Assustado (...ou vão dar uma curva!!!) - Sim, é sobre o Islão!

Bastou um maluco com uma seitazinha ter uma ideia parva para se desencadear vários debates sobre o islamismo no mundo ocidental e ocidentalismo no mundo islamico. Ora desde que cheguei à blogosfera que discuto este tema. Tanto, que por vezes chega a ser cansativo estar a repetir a ideia - que me parece simples - que o radicalismo é estúpido independentemente de onde provém.
Pior do que isso, é ver tantas pessoas repetirem-me que o Islão é o demónio, os muçulmanos são terríveis, e que temos ter muito cuidado. E se não é o Islão, são os imigrantes e se não são os imigrantes são os ciganos, etc...

Ora eu sei um bocadinho de história - coisa pouca - para ter uma enorme sensação de deja vu quanto a este discurso. Um discurso que é crescente e que me deixa francamente assustado. Só para se ter uma noção, quando cheguei à blogosfera, para encontrar este tipo de discurso fóbico tinha de procurar pelos cantos escuros deste espaço internautico. Hoje virou mainstream, as pessoas já nem sequer têm vergonha de pensar dessa forma.

Ora, apesar de assustado (pois não é dificil de prever o que isto vai dar), o que eu quero é que os intolerantes vão dar uma curva, e de preferência para bem longe dos meus ouvidos. Que levem na bagagem todos os argumentos preconceituosos e façam boa viagem!!!

16 comentários:

EJSantos disse...

Bem, é neste ponto que discordamos (a perigosidade ou inocuidade do Islão). Mas uma coisa também é verdade: o louco que se lembrou da queima não teve uma boa ideia.
Discordo deste tipo de atitudes patetas e maldosas.

Anônimo disse...

Sim sem dúvida (na discordia e na concordia). Mas julgo que o fundamentalismo islamico não é um perigo/ameaça na europa (já nos países muçulmanos é outra história) do tamanho que lhe querem atribuir. Nós temos problemas demasiado grandes para nos preocuparmos com tão pequeno problema.

Stran

EJSantos disse...

Bem, espero que tenhas razão. Tenho seguido o assunto (o Islão)nas suas variadas vertentes. Não compreendo muita coisa, mas não estou tranquilo.
MAs a ver vamos.

Anônimo disse...

"...mas não estou tranquilo."

A questão é: na Europa quem é que achas que te poderá condicionar a tua vida a longo prazo?

Stran

EJSantos disse...

boa pergunta. Há várias respostas. Eis uma delas (do blogue do Balu):

Quais são os grandes símbolos de uma sociedade? Sua bandeira? Seu dinheiro? Seus livros? Sua constituição? Com 5 anos de idade não me lembro de nenhum dos jogos da Copa de 1982, mas lembro das bandeiras brasileiras no chão depois da derrota para os italianos. Anos mais tarde, vi também um Morumbi lotado sob protesto lançando no gramado as mesmas bandeiras durante um jogo horroroso pelas eliminatórias para o Mundial de 2002.

Lembro também que anos atrás, o senhor Sílvio Santos teve que se explicar sobre os aviõezinhos de dinheiro que ele lançava à plateia porque seria esse um gesto contra a lei por ele dobrar as notas. O dinheiro, aliás, talvez seja a única coisa que você não possa destruir, e isso já diz um pouco de nossa sociedade.

Nos EUA já se debateu muito, mas hoje você pode queimar a bandeira americana como direito à liberdade de expressão e o mesmo vale aqui no Brasil. Mas e os símbolos religiosos? Nos EUA você pode queimar qualquer coisa, a Bíblia inclusa. E esse direito, obviamente, se estende aos tontos, àqueles que têm meia dúzia de seguidores e querem polemizar. Essa semana um desses agendou queimar um exemplar do Alcorão neste sábado, 11 de Setembro, um dos dias mais caros aos americanos. Pois vivemos em um tempo tão errado, com uma patrulha tão equivocada que foi preciso que o homem mais poderoso do mundo, Barack Obama, e talvez a mulher mais poderosa do mundo, Hillary Clinton, viessem a público reforçar o óbvio: os americanos, como nação, não compartilham nem podem ser culpados por esse gesto cretino.

Desde os atentados de 9 anos atrás, parece não ter ficado claro a todos quem foi a vítima. Ao saber da ameaça de queima do exemplar do Alcorão, pipocaram episódios de queima da bandeira americana entre os radicais. O gesto desesperado de Obama e a atenção que se formou em torno do que um idiota vai fazer mostram que mesmo após atacados, os americanos ainda são reféns do ódio radical.

