Declarações infelizes...

Há dias assim. Uma pessoa acorda, vai para o trabalho e no meio da fila de transito iga o carro para ouvir as notícias. E eis que é confrontado com declarações no mínimo infelizes de uma pessoa que lidera o partido da oposição:

"O Objectivo da Família é a procriação".


São frases como estas que nos fazem acordar para a realidade. Portugal ainda é muito retrogado em termos sociais. É a unica explicação para que ainda ouçamos este tipo de afirmações. Primeiro, julgo que o objectivo da familia é determinado pela própria familia. Pensava eu, que na minha familia nós é que decidiamos o nosso próprio destino e que a familía iniciava-se quando duas pessoas decidem partilhar a sua vida porque gostam uma da outra. Parece que para alguns isso não acontece e parece que para essas pessoas afinal só nos juntamos para copular com o objectivo de procriar. Aliás ao que parece é que caso decidamos não procriar então deixamos de ser uma familia. Todas aquelas histórias e lengalengas que quando ocorre um casamento acontece parece afinal que não fazem sentido nenhum e que deveriam serem substituidas pelo seguinte:


"Maria, aceita José para seu esposo e procriar com ele?


e


José, aceita Maria para sua esposa e procriar com ela?"


Convenhamos que simplificaria bastante o casamento.


Mas ainda mais interessante é a como apareceu esta frase. Esta frase apareceu como justificação para ser contra os casamento entre homossexuais. Ora isto é de uma desonestidade brutal, sabendo nós que casais homossexuais não podem ainda adoptar crianças, esta justificação pode apenas serve para camuflar um preconceito ainda vigente em alguns sectores da nossa sociedade.


Ok, poderão me dizer que a Ferreira Leite estava a falar no acto de gerar uma nova vida (manifestamente impossível no caso dos casais homossexuais). Se assim for então ainda se tornam mais infelizes, pois assim estaria a defender que um filho adoptado não fosse considerado parte do agragado familiar e não deveria dar direito a incentivo fiscal e isso julgo que nem o conservadorismo, tanto da Ferreira Leite como da nossa sociedade, iria tão longe.

4 comentários:

ml disse...

stran, a manelita faz alarde do estafado 'politicamente incorrecto' e com isso julga-se parte de uma elite especial.
Só faz política quando o neto não precisa dela, só aparece nos media quando tem uma mão-cheia de nada, aceita os homossexuais desde que não tentem pôr-se em bicos de pés. E aceita beatificamente milhares de crianças abandonadas em instituições para não admitir que quem tudo faz para adoptar, é porque deseja muito constituir laços de família com essa criança que mais ninguém quis. Duas partes ansiosas por se encontrar - adoptantes e adoptados - e a ignorância ou estupidez daqueles que dizem querer potegê-las nunca possibilitarão às crianças ter alguém a quem possam chamar mãe ou pai.

Stran disse...

"e a ignorância ou estupidez daqueles que dizem querer potegê-las nunca possibilitarão às crianças ter alguém a quem possam chamar mãe ou pai."

Isto é o que me custa mais, eu condicionar a minha vida à minha própria estupidez é legitimo, mas eu condenar a vida inteira de outras pessoas por causa da minha estupidez é criminoso!

Nunca tive contacto directo com orfanatos mas pessoas que conhecem essa realidade contam-me histórias de arrepiar...

P.S. Ainda bem que apareceste, já algum tempo que te queria fazer um convite, sempre que queiras participar, ou escrever um artigo é só enviares um mail que tens aqui um espaço para ti (e se quiseres pertencer ao blogue é obvio que também estavas convidada).
Outro convite que gostava de te dar era para escreveres um artigo temático sobre a imigração (que vai ser o próximo dossier criado).

ml disse...

Obrigada pelo convite, stran.

Sabes, eu não tenho a disciplina necessária para alimentar regularmente um blogue. Também não tenho tido muito tempo, mas talvez daqui a uns meses seja diferente.
Quando surgir uma aberta é com todo o gosto que o farei.

Stran disse...

Ok, sem problemas. Sabes que tens aqui sempre uma porta aberta.

P.S. Quanto à questão de alimentar um blogue, essa exigência apenas recai em mim e não em mais nenhum dos outros escritores deste blogue que já teve outros autores que entretanto seguiram outros caminhos. O que eu quero dizer é se algum dia aceitares o convite para escreveres neste blogue não quero que sintas qualquer pressão para escrever regularmente. Escreves quando te apetece e sobre o que te apetecer.