Medo

O medo é importantíssimo para o Ser Humano. Foi graças a esta emoção* que conseguimos sobreviver ao longo de eras e evitamos a extinção. Sendo uma das emoções mais básicas da nossa espécie ela é por natureza irracional.

No entanto o Ser humano evolui para um ser de racionalidade mais complexa, sendo que todo o nosso sistema emocional se tornou muito complexo, ao mesmo tempo que a nossa racionalidade evoluía.

No entanto embora esta emoção ainda seja muito útil, ela começa a carregar alguns aspectos negativos para o ser humano, quer individualmente quer em sociedade.

Individualmente são cada vez mais os casos em que uma pessoa tem um ataque de pânico e que esse mesmo ataque, sendo desprovido de ameaça real condiciona o nosso trabalho.
Enquanto sociedade o seu efeito é ainda mais nefasto. Normalmente o medo é utilizado como a solução mais fácil para se atingir determinado fim e quando o é a consequência pode ser devastadora. Por exemplo o medo da insegurança foi utilizado por Hitler como força motora do seu apoio. Sem ele, sem o medo, Hitler nunca chegaria a ser conhecido.
Hoje também o medo está a ser utilizado para ultrapassar determinados obstáculos.
O medo de instabilidade laboral (vulgos despedimentos) está a ser utilizado para fazer com que as pessoas aceitem perder direitos sem que seja criada uma alternativa. Todo este medo é a grande força motriz do mundo actual, o medo do desemprego, o medo do terrorismo, etc…

Só que apelar a uma emoção tão básica dará também uma solução básica, diria mesmo básica demais para poder vir alguma coisa de boa dela!

...por outro lado ando Pessimista!

No seguimento do artigo de ontem poderá parecer que sou um pouco esquizofrénico. Embora admita que sou um pouco, o meu pessimismo aparece quando olho para Portugal nesta conjuntura de crise.
Portugal é ainda um país pobre, com uma cultura pouco desenvolvida, com mão de obra pouco qualificada, com um Estado ineficiente e empresários também igualmente ineficientes. Com um retrato como este é dificil não ficar pessimista.
A crise dos camionistas apenas serviu para ver que Portugal, como um todo, não está preparado para tempos difíceis e o pânico instalou-se rápido demais. Ainda temos um pensamento estratégico de curto prazo (quando o temos) e nesse contexto é difícil ultrapassar uma crise. E o mais provável é que Portugal acabe por perder esta oportunidade que a crise trará para se desenvolver e continuaremos a ser um país mediocre.
É que Portugal é um dos países que mais terá a ganhar com a mudança energética pois poderá, depois de um século de dependência energética, trazer uma menor dependência.
No entanto julgo que este meu pessimismo (que por vezes parece crónico) é ultrapassado em larga medida pelo meu optimismo. O meu pessimismo serve apenas para tornar visível as dificuldades inerentes à nossa realidade, em nada afecta a minha esperança de que poderemos mudar o curso dos acontecimentos.
Não só podemos como temos as capacidades para tal!!!

Por um lado ando optimista...

Ando ultimamente optimista. Sei que a conjuntura actual não é a mais favorável a optimismos, afinal caminhamos para uma forte recessão económica. No entanto como em qualquer crise, existem inumeras oportunidades para melhorar a nossa vida.
E esta crise poderá vir a modificar brutalmente a nossa forma de viver. Este facto deriva do centro da crise: a energia. No ultimo seculo toda a nossa expansão foi sustentada em formas de energia baratas, que permitiu a introdução de muitas tecnologias que por sua vez revolucionaram literalmente a nossa vida e a nossa sociedade.
Só que a nossa principal fonte de energia tinha problemas associados: era concentrada e escassa. Isto fez com que verdadeiros impérios fossem erguidos e que os detentores da fonte de energia fosse muito poderoso.
Ora no inicio deste seculo começa realente a escassear a fonte de energia e com esse facto o grande beneficio que tinhamos (energia barata) evapora-se. No entanto dado o desenvolvimento trazido pelo seculo passado hoje começamos a ter alternativas e essas alternativas poderão trazer grandes beneficios e permitir uma nova revolução.
As energias renováveis, são na sua essencia, mais distribuidas e mais "democráticas", farão com que cada um de nós possa produzir a sua própria energia e fará com que acabem as relações de dependência que tantos problemas trouxeram ao mundo. São também menos poluidoras e esse é um ganho per si. E como não se esgotam existirá sempre oferta para manter os preços baixos, libertando mais recursos para outras actividades.
Esse futuro ainda não é hoje, mas é hoje que se começa a desenhar esse futuro, e parece-me um futuro melhor que o presente actual!

