Foi a primeira vez que cheguei ao Marquês num 25 de Abril. Uma multidão de tons avermelhados, cravos e acordes de Abril estavam à minha espera.
Estava curioso para ver os rostos da multidão, os seus olhares. Vi de tudo, mas tudo tinha algo em comum: o sorriso. Sorri também e integrei a multidão.
Atravessei a rotunda, não pela primeira vez, mas a sensação é sempre a mesma. Uma estranha sensação de liberdade, de transgressão, de fazer algo pouco habitual. Uma sensação identicamente de certo e errado.
Sentei-me por baixo do Marquês, fumei um cigarro e contemplei a longa e rectilinea avenida que ilusoriamente parece desembocar no nosso imenso Tejo. Ouvia as pessoas, imensas, a falarem. Conversas sem interesse particular para mim, mas que compunham perfeitamente a banda sonora para o meu cenário.
Enviei uma mensagem, queria partilhar o momento. Afinal é isso que torna um momento real.
Iniciei a marcha que me levaria aos Restauradores. Pelo caminho cruzei-me com activistas que me entregavam panfletos das suas causas. Troquei umas palavras e despedi-me com um "parabéns" merecidos ao Movimento a que ele pertencia.
Continuei a minha marcha pelo meio da avenida. Nos passeios, novos e velhos, familias e pessoas sozinhas, esperavam o desfile. Muitos curiosos - turistas - captavam os momentos com as suas objectivas. Fiz o mesmo. Fotografei tudo o que despertava a minha atenção, em particular uma chaimite, que considerei o digno simbolo do dia de hoje. Pintada com graffitis, representava ao mesmo tempo o passado e o presente. E a música incontornável de Zeca Afonso, que saia das suas colunas, fazia tanto sentido em 1974 como agora, 35 anos depois.
Terminei a minha marcha da forma que me pareceu mais apropriada: a escrever livremente e a beber um Pirata!
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