Onde o Comunismo Falhou... (ou "A Vida dos Outros")

"A vida dos outros" é um filme. Mas mais que isso é uma história. Muito bem contada e escrita. Como pano de fundo tem a RDA e a Ditadura Comunista da altura.

Embora o interesse vá muito além deste facto, um aspecto que é realçado no filme é a Ditadura Comunista. Sendo um filme da escola alemã, o realismo empregue no filme quase que nos transporta para essa altura. E nessa viagem podemos assistir ao percurso de dois apoiantes desse regime e da sua evolução.

Um pormenor no entanto capturou a minha atenção. O facto de as personagens que mais poder têm no filme são aquelas que menos acreditam na ideologia e mais no poder. E é aqui que o comunismo falha. Uma falha ideológica e de acção. Ideológica pois ao não incorporar no seu intimo a vontade egoísta que os homens sentem falha na análise da realidade humana. Ainda não somos os "animal" estritamente social, comunitário. Muitas vezes as nossas decisões são tomadas assentes em desejos egoístas. De acção pois não contempla no seu plano de acção este factor, subindo assim ao poder as pessoas que se interessam mais pelo poder do que pela ideologia. Assim fica refém de pessoas que nunca agirão em prol do comum mas sim em prol de si próprios.

Deste filme uma coisa se torna óbvio, o mundo ainda não está preparado para o comunismo e o comunismo ainda não está preparado para este mundo. Será que os líderes comunistas algum dia acordarão para esta realidade ou definharão até se tornarem pouco mais do que meia página de um qualquer livro de História?

GAIA e Verde Eufémia (ou será Verde Eunuco?...)

Já muito se falou do incidente do milho, acontecimento que diria inédito em Portugal. Vamos então por partes e comentar o incidente:

O movimento Verde Eufémia (que a meu ver se deveria chamar "Verde Eunuco" pela falta de coragem que demonstrou neste incidente) apareceu pela primeira vez nas noticias. Escolheu um agricultor que tem uma plantação de milho transgénico e decidiu ir à quinta onde o dito milho era plantado e destruir toda a plantação. Pelo meio não se importou que estava a destruir o sustento de uma pessoa, que era propriedade privada, ou que o simples agricultor não deveria ser culpabilizado pelo facto de estar a produzir legalmente esse milho. Numa acção tão parecida a outras de outros extremos, simplesmente destruíram tudo perante a passividade da GNR (será que estes agiriam da mesma forma se fosse a casa deles que estivesse a ser destruída?).

Depois, a tragédia virou comédia quando um representante do dito movimento começou a falar. Tentando justificar o que não tinha justificação, disse que estava a defender o direito constitucional de combater a "poluição"!!! Combater a poluição?!?!?!?!?!? Tenho de admitir que é necessário alguma imaginação para chegar a esta justificação. Imaginação e falta de neurónios...

Mas o que eu pensava ser um acto condenável a todos os níveis eis que aparece Miguel Portas a dar o seu apoio a esta acção. Fiquei um pouco estupefacto e quando estava a recuperar do choque eis que me deparo com o site de GAIA. Para quem não sabe esta é uma "uma associação que foca as temáticas ambientais integrando questões sociais e políticas. Com uma forte componente activista, utiliza frequentemente acções criativas de cariz directo e não violento como forma de sensibilizar e criar consciência sobre raízes sociais dos problemas ambientais."

Ora lendo isto fiquei surpreendido com a seguinte noticia: "GAIA apoia acção do Movimento Verde Eufémia..."
Tal noticia levanta-me uma questão filosófica: qual é a parte do não violento que o movimento GAIA não entendeu? Afinal foram eles que escreveram os seus princípios...

Depois o comunicado atinge pontos de comédia nonsense digno dos Monty Piton quando afirma:
"O GAIA apoia a acção do Movimento Verde Eufémia, por considerar o uso de desobediência civil e acção directa não violenta uma estratégia válida na luta pelos direitos sociais e ambientais da população. É com agrado que o GAIA vê outros grupos preocupados com os riscos provocados pelo cultivo de OGM."

Portanto a destruição do milho é uma acção não violenta. É uma lógica que só deve fazer sentido no mundo "verde eunuco" destes pseudo ecologistas...

(excertos retirados aqui)

ENSINO ESCOLAR: METAS E MEDIDAS

O estado deplorável do sistema escolar nacional é do conhecimento público, e cada um consegue apresentar diversos exemplos ilustrativos deste fenómeno. Vários remédios foram propostos, uma grande parte dos quais, incluindo as recomendações das entidades europeias, cita a necessidade de transformar o ensino num conjunto de prestadores de serviços educativos, de modo que os alunos e os seus pais possam escolher aquele prestador que proporciona um serviço educativo melhor.