Todo esse esforço dos líderes americanos em pedir desculpas pelo que não foi feito por eles mostra que os xiitas acabaram, sim, fazendo a todos nós reféns de sua lógica obtusa, e isso é muito perigoso. Ao queimar Bíblias, bandeiras americanas e israelenses e nos ameaçando com atentados terroristas eles tomam a todos nós como culpados pelo gesto de um tonto. Querem punir a todo um povo por uma atitude de um delinquente. Obviamente que eles se dão ao direito de queimar qualquer símbolo de qualquer nação, mas esse direito eles reservam aos loucos deles, é a luta que criaram do “eles” contra “nós”.

Muito pior do que ter um idiota querendo queimar um importante símbolo religioso é você ter um presidente tendo que apelar para que isso não aconteça em nome de nossa segurança. E isso é perigoso justamente porque dá um indicativo de que sermos atacados não foi o suficiente, querem também a nossa liberdade como refém dessa loucura deles.

EJSantos disse...

Caro Stran, a nossa liberdade de expressão foi ao charco. Os fundamentalistas conseguiram. Fomos derrotados. Só por causa de uma merda de uns desenhos ridiculos, na Dinamarca, houve mortes. E um dos autores tem que viver sob protecção policial.
Há alguém que conteste a ideologia muçulmana? O que acontece a essa pesoa? Bem, já sabes a resposta, não é? Ou a pessoa é ASSASSINADA, ou tem que viver sob protecção policial.
Só falta os fundamentalistas evengélicos (os tais que dizem que a homem surgiu como vemm descrito na Biblia) apanharem a boleia. E parece que já estão a começar...

EJSantos disse...

Mas é claro, que a maioria da população é pacifica. Claro que é. Os violentos são uma minoria de fanáticos...

Mas por que motivo a maioria não se expressa? Ou algums dessa dita maioria pacifica? Por exemplo, uma Iraniana foi condenada à morte por lapidação (também podia ser saudita, que eu revolto-me à mesma). Caramba, porque filha da p### de razão os moderados não berram a plemos pulmões que estão contra? Ou, em alternativa, em vez de berrarem, dizerem que estão contra?

EJSantos disse...

Caramba Stran, achas que estou a delirar? E o que dizer dos apises em que as comunidades muçulmanas estão a crescer e esses mesmo emigrantes estão a querer impor as suas amnias aos não muçulmanos? Queres exemplos? Nos EUA, os taxistas do aerporto (penso que o Kennedy) recusavam-se a transportar clientes que transportassem alcool ou estivessem acompanhados por cães. Mesmo os cegos, acompanhados pelso seus cães guias!
Nos lares de 3.ª Idade (sei do que falo pessoalmente), propriedade de muçulmanos, proibem o consumo de carne de porco, a pessoas que nada têm a ver com o islão.
Mas que porra é esta? Vêm de fora e querem impor as suas regras aos outros?

EJSantos disse...

Quem os tem no sitio são os suiços. Há uns bons anos atrás havia na Suiça um Imam que tinha a mania de dizer que era bom o marido bater na mulher. Que allah aprova, que vem no corão, etc. Esses lindos discursos chegaram aos ouvidos das autoridades suiças. Sabes o que aconteceu?
Tribunal com ele. Segundo o Código Penal Suiço o que ele fez foi cometer o crime de incitamento à violência. Foi condenado e levou um bom par de patins.

Pena que os restantes europeus se tenham esquecido deste pormenos: existem leis aqui. Há que aplica-las, seja a quem for. E não venham com argumentos politicamente correctos de que é preciso ver as especificidades culturais, e outras burrices. Lei é lei, e é para cumprir. Quem vier de fora, que a respeite.

EJSantos disse...

Ah, claro, não podemos falar mal do Islão. Não podemos queimar nenhum corão ou bandeira (bem, sem ironias, acho isto má ideia).
Mas os fofinhos de allah podem queimar o que lhes apetecer: bandeiras de Israel ou dos EUA (ou de outro pais qualquer). Podem arrebentar com monumentos (as estatuas do Buda no Afganistão, por exemplo) Ninguém leva a mal. Afinal, é uma especificidade cultural!
Claro, os suiços é que são umas bestas. Proibiram a construção de minaretes lá na Suiça (já agora, não me constou que tivessem demolido alguma mesquita), mas os fofinhos dos talibã fazem o que bem lhes apetece, e passados uns meses já ninguém se lembra...

EJSantos disse...

Já agora, e para tentar terminar por agora:

"A questão é: na Europa quem é que achas que te poderá condicionar a tua vida a longo prazo?"

Cé dentro, e dentro das nossas tradições politicas, temo os regimes uatoritários e totalitários. E, apesar de neste momento parecer pouco provavel a instauração de ditaduras, elas ainda poderão aparecer por cá. Com consequências inimagináveis. Com as concentrações e abusos do poder. Com o calcar dos direitos humanos...

Enfim, parafraseando José Pedro Gomes, "não compreendo, mas não estou tranquilo".

PS: ou talvez compreenda, e fico ainda menos tranquilo.

Anônimo disse...

