são de quê?"

Infelizmente são do PCP e do BE e muito pouco inteligentes.
Um dos grandes problemas da actualidade é que os trabalhadores estão cada vez menos protegidos, quer pela perda de direitos a nivel de legislação quer a nível da actuação dos sindicatos que têm objectivos politicos partidários em vez de objectivos de defesa dos trabalhadores.

Já negociei várias vezes com sindicatos e existem algumas pessoas honestas e boas, no entanto quando tive o meu maior problema entraram em cena os pesos pesados e foi aí que vi que essa máquina apenas se interessa pela componente politica partidária.
Perdem os trabalhadores e perde o país como um todo.

Anônimo disse...

"Além de um subsidio de desemprego elevado e rápido (que é extremamente importante nestas ocasiões)"

Rápido em que sentido ? de pouca duração ?
Sabe, eu concordo inteiramente com a famigerada flexissegurança. Mas o problema é que nunca será implementada no nosso país pois não temos, desculpe o termo, tomates para isso. Num país de brandos costumes sempre à espera que os amanhãs cantem ou o D. Sebastião apareça no tal dia de nevoeiro, é impossivel fazer reformas em condições. O maior reformista que tivemos foi, na minha opinião, o marquês de pombal. Um déspota, mas no bom sentido, reformista. Naquela altura podia-se fazer reformas dado que havia estabilidade politica. Pudera, era uma monarquia.
Já reparou que há dois tipos de esquerda ?
A esquerda elitista, constituida por intelectuais, pouco dados à pratica, muito mais interessados pela teoria e ideias abstractas.
A esquerda proletária, constituida por trabalhadores com pouca instrução, a quem lhes basta soprar ao ouvido equidade social para os ter na mão.
Resumindo, a esquerda vai do oito ao oitenta. Não tem meio termo e eu sempre ouvi dizer que no meio está a virtude. Quem está no meio, pergunta o stran ?
A classe média, caro stran. Os pequenos e médios empresários, profissionais liberais, quadros superiores, etc. Ou seja, trabalhadores qualificados. Com iniciativa. Os verdadeiros motores do país.
Gente com estudos mas também com vontade de trabalhar, com iniciativa. E estes não são destas esquerdas, certamente.
O problema é que são a minoria. A maioria, por culpa da velha senhora, é constituida pela segunda esquerda, guiada, tal e qual ao encantador de flauta das fábulas infantis,pela esquerda intelectual. Concluindo, temos um proletariado acomodado, sem ambição e qualificação para subir na escala social, e os nossos intelectuais são os principais culpados dessa inércia. Aproveitam-se da credulidade do povo para venderem a banha da cobra esquerdista. Para eles, o povo está muito bem assim como está, ignorante e amorfo.

Anônimo disse...

Stran, reconheço esses direitos aos trabalhadores. Não preciso que me os recorde. Não sou assim tão facho.
Posto isto, apenas lhe recordo que se tive que despedir por alguma razão foi.

"- Indeminização por despedimento: é um desincentivo ao despedimento e uma compensação pelo facto de um determinado trabalhador perder o seu rendimento;"

Então a flexissegurança, stran ? Decida-se de uma vez, não pode ir aos ziguezagues. Se defende isto, uma completa antagonia da flexissegurança, não apelide a dinamarca de socialista que eles podem-no levar a mal.

E para que fique bem claro, não sou de direita. Apenas deixei de defender a esquerda. Actualmente não me revejo em facção nenhuma, concordo com opiniões de um lado e do outro porque já não uso as palas da retórica esquerdista.

Anônimo disse...

O caso da Delphi é sintomático do que sucede quando se dá ouvidos à esquerda. Eles preferem não ter salários do que ter salários baixos. São as melhores politicas de que o lidador falava noutro dia.
Portugal era, até há uns anos, um paraíso para as multinacionais. Pouca formação, salários baixos, a combinação ideal para produção em serie. A consequência disto foi um país em pleno desenvolvimento, um aumento da escolaridade. Reparou que foi na década de noventa que o número de licenciados aumentou exponencialmente ? Toda a minha gente, com vontade obviamente, ia para a faculdade. Até eu fui. Sim, porque também ainda sou novo. Quer dizer, os salários eram baixos mas sempre davam para um casal se governar e mandar os filhos estudarem. Enquanto isso, a ecónomia do país florescia, a formação do pessoal mais novo aumentava, o desemprego era quase residual. E estava tudo mal, segundo a esquerda ! Agora, com a deslocalização, estamos muito melhores. Já não se pratica a politica de salários baixos, como gritava o carvalhas e o cunhal. Agora pratica-se a politica do salário zero, que é muito melhor.

Stran disse...

Caro Luis,

"Posto isto, apenas lhe recordo que se tive que despedir por alguma razão foi."

Nem sequer duvidei disso.

