Modelos Liberais em Portugal II

3 - Dinamismo

Outro obstáculo em que as medidas liberais esbarram em Portugal e se tornam ineficientes está relacionado com o (a)tipico dinamismo português. Normalmente olhamos para os E.U.A. ou Inglaterra como exemplo de sucesso de diversas medidas liberais, no entanto esquecemo-nos de que estes países têm dinamicas diferentes de estar no mercado. A própria cultura das pessoas influência fortemente o grau de sucesso dessas medidas. A maior parte do tecido empresarial é extremamente competitivo e extremamente concorrencial. Basta assistir a uma conversa entre dois americanos para ver que este espirito lhes é inerente e é um "estilo de vida".

Ora o mesmo não acontece em Portugal e a acumular a este facto temos pouca ambição. Somos um país de cafés, mas alguém se lembra de uma cadeia portuguesa de cafés? Não, pois a ambição portuguesa não passa de se manter exactamente a fazer a mesma coisa. E isto é idêntico para outros casos. O dinamica portuguesa é orientada para manter um certo nível de rendimento, após isso não existe muito mais esforço para melhorar ou crescer. Objectivamente esta caracteristica diminui a concorrência em Portugal e num mercado pouco concorrencial uma medida liberal torna-se improdutiva e sem impacto.

4 - Mobilidade Social

Um ultimo factor que gostava de comentar para fundamentar a minha posição deriva da pouca mobilidade social existente em Portugal.
Durante o sec XX existiram 3 grandes "revoluções": a instauração da Republica, a instauração da Ditadura e o 25 de Abril. Só este facto levarianos a concluir que teria existindo importantes modificações na estrutura social portuguesa, no entanto prefazendo quase 100 anos da instauração da República, tal não me parece verdadeiro. Se virmos o que aconteceu à Nobreza em Portugal verificaremos que maioritariamente encontra-se no topo da nossa sociedade.
Existiram melhorias, mas o topo em Portugal é muito constante, existindo poucos casos de self-made man em Portugal. Esse "american dream" é quase impossível de atingir em Portugal e este facto faz com que manifestamente seja impossível que exista uma "mão invisível" em Portugal que funcione correctamente.
A meritocracia, tão advogada entre liberais, em Portugal passa mais pelos laços familiares do que pelo meríto do nosso trabalho, e em Portugal é o primeiro mérito que é priveligiado pelas medidas liberais (mais por consequência das caracteristicas da nossa sociedade do que por alguma intenção em que tal aconteça).
Um bom exemplo desta fraca mobilidade social é a disparidade salarial existente em Portugal. Os Administradores em Portugal recebem ordenados elevados não pela sua competência mas pelo simples facto que são os únicos que podem ocupar esses cargos. Se fosse por competência teriam que ter salários bem mais baixos, pois não me parece que sejam mais competentes que alemães, franceses ou dinamarqueses.

Assim julgo que qualquer modelo puramente liberal em Portugal estará condenado ao insucesso caso não consiga mudar estes quatro vectores que descrevi. Qualquer tendência liberal apenas servirá para aumentar as disparidades em Portugal e piorar as condições de vida em Portugal. Se neste momento adoptassemos um modelo liberal parecido com o americano rapidamente ficariamos a saber que o tão apregoado "american dream" viriam acompanhado do menos publicitado "american nightmare"!

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