Com o dinheiro de todos eu também ajudo...


Por mais de uma vez eu deixei claro que defendo um Estado Social, mas tal não é sinónimo de que defenda qualquer tipo de benefício cego e muitas vezes injustificável.


Soube hoje atravez do site da CML que a camarã vai isentar os taxistas de "taxas de publicidade nos táxis" com o objectivo de " apoio prestado a um sector atingido pela actual crise dos combustíveis, esta medida visa incentivar o uso dos transportes públicos, em detrimento do particular".


Ora dada a conjuntura actual e a situação da CML parece-me estranho que tal decisão tenha ocorrido.


O primeiro motivo pelo qual esta decisão é má é pelo simples facto de existir um apoio ao uma actividade económica por parte da camarã que tinha sido recusada pelo Estado e governo, ou seja dá uma imagem de que se tenta contornar a barreira mediatica criada a nível nacional.


Depois é para mim estranho que a CML que tem pouco dinheiro não tenha problemas em perder mais dinheiro, neste caso priveligiando uma actividade económica. É uma forma de artificialmente sustentar uma actividade económica, e sabemos o que é que acontece nestes casos.


Admira-me também, que se dê subisidio a pessoas que até podem não ser do Municipio quando as pessoas que vivem também sofrem do mesmo mal.


Finalmente e completamente bizarro é a justificação que a CML dá para esta medida, se por um lado serve para que os taxistas consigam suportar os aumentos dos combustíveis, por outro lado defende que esta medida fomentará o transporte colectivo.


Gostaria o que levará a CML a acreditar que não diminuindo o preço dos taxis nós passaremos a utiliza-lo e que, se pretendemos utilizar um transporte colectivo, não escolheremos uma mais barato como seja qualquer outro tipo de transporte publico?

Adeus ao Europeu

Ontem foi com tristeza que assisti à despedida da selecção. Jogaram bem e fizeram um bom campeonato embora abaixo do que poderiam ter rendido. Imediatamente a seguir ao apito final assaltou-me aquele pensamento tão típico de procurar culpados. Scolari? Jogadores? Arbitros?

Acabei por esperar que outros fizessem esse exercicio. Hoje de certeza muitos cruxificarão o treinador, ou algum jogador, que o façam, eu já me cansei dessa actitude.

No entanto, no meio deste processo dei por mim a me interrogar: Com tanto dinheiro envolvido como é que ainda se permitem erros como o penalty do Nuno Gomes e o lance que deu direito ao 3º golo?

Tratado de Lisboa e falso argumento

Escrevo este artigo em resposta a um desafio lançado por Paulo Porto num artigo publicado no Fiel Inimigo. Escrevo também em resposta a blogues como o Arrastão de Daniel Oliveira ou o Sem Muros de Miguel Portas e outros que acusam o novo Tratado de Lisboa de tornar a União menos democrática, um argumento que é falso e enganador.

Julgo que num debate ambas posições são válidas desde que se sustente a sua argumentação em factos verdadeiros e não se alimente a sua defesa na criação de medos artificiais e falsos.

Muitas posições defendidas pelos partidários do “Não ao Tratado” são válidas (embora na minha opinião não são impeditivas), no entanto existe uma que a meu ver apenas cria uma falsa realidade. Esse argumento é o seguinte:

“Com este Tratado a União Europeia fica menos democrática”

Ora como já argumentei isto é falso e desonesto, levando algumas pessoas a tomar uma decisão baseada numa mentira. Um dos argumentos que utilizei para ter esta posição é pelo facto de o Parlamento Europeu ver os seus poderes reforçados. E isso faz com que a União Europeia seja mais democrática e não o seu oposto.

O Parlamento Europeu é o único órgão eleito directamente por todos os cidadãos europeus e daí, na minha opinião, o mais democrático. Tal como vem definido no novo Tratado de Lisboa (para ler clickar aqui) os seus poderes são:

“Artigo 9.o-A
1. O Parlamento Europeu exerce, juntamente com o Conselho, a função legislativa e a função orçamental. O Parlamento Europeu exerce funções de controlo político e funções consultivas em conformidade com as condições estabelecidas nos Tratados. Compete-lhe eleger o Presidente da Comissão.”

