Nós, eles, o povo e os governantes...

A ideia para este post surgiu por causa da recente polémica sobres as declarações do responsável da policia sobre um relatório.
Uma coisa sobressaiu logo, a pessoa em questão talvez tenha cometido um erro estratégico em termos de gestão de recursos humanos. Mas tal é de somenos quando analisamos as declarações dos partidos de oposição.


O primeiro ponto que eu queria realçar é o facto de, pelas declarações que ouvi, não me parece que a pessoa em causa não mentiu. Partindo então deste pressuposto gostaria de saber em que medida é que os partidos de oposição exigem a demissão de uma pessoa que tornou publico as conclusões de um relatório sobre a actividade de um orgão do estado?



Julgo que isto é um dos mais sintomáticos exemplos de como o Estado é visto por cá. Antes demais gostava de esclarecer o que é o estado para mim. Para mim os Estado somos Nós! Nada mais do que isso. É o conjunto de pessoas que habita determinada região do globo no que classifica de país. No entanto por cá o Estado não é visto como sendo Nós mas antes como sendo Eles! Ou seja é visto como sendo uma entidade externa à Nós próprios! E por Eles entendemos todas as pessoas que pertencem a essa figura maldita do