Sem rede...

Hoje escrevo sem rede, isto é, escrevo sem ter qualquer intenção que não seja apenas o de escrever o que me vier à cabeça. Não sei muito bem porque o faço, apenas sei que o faço. Por vezes estou assim, sem motivo aparente de ter algo para escrever mas com uma vontade, superior a mim mesmo de o fazer.

Na maioria das vezes faço-o num ficheiro word, e depois apago-o. Assim é um pensamento, um desabafo que nunca chega a existir. Desta vez é diferente, não me apetece escrever algo que não tenha uma existência, que não fique registado. Sei que o que escrevo certamente não será lido, apenas será um conjunto de caracteres que ficarão registado nestas paredes de gruta modernas a que chamamos internet. Será que algum dia isto será um fóssil, e um ser humano de uma era futura terá a capacidade de ler o que estou a escrever? E conseguindo decifrar o que imaginará? Será que conseguirá apreender o que é isto que escrevo? Certamente tentará enquandrar com os valores e as realidades que serão o seu presente e se calhar estas dúvidas que coloco aqui não lhe farão nenhum sentido. Nesse caso ele apenas terá a capacidade de distinguir os caracteres que escrevo nada mais, o resto, o que realmente importa - o conteudo - estará ausente.

E se isso acontecer será sem dúvida um optimo paralelo com a realidade que vivemos agora, demasiada distraida com as formas - os caracteres - e menos com o seu significado - com o conteudo.

Não sei muito bem se o que escrevo faz algum sentido, também não saberei até voltar a reler num futuro próximo, pois é assim que faço quando escrevo sem rede, simplesmente escrevo e não olho para trás. Por vezes quando escrevo assim nem sou eu que escrevo, mas sim o meu inconsciente. Eu fico simplesmente a olhar para o teclado e a admirar as minhas mãos a executarem a tarefa de escrever estas palavras.

Será que terá algum sentido o que escrevo? Não sei, mas não ficarei triste se não fizer ou se a pessoa que ler isto pensar para si "que péssimo texto", afinal nada disso me importa quando escrevo sem rede...

E como será viver sem rede?

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