O reforçar deste poder deriva da introdução de novas pastas que terão necessariamente de passar pelo Parlamento, tal como poderemos ler:

“Começando pela matéria legislativa, o procedimento de co-decisão (rebaptizado «processo legislativo ordinário») é alargado a vários domínios. O Parlamento Europeu vai assim adquirir um verdadeiro poder legislativo, em pé de igualdade com o Conselho, em relação a determinadas matérias sobre as quais actualmente não intervém ou é simplesmente consultado. É o caso, nomeadamente, da imigração legal, da cooperação judiciária penal (Eurojust, prevenção do crime, aproximação das normas penais, infracções e sanções), da cooperação policial (Europol), bem como de determinadas disposições no domínio da política comercial ou da política agrícola comuns. O Parlamento Europeu passará assim a intervir na quase totalidade dos dossiês legislativos.” (retirado daqui)

Ou seja o órgão cujos “3. Os membros do Parlamento Europeu são eleitos, por sufrágio universal directo, livre e secreto, por um mandato de cinco anos.” (texto retirado do Tratado de Lisboa Artº 9º-A), passará a ser fundamental para a aprovação de quase todas as leis, sem dúvida um passo no caminho de tornar a União Europeia num espaço mais democrático.

Mas este não é o único passo. Julgo que a possibilidade dos cidadãos poderem participar directamente em propostas de legislação um ganho para uma União mais democrática. Esta possibilidade é introduzida no artigo seguinte:

“Art 8ºB –
(…)
4. Um milhão, pelo menos, de cidadãos da União, nacionais de um número significativo de Estados-Membros, pode tomar a iniciativa de convidar a Comissão Europeia a, no âmbito das suas atribuições, apresentar uma proposta adequada em matérias sobre as quais esses cidadãos considerem necessário um acto jurídico da União para aplicar os Tratados.”

Esta é uma medida introduzida pelo Tratado de Lisboa que uma vez mais contradiz a noção de que este novo Tratado torna a União menos democrática.

Este artigo já vai longo, no entanto ainda gostava de referir que todos os órgãos com poder legislativos, orçamentais ou executivos são de uma forma directa (Parlamento Europeu) ou indirecta (Conselho, Presidente da Comissão, e Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança) são eleitos democraticamente.

Como se pode verificar quem afirma que “Com este tratado a União Europeia fica menos democrática” apenas está a mentir ou a acreditar numa mentira criada por quem sabe que o Tratado de Lisboa é um texto difícil de ser lido, por quem na ânsia de bloquear este Tratado não olhe a meios para defender a sua posição.

P.S. Não democrático é cerca de 800.000 cidadãos da União Europeia terem a capacidade de bloquear o destino de milhões de cidadão da mesma União.

Variantes "Tuga(s)"

Este blogue está em processo de transformação. Uma transformação pacifica. Para quem acompanhou o mês de Maio verificou que todo esse mês serviu para criar o dossier sobre liberalismo, com entrevistas, artigos escritos por outras pessoas, alguns artigos de opinião escritos por mim, e participação de outro blogues.

Esta é a nova variante Tuga que tentarei, com calma implementar. Este espaço priveligiará dossiers sobre um tema especifico, elaborando entrevistas e pedindo a participação de outros blogues. Desta forma espero dar a conhcer pontos de vista diferentes daqueles que dominam o mundo dos blogues e juntar mais pessoas para debater sobre determinado assunto.

Continuarei a escrever os meus artigos de opinião e de comentário da realidade portuguesa mas com menor periodicidade, sendo que a longo prazo espero que quase não existe e os artigos sejam dedicados ao tema do dossier em aberto.

Gostaria também de agradecer a todos os que me ajudaram a criar o dossier "Liberalismo" pois sendo este o meu primeiro teste nesse formato a vossa participação deu-me esperança que esse formato tenha sucesso.

Sei que vou ter que ter bastante paciência pois em Portugal é dificil obter uma resposta de outros blogues (não existindo uma cultura de co-participação muito desenvolvida), no entanto dos que recebi, não posso de uma vez mais vos agradecer.

Resta-me desejar que gostem desta nova variante do Tuga e que não se assuntem quando um "Stran_ger69" vos enviar um mail. O mais provável é que seja um pedido para participar num dossier qualquer...

Crise, qual crise?!? (parte 1 de 3)

Definitivamente a palavra crise entrou na moda e no vocabulário dos Portugueses. Não existe nenhum noticiário que não a contemple o Jornal que não tenha esta palavra na sua primeira página.