Todavia, todos estes remédios falham em vários pontos importantes, nomeadamente:

1. O principal objectivo do sistema escolar é de proporcionar ao aluno as ferramentas necessárias para a sua aprendizagem futura, tanto no ensino superior, como ao longo da sua via, além de conhecimentos e competências concretas.
2. Um sistema escolar, correctamente construí­do, deve proporcionar uma formação adequada (equivalente a uma avaliação objectiva de [???]) a um aluno médio.

As principais ferramentas do nosso aluno são o Português, e a Matemática, sendo esta última a lí­ngua comum das ciências exactas e tecnologias. As notas médias dos exames nacionais destas duas disciplinas são de 7, o que mostra uma incapacidade do nosso sistema escolar de proporcionar as ferramentas essenciais ao aluno médio. Não devemos esquecer ainda que a nossa taxa de abandono escolar é de 40%, assim, o sistema escolar consegue ensinar, com uma grande ajuda dos explicadores, apenas 1/5 dos alunos que entram no primeiro ano da escolaridade.

Analisando objectivamente os currí­culos escolares, concluí­mos que estes são suficientes, do ponto de vista de conhecimentos e competências que o aluno deveria obter. O problema, então, não está no que estamos a ensinar, mas sim no como.

Olhando atentamente para o ensino primário, detectamos duas falhas metódicas graves.

A primeira é a aposta no método global (visual) de ensino de leitura. Este método para sua implementação correcta necessita de professores excelentes e bem preparados, pois na consequência de erros comuns na sua implementação os alunos não aprendem a ler fluentemente em tempo útil, o que consideramos ser o segundo ano da escola primária (primeiro ciclo). As tentativas falhadas dos últimos 20 ou 30 anos de usar este método mais que justificam a sua proibição oficial, pois na consequência do seu uso cerca de 80% dos nossos alunos não aprendem a leitura atempadamente, com consequências graves para todo o seu percurso escolar.

A segunda é a aposta no pensamento crí­tico dos alunos, em detrimento de memorização sistematizada de conhecimentos, e em detrimento do desenvolvimento de capacidade de memorização. Há 20 ou 30 anos, apostamos na criação de um ensino mais democrático, baseado no desenvolvimento da capacidade de pensamento crí­tico, eliminando os exercí­cios para desenvolvimento da memória dos currí­culos de todos os anos. Esta aposta falha em dois aspectos. Em primeiro lugar, um aluno tí­pico da escola primária (primeiro ciclo) não tem capacidade de pensamento crí­tico, aceitando de bom grado tudo que lhe seja dito pelos adultos. Mesmo que este aluno aparente uma capacidade razoável de pensamento crí­tico, na realidade apenas interpreta as dicas do professor, dadas voluntária ou involuntariamente. Entretanto, o pensamento crí­tico do aluno pode e deve ser desenvolvido, mas gradualmente, e nos alunos já com idade mais avançada, e, consequentemente, com capacidades mentais mais desenvolvidas. Em segundo lugar, abstendo do desenvolvimento da capacidade de memorização sistematizada do aluno, a escola não aproveita deste recurso que o aluno já possui, e que deve ser desenvolvido, desde logo, para proporcionar as bases para o próprio pensamento crí­tico, pois não há lugar para qualquer pensamento sem recurso aos conhecimentos memorizados.

Assim, para começarmos a reconstruir a nossa escola, devemos eliminar, e o mais depressa possí­vel, as duas falhas metódicas mencionadas, sendo certo que os exercí­cios de memorização sistematizada devem ser reintroduzidas em todas as disciplinas de todos os ciclos, e não apenas na escola primária. Devemos admitir ainda que o processo de reconstrução vai ser demorado, pois as alterações introduzidas hoje não trarão grandes vantagens para os alunos que se encontram nos ciclos preparatórios e na escola secundária. Podemos tentar ensinar a estes alunos, mais uma vez, aquilo que não aprenderam quando deviam ter aprendido, embora sem grande esperança de sucesso.

Desenvolvemos estas ideias numa forma mais completa na nossa análise, publicada no nosso blog: http://educacao-em-portugal.blogspot.com/

José Carrancudo, professor e educador

Voltei!

Voltei das minhas férias com energias reforçadas. Obrigado a todos os que deixaram mensagens e votos, caso seja esse caso, de boas férias.