"Então a flexissegurança, stran ? Decida-se de uma vez, não pode ir aos ziguezagues. Se defende isto, uma completa antagonia da flexissegurança, não apelide a dinamarca de socialista que eles podem-no levar a mal."

Uma coisa não tem nada haver com outra, a flexibilidade em se despedir está ligada aos motivos que justificam o despedimento e não tanto aos direitos de compensação.

"E para que fique bem claro, não sou de direita. Apenas deixei de defender a esquerda. Actualmente não me revejo em facção nenhuma, concordo com opiniões de um lado e do outro porque já não uso as palas da retórica esquerdista."

Quando falo que sou de esquerda é em termos ideológicos e não partidários. E eu utilizo a minha própria "retorica" a defender determinada posição.

"O caso da Delphi é sintomático do que sucede quando se dá ouvidos à esquerda. Eles preferem não ter salários do que ter salários baixos. São as melhores politicas de que o lidador falava noutro dia."

Está enganado neste caso, a Delphi é o caso sintomático de uma má gestão que não soube preparar a politica à realidade em que vivemos, ou seja não evolui. Pior que isso, nem sequer soube prever o que lhe ia acontecer de forma a assegurar ao seus trabalhadores os direitos a que têm direito, e isso para mim deveria ser criminalizado.

"Portugal era, até há uns anos, um paraíso para as multinacionais. Pouca formação, salários baixos, a combinação ideal para produção em serie. A consequência disto foi um país em pleno desenvolvimento, um aumento da escolaridade."

Conclusão errada.
Tenho agora de ir almoçar, volto para comentar esta frase depois de almoço, mas deixu-lhe um desafio: tente analisar os ultimos 25 anos e o modelo de desenvolvimento que Portugal escolheu.

Anônimo disse...

Stran,

O que é, então, para si esquerda ? Defina a "sua" ideologia.

Vou tentar definir os ultimos 25 anos.
Em termos economicos, portugal teve excelentes oportunidades mas não as soube aproveitar. E porquê ?
Porque não tivemos governantes à altura. A seguir ao 25 de abril, portugal era um pântano, era um salve-se quem puder. Depois veio a união europeia mas desperdiçamos os subsidios com futilidades. Foi quase um "dejá vu" da altura dos descobrimentos, quando o ouro trazido do brasil era trocado por bugigangas. Eramos, e somos, um mero entreposto de divisas. Tal como o ouro dos descobrimentos, os subsidios europeus deveriam ter tornado portugal competitivo economicamente, com uma aposta clara nas infra-estruturas e modernização. Os nossos governantes foram, na minha opinião, os grandes culpados. Todos os subsidios deveriam ter sido fiscalizados, todos os projectos de então rigorosamente acompanhados e, last but not least, uma clara aposta na educação. As reformas levadas a cabo agora, deveriam ter acontecido em 1985. Estamos atrasados 20 anos com a agravante da torneira dos subsidios estar a fechar.





Continuo sem perceber a sua noção de flexissegurança. Para mim, consiste num incremento de competitividade no mercado de trabalho.
Em relação à delphi, é mais um caso de deslocalização. Não tem que ver com previsões, evoluções ou outras confusões. É um mero oportunismo economico. Se não criarmos condições para as empresas, elas deslocalizam-se. O que não falta são países a piscarem-lhe os olhos. É o mal de portugal, julgamo-nos melhores que os outros, esquecendo o facto de sermos um país periférico, sem grandes riquezas naturais.
O que me faz especie no povo português é a falta de humildade. Sem formação nenhuma queremos ganhar o mesmo que os outros. Queremos empregos vitalicios. Queremos todo o tipo de ajudas e subsidios estatais.

Stran disse...

Agora que nos afastamos das decadas de 80 e 90 podemos analisar com mais frieza e rigor o que aconteceu nesses anos.

Durante a decada de 80 entrámos na CEE, e com esse facto entraram muitos milhões. Para além disso nessa altura ainda tinhamos a politica monetária em "nosso" poder, sendo que o mesmo era exercido infelizmente pelo governo.

Nessa decada o enfase e sustentação de todo o nosso crescimento era derivado de uma forte politica de construção e obras publicas. Decidiu-se que o que faltava a Portugal era autoestradas, centros culturais e outras infrestruturas. Beneficiou-se muito este sector que cresceu e passou a ser um dos vectores da nossa economia e do mundo politico.
Para nosso mal também se abusou da politica monetária desvalorizando o Escudo como forma de tornar as nossas exportações mais competitiva.

Como o ciclo económico ajudava ninguém via nenhum mal disto.

Entrou-se assim na decada de 90 e com uma crise mudou-se de governo. Este continuou a seguir a mesma politica de obras publicas e de privatização como fonte de financiamento dessas actividades.