No entanto agora que os ânimos estão um pouco mais serenos, talvez seja interessante fazer um flashback para recapitular os vários incidentes e algumas ironias. Tudo se iniciou com um aumento sucessivo do preço dos combustíveis. Rapidamente as pessoas acordaram para a realidade de que o petróleo está a subir e de que continuará a subir.

Numa primeira reacção, as pessoas, descontentes com os sucessivos aumentos de preço e correspondentes aumentos de lucros dessas empresas, protestaram contra tal facto. No entanto rapidamente vieram a terreno alguns “opinion makers”defender a "peregrina" ideia de baixar o ISP para que tenhamos igual nível de impostos com Espanha. Ora não sendo novidade, o “timming” não poderia ter sido mais certo para criar pressão nesse sentido, e não poderia ser mais desadequada para o problema em questão. Esta redução só teria efeito a curto prazo e penalizaria todas as pessoas (mesmo as que não têm carro e utilizam meios de transporte mais eficientes). Adiaria os efeitos do problema (crescimento do preço do petroleo) e como todos sabemos isso apenas serve para criar um problema bem maior no futuro.

No entanto a defesa desta medida acabou rapidamente por se instalar nos serviços que mais consomem derivados de petróleo e ainda antes que os automobilistas pudessem organizar uma manifestação já os armadores de pesca começaram o seu protesto. Os ânimos exaltaram-se e verificamos que pela primeira vez a polícia falhou.

Entretanto e em protesto os automobilistas organizaram um boicote a algumas marcas de combustíveis (não se esqueçam deste facto).

Crise, qual crise?!? (parte 2 de 3)

Os armadores entraram em negociação e conseguiram benefícios. Entretanto dado a possibilidade de sucesso os camionistas também iniciaram uma “greve” que mais parecia o lockdown. No início foi calmo e o nosso governo pensou que com o Euro tudo ficasse resolvido. Não poderia estar mais errado e no fim-de-semana iniciou-se uma escalada de protestos sem precedentes nesta década.

Além de uma morte de lamentar, vários foram os atentados a um estado de direito que ficaram impunes, muitos deles presenciados por polícias que pelo que aprendemos nesse fim-de-semana, são mais espectadores do que intervenientes.

Portugal Ganha!

No Domingo os Telejornais começam a noticiar que poderá existir falta de combustível e de alguns alimentos. Na Segunda-feira os ânimos continuam a aquecer, muitos episódios sucedem-se e chegamos ao 10 de Junho com o País a beira de um ataque de nervos.

Crise, qual crise?!? (parte 3 de 3)

No 10 de Junho o nosso Presidente tem uma “gaffe” monumental, muito exemplificativo de onde o seu pensamento cristalizou, no entanto e ainda mais grave, existe uma (auto?)censura e a partir das 19h desse dia apenas se poderia visualizar as imagens no youtube, pois mais nenhum telejornal se “atreveu” a pô-la no ar. No meio desta confusão o PNR efectuou uma manifestação ridícula em que apenas choca pelo facto da polícia estar mais interessada em calar quem os apelidava de fascista do que outra coisa. Mas no meio do turbilhão dos camionistas ninguém releva muito estes episódios.

Os telejornais preferem criar o cenário apocalíptico de um País sem gasolina nem gasóleo.

Ora chegamos a quarta-feira e eis a surpresa. Quando estou a ir para o trabalho encontro filas enormes de automóveis para abastecer e o cenário repete-se em todas as bombas de gasolina. Os portugueses esqueceram-se completamente do aumento dos combustíveis, não queriam saber, queriam era ter a ultima gota de combustível. E nesta loucura massificada já não se importaram de pagar mais caro, de gastar mais combustível para ir a uma estação de serviço. O interessante deste movimento foi que ao acreditarem que determinado facto iria acontecer, as pessoas acabaram por o criar artificialmente.

As bombas como é óbvio não estando preparadas para procura tão elevada rapidamente começaram a esgotar empolando ainda mais o pânico e esse pânico foi tal que muitos portugueses nem sequer foram ver o jogo de Portugal…

Como era expectável hoje, quinta-feira o problema ficou resolvido e as bombas já têm gasolina outra vez, os automobilistas têm a carteira bem mais leve do que seria expectável, e as gasolineiras bem contentes pelo aumento de receitas fora do comum. E para nos brindar com tal facto a Galp decidiu voltar a aumentar o preço!!!

Comentários infelizes

"Caro Daniel Oliveira,

Como habitualmente faço assisti ao Eixo do Mal neste fim-de-semana. No entanto existiram duas situações neste programa que me levam a escrever este artigo: o desdém demonstrado por quem vê e gosta de futebol e uma frase sua.
Os primeiros 20 minutos deste programa foram passados a gozar por quem gosta de futebol. O que começou por uma legítima critica ao jornalismo e às “peças jornalísticas” à volta deste evento (Euro 2008) acabou no simples gozo e numa caricaturização de quem vê e gosta de futebol. A ideia transmitida de que quem gosta e acompanha este evento é “inculto” é infeliz e transmite uma ideia de snobismo que é negativo independentemente de quem o pratica.
Gostava que me explicasse qual o problema de apreciar um jogo de futebol, de vibrar e se entusiasmar com um evento futebolístico e em que medida que isso está relacionado com o grau de cultura de uma pessoa?
Este preconceito demonstrado é estúpido e transmite uma imagem de superioridade cultural de quem não aprecia o futebol (que não estava à espera do vosso painel de comentadores). O facto de gostar ou não gostar de futebol não interfere em nada com o que uma pessoa é. Nem uma pessoa que aprecia futebol é inculta nem uma pessoa que não aprecia futebol é um “pseudo-intelectual”.
Quanto à crítica ao jornalismo ela pecou por ser escassa. Faltou uma análise um pouco mais profunda. É que neste problema (e não se resume à cobertura do Euro) grande parte da responsabilidade é dos próprios jornalistas, a sua profissão caso não estou enganado.
A simples constatação deste problema, sem uma acção para o contrariar é uma perfeita imagem de Portugal contemporâneo. Em que todos comentam e poucos fazem para mudar esse problema. O jornalismo é o que é, pois não existe um grupo de jornalistas com coragem para inovar e criar produtos de qualidade. E neste campo só os próprios jornalistas o poderão fazer pois por restrições legais, esta é uma profissão com legítimos privilégios. Ou seja um pouco de autocrítica só tinha melhorado os vossos comentários no programa.

Quanto à frase que proferiu e que me surpreendeu (pela negativa) foi a seguinte: “a minha selecção é o Sporting”.
Numa primeira instância não parece nada demais, no entanto proferida por si foi surpreendente. Não pelo tema em si mas pelo espírito que encerra. Para quem tanto critica e comenta este tipo de atitude demonstrou que afinal no seu intimo defende uma posição contrária. Esta frase encerra a lógica de que “o que me interessa é o meu bairro e Portugal que se lixe”, encerra a lógica das “rotundas” e dos desperdícios que as autarquias praticam. No fundo nada mais é do que a defesa do “self interest” que tanto divide a Esquerda e a Direita, os liberais e os socialistas.
Posso ter interpretado de forma errada, pode ter sido apenas uma piada infeliz, mas isso só você poderá esclarecer.

Bem despeço-me com votos de boas férias, e espero que possa, quando chegar responder a estas minhas dúvidas.

Atenciosamente,

Stran "
Comentário deixado no Arrastão

Liberalismo

Termino hoje o meu dossier sobre o liberalismo (o balanço fica para depois). Como ultimo artigo deixo aqui três pequenos artigos que pedi a alguns autores de outros blogues que escrevessem sobre a opinião dos mesmo relativo ao liberalismo. O desafio era saber o que era na opinião do autor o liberalismo.

Desde já agradeço a colaboração e o tempo dispendido.