Bem começando pelo fim. Julgo que então entendes porque é que o Islão não é O problema europeu, nem sequer o mais premente.

E agora indo aos posts intermédios:

Nunca percebi a lógica da comparabilidade. Afinal nós achamos que o que está a ser feito por algumas pessoas é negativo ou simplesmente estamos frustrados por nós não o fazemos de igual forma?

Outra coisa também importante é verificar que a liberdade de expressão tem diferentes significados e tradições consoante o país que te referes. O que aconteceu na Suiça nunca poderia ter acontecido em Inglaterra ou nos USA sem eles mudarem a sua cultura.

Depois quanto ao exemplo do taxi julgo que o grande problema é dar-se demasiada importancia ao que não é relevante. O problema nesse episódio não é que a pessoa é ou não muçulmana, mas sim a recusa em si. E é isso que deve ser combatido. É-me indiferente a religião de quem recusa o serviço - aliás em Portugal já tentaram-me fazer isso mas não era por causa do alcool - o que interessa é que esse tipo de comportamentos não é justificavel independentemente dos motivos (embora não saiba o enquadramento legal de isso nos USA).

" Os fundamentalistas conseguiram. Fomos derrotados."

E o irónico disso é que estavamos dependentes de nós apenas para "ganhar" aliás ainda continuamos... É só não dar importancia ao que não é importante e dar importância ao que realmente é importante!

Stran

Anônimo disse...

hmm, inteligente a resposta, mas não me convence. Quero ver energia nossa a recusar modelos de comportamentos aberrantes. O que não está a acontecer como devia.
Quem já aturou muçulmanos (e eu já aturei!) sabe do que estou a falar.
Cumprimentos
EJSantos

Anônimo disse...

Nota final: pergunta Mariana Canotilho onde andam os liberais quando precisam deles. Os liberais andam tão confusos quanto todos os outros grupos políticos. A minha experiência de debate político sobre este tema ao nível internacional (aliás, o que a seguir descrevo é produto de um debate bastante recente onde pude constatar isto mesmo) diz-me que as diferenças resultam mais da pluralidade de histórias e culturas europeias que das ideologias. Os liberais escandinavos são tão relativistas e tão multiculturalistas quantos os socialistas e os conservadores escandinavos. O seu passado pacífico fá-los pensar que a religião não é uma coisa assim tão nociva. Pelo contrário, os liberais do Benelux, países que conhecem o catolicismo de perto, bem como as lutas religiosas entre várias seitas, são bastante mais universalistas, condição que partilham com os socialistas (não tanto os conservadores, pelo menos nos Países Baixos; na Bélgica já não há conservadores, por isso é difícil dizer).
Não é por acaso, Mariana, que em França ou em Espanha as pessoas querem impedir o véu; não é por acaso que no Reino Unido ou na Noruega haja raparigas de ascendência muçulmana que são mortas em crimes de honra e toda a gente ache normal. É que nós, aqui nos países de tradição católica, passámos séculos a morrer na cruz. Passámos séculos a lutar contra a opressão religiosa. Não estamos dispostos, agora que amordaçámos o Vaticano, a deixar que meia dúzia de imigrantes nos tirem aquilo que nos custou tanto a ganhar.
EJSantos

http://o-reino-dos-fins.blogspot.com/

Anônimo disse...

Bem ia dizer que conhecias bem a realidade desses países, mas já vi que foste buscar uma nota do Igor Caldeira. :)

Antes começando pelo teu comentário:

"Quero ver energia nossa a recusar modelos de comportamentos aberrantes."

Mas essa energia é "nossa" e não para ser "delegada" ao Estado e é indiferente do "mundo" em que o sujeito está inserido. Eu, se vir um homem a mal tratar uma mulher, tento parar essa situação não porque é muçulmano, ou católico, ou protestante, mas sim porque está a maltratar um outro individuo...

Julgo que já temos história suficiente para perceber qual vai ser o caminho seguinte ao que está a acontecer na França, na Italia e mesmo na Turquia.

Quanto ao que o Igor disse, só um reparo:

"... a deixar que meia dúzia de imigrantes nos tirem aquilo que nos custou tanto a ganhar."

Como foi bem visto, estamos a falar de "meia dúzia de imigrantes" pelo que não serão eles que nos vão tirar o que quer que seja...

Abs
Stran

Anônimo disse...

"Bem ia dizer que conhecias bem a realidade desses países, mas já vi que foste buscar uma nota do Igor Caldeira. "

Então não havia de entender?! Mas o Igor soube explicar a coisa bem, e melhor do que eu explicaria agora (ando cansado com os estudos). Ah, e calma nas conclusões; basta uma gota de óleo sujo para poluir milhares de litros de água potável.
Volto a repetir: O que mais me assusta não é o barulho dos fanáticos, mas o silêncio dos moderados...
EJSantos