Outra vez por força da União europeia procedeu-se a uma contenção do deficit e da inflação. No entanto esta decada seria marcada pelo crescimento sustentada pelo aumento do consumo. Este aumento do consumo não se deveu a um aumento substancial das exportações/produção mas sim do acesso de crédito. Assim as familias conseguiam ter um aumento da sua condição de vida mesmo com os seus magros salários.
Os fundos diminuiram (salvo erro) para as obras e aumentaram para a formação. Desta forma, tal como cogumelos apareceram também empresas de formação com actividades muitas vezes dubias. Quanto ao sector das obras publicas foi a epoca dourada da rotunda.

Chega finalmente a primeira decada do novo milénio e uma crise mundial forte abala por completo a estrutura até agora seguida pelos nossos governantes.

E eis que chegamos a 2008 em que verificamos que se calhar cometemos demasiados erros e que começa a chegar a hora de pagá-los.

Apostamos numa industria precária e que não soube se tornar competitiva internacionalmente, pelo contrário tornou-se numa especie de mafia que engole lentamente o país. A nossa paixão pela educação é platónica e tal como na decada de 80 verificamos um enorme gap educacional e cultural relativo ao resto da europa. O nosso Estado engordou, graças ao nosso desleixo e serve apenas os interesses particulares e não o bem comum.

Bem poderia continuar, sei que esta analise é parca e deveria ser aprofundada, mas estes "erros" não estão ligados a nenhuma ideologia, a nenhum postulado e antes que alguém possa implementar verdadeiramente um governo com uma governação ideológica existem demasiados problemas que precisam de ser resolvidos. (se quiser até poderemos debater este ultimo ponto com mais detalhe).

E esquerda e direita é uma questão ideológica que serve de guideline a uma boa governação, no entanto a pratica destes governos é prova que nem são de direita nem de esquerda...

Stran disse...

Caro Luis,

Ainda não tinha lido quando escrevi. Concordo com a sua análise do País.

"O que é, então, para si esquerda ? Defina a "sua" ideologia."


Vai ser dificil explicar em poucas palavras mas vou tentar.

Esquerda é defender como principios A liberdade, a igualdade e a Justiça.
Estes principios deverão ser sempre ponderados mas nunca negligenciados (não existe um superior a outro).

Esquerda é defender um Estado social que garanta a existencias destes principios e a diminuição da pobreza e das disparidades sociais. Como Estado Social deverá garantir Segurança Social, Saude Publica, Educação e deverá intervir na sociedade a nível económico caso seja necessário, assumindo ao mesmo tempo um papel de regulador e de actor (sendo que este ultimo papel deverá ser escolhido com muito cuidado).

Ser de esquerda é agir tendo em mente o máximo beneficio das pessoas, como tal não deverá desperdiçar nem um único Euro em obras ineficientes ou actividades superfulas (não confundir com o papel do Estado).

A esquerda que eu defendo como é obvio mais que compatível com o mercado livre e a iniciativa privada (a negação disso seria a negação do principio da liberdade).

Além disso sou democratico republicano e defendor do estado de direito (mas julgo que isto são valores supraideológicos da dictonomia esquerda direita).

Pode ser um pouco confuso, no entanto se me perguntar casos concretos talvez se torne mais explicito o que considero esquerda e direita.




"Em relação à delphi, é mais um caso de deslocalização. Não tem que ver com previsões, evoluções ou outras confusões. É um mero oportunismo economico."

Se o assim é então terá de pagar a indeminização como um todo.
No entanto julgo que me enganei no exemplo, acho que me queria referir a uma empresa das Caldas e se assim for a minha análise está incorrecta como é obvio.

Quanto à deslocalização, para mim desde que devolvam todos os beneficios caso não cumpram contrato não vejo grande problema.
Aliás nesse aspecto actividade que seja ineficiente deverá ser terminada...

"É o mal de portugal, julgamo-nos melhores que os outros, esquecendo o facto de sermos um país periférico, sem grandes riquezas naturais."

Eu acho precisamente o contrário, nós julgamo-nos pior que os outros, por isso a unica coisa que vemos como vantagem é o baixo salário, o que não é verdade.
Além de que temos bastantes riquezas por explorar, nomeadamente espaço (lisboa é um exemplo), floresta, mão de obra produtiva,criativa e dedicada se for correctamente motivada.
Ok, talvez seja um pouco optimista, mas o meu curso moldou-me o pensamento de forma que penso sempre que em cada problema também existe uma enorme oportunidade.

"Sem formação nenhuma queremos ganhar o mesmo que os outros. Queremos empregos vitalicios. Queremos todo o tipo de ajudas e subsidios estatais."

É verdade principalmente a ultima parte. E isso é identico para trabalhadores e empresários.

Stran disse...

"Continuo sem perceber a sua noção de flexissegurança"

Garantir a flexibilidade do mercado de trabalho com a segurança de rendimento. Isto só é possível se os subsidios forem colocados à disposição rapidamente (de um dia para o outro) e durante bastante tempo, assim como deverá ser combinado com uma politica de formação que deverá ser devidamente adequada às necessidades presentes e futuras da economia.