"O liberalismo que vamos tendo

A propósito de Luís Filipe Menezes e dos candidatos à liderança do PSD, um anónimo deixou num blogue de Braga (Avenida Central) um comentário que concluía com a afirmação seguinte: “Acho que este pessoal perdeu o pé e a cabeça, nesta conjuntura política complicada para o PSD, em que o PS ocupou o espaço da direita neoliberal.” Num outro blogue (Ladrões de Bicicletas), na mesma data, podia ler-se que, em Portugal, “Temos alguns bons estudos sobre pobreza e desigualdade. Mas precisamos de muitos mais. Estudos que analisem o papel da «neoliberalização» progressiva do país na consolidação e reforço de uma imensa fractura social. Estudos que mostrem como as desigualdades têm impacto em todas as dimensões que importam. Até na morte ou na dor. […] Não consigo imaginar tópico mais importante para a economia política como teoria social.
Que têm em comum estas duas citações? Porquê esta adjectivação de “neoliberal” das realidades a que se reportam: partidos políticos, no primeiro caso; gestão da economia e da dinâmica social, no segundo? Qual a actualidade do debate que se sugere implícito nestas leituras de situação?
Neoliberal é a designação conferida aos revisionistas liberais do presente, quer dizer, são liberais no contexto económico e social do início século XXI (e, antes, do final do século XX). O tempo e o espaço são elementos informadores essenciais do pensamento e da postura das pessoas. A relação entre a economia e a política é óbvia: é o primado do mercado na afectação dos recursos ou são mecanismos administrativos a definir “o que produzir”, “como produzir”, “para quem produzir”.
Em quase todos os casos das economias da actualidade, são soluções mistas, quer dizer deparamo-nos com economias ditas mistas e é aqui que surge a oportunidade para que seja questionado o nível de atendimento das necessidades básicas do comum dos cidadãos e, logo, o grau de justiça social prosseguido pelos agentes políticos. Esta é uma questão eminentemente política. É o mais quando a política é assimilada a gestão de interesses, interesses de grupos restritos: grupos económicos; grupos políticos. Aqui chegados, sai esclarecida a ausência de espaço para a afirmação de uma alternativa política por parte do PSD a que o autor da primeira citação se refere. Do mesmo modo, daí se percebe que a progressão da “fractura social” invocado na segunda. Hoje em dia, em Portugal, quem é que quer saber disso? O bloco “central” no poder, não seguramente."


Braga, 20 de Maio de 2008

J. Cadima Ribeiro

Economia Portuguesa -
http://economiaportuguesa.blogspot.com


"Porque é que a liberdade interessa

Não sou a melhor pessoa para escrever acerca de “o que é o Liberalismo”. Em primeiro lugar, porque sou um bocadinho ignorante, em segundo, porque tenho o triste e irritante hábito de tentar fazer piadas acerca disso. Para além do mais, não sou um “liberal”: o Liberalismo é uma filosofia política que assenta na ideia de que a Liberdade individual é o valor político a que todo e qualquer arranjo político deve obedecer, e eu não só não acho que a Liberdade individual seja o valor absoluto a que toda e qualquer solução política se deve sujeitar, como não acho que haja um valor absoluto que deva orientar a acção política. No entanto, tendo a concordar com os liberais naquilo que eles propõem para sociedade. Por uma razão muito simples: odeio tanto o resto da espécie que quero que o meu semelhante me governe o menos possível; quero poder estragar a minha vida à vontade, sem que a estupidez alheia a torne ainda pior. Para mim, esse é o único liberalismo que me interessa: um arranjo político que me garanta a mais alargada possível esfera de acção em que não seja forçado a depender de outros seres humanos. Eu agradeço, e, acreditem, eles agradecem ainda mais. Se a Humanidade pode esperar por alguma forma de salvação, ela terá forçosamente de passar por todos nós termos a oportunidade de fazer asneira sem levarmos todas as outras pessoas atrás."

Bruno Alves
www.desesperadaesperanca.com
www.oinsurgente.org



"É preciso dizer que existe longa controvérsia entre pensadores e escolas a respeito do que seja o liberalismo. Desde Locke até John Rawls o caminho é bem tortuoso. Seria ingenuidade pensar o contrário. Mas não quero entrar aqui nesta longa contenda, mas que jamais deve ser desprezada pelo estudioso do tema. Para mim, o liberalismo pode ser resumido na defesa da supremacia da liberdade individual e esta é resultado do direito de propriedade ao próprio corpo e as coisas que a pessoa apropria da natureza, desde que não estiver anteriormente apropriada por ninguém. O corolário essencial é as livres trocas de propriedades e a liberdade de buscar o que o sujeito tem razões para valorar. Este é o cerne da doutrina liberal de acordo com o meu entendimento. Porém, entre a corrente liberal clássica que defende o monopólio do Estado para garantir os direitos e liberdades dos indivíduo e a doutrina do liberalismo mais radical como o de Rothbard que rejeita o Estado por ele mesmo ser uma entidade violadora dos direitos das pessoas, eu tendo a ficar com o libertarianismo rothbardiano, pois em termos de coerência interna da teoria, esta parece-me ser superior ao do liberalismo clássico. Então liberalismo pra mim é propriedade, liberdade e não-agressão. Em termos conceituais, não teria nada a acrescentar ao que está no For New Liberty do Rothbard."

Lucas Mendes
http://austriaco.blogspot.com/