Escrevo-lhe esta carta aberta (o termo mais correcto será “post aberto”) na esperança de obter uma resposta da sua parte.
O
Daniel é autor do blogue Arrastão, comentador do Eixo do Mal, cronista do Expresso e militante do Bloco de Esquerda. É nesta ultima condição que lhe escrevo.
Votei no PS nas últimas eleições. Votei convicto que Sócrates representava a melhor alternativa, mas mais do que isso votei a pensar que finalmente tínhamos um politico capaz de promover alterações e melhorar as condições de vida em Portugal. Fiz parte daquela enorme massa de eleitores que votaram predispostos a fazer sacrifícios para que existisse reformas que sustentassem um Estado de Esquerda.
No entanto, passados estes três anos sei que me enganei. Na minha opinião, o PS não implementou as reformas necessárias mas as reformas de cosmética que apenas servem para reorganizar o estado de forma a assegurar cargos políticos para membros militantes do PS afectos não ao aparelho político do PS mas sim de Sócrates. Aprendi a ouvir o nosso Primeiro-ministro para além dos soundbites estridentes mas vazios de real conteúdo.
Aprendi e compreendi que é preferível não fazer nada do que a fazer algo que prejudique pessoas.
Assim passado três anos tomei a decisão de não suportar este PS e o seu líder. Mas tal decisão acarreta consequências que poderão ser graves. Poderia decidir, como seria tentador, votar em branco. Afinal, actualmente não me revejo em nenhum partido politico, e sentindo-me órfão, o mais simples e mais honesto (tenho de admitir) era votar em branco. Só que tal apenas daria força aos partidos (excluindo o PS) e principalmente reforçaria a posição do PSD (2º partido). Ora isso é o que não queria que acontecesse. Menezes seria o pior que poderia acontecer ao país actualmente. Menezes pactua com o PS na acção de diminuir a democracia em Portugal, é incompetente em matérias financeiras (a minha opinião deriva da sua actuação em Gaia) e defende o lado liberal e populista do PSD. Com ele teríamos menos Estado e pior Estado.
E é nesta encruzilhada que lhe escrevo. Eu terei que votar (votar em branco está portanto fora da questão) e sendo de esquerda terei de escolher nos restantes 2 partidos. Como, por motivos pessoais não escolherei o PCP (a sua actuação no passado e as suas convicções ainda actuais – por exemplo o apoio de Estaline – são incompatíveis com os meus ideais) resta-me o Bloco de Esquerda. E assim gostaria que me respondesse a algumas dúvidas que são para mim importantes para tomar a minha decisão.
Falta pouco tempo para as próximas eleições e portanto não existe tempo de criação de um novo partido político, apenas resta o Bloco de Esquerda, mas a vantagem que o Bloco tem (nunca ter tido um pasta de governo) também é o seu handicap maior. Faz com que não tenha a certeza se o Bloco já tem a capacidade para assumir uma pasta.
1-Mas caso o faça qual seria a pasta que escolheria e qual seria a sua actuação?
2-Não sendo claro o guia de acção do Bloco de Esquerda, seria o Bloco capaz de defender medidas de diminuição de cargos políticos no Estado (nomeadamente o número exagerado de lugares de representação municipal) para libertar fundo para apoio directo à pobreza?
3-Seriam capazes de defender um politica de tecto máximo salarial de forma a diminuir o Gap entre mais pobres e ricos?
4-Esta próxima dúvida, julgo uma que será essencial, seriam capazes de abandonar a exigência de um referendo ao tratado de Lisboa?
Estas são as primeiras dúvidas que tenho, mas tenho uma mais permente. Como eu julgo que existem muitas pessoas que deixarão de votar PS. Pelo que durante a próxima campanha será importante assegurar que não cairão na tentação de criticar a actuação do PS exageradamente de forma a captar os votos de pessoas, que como eu, estão desiludidas com o PS e depois das eleições terem de conviver com esse mesmo executivo. A minha dúvida é:
- Quais são os pontos que estão dispostos a abdicar para formar governo com o PS? Ou serão incapazes de tal acordo, mesmo que seja o mais benéfico para o país?
Bem julgo que já me alonguei em demasia pelo que para já não irei colocar mais nenhuma questão.
Sei que o Bloco cresceu muito, sei que foi capaz de ser eleito para o Parlamento e ganhar eleições municipais.
E agora Daniel? Será capaz de enfrentar o próximo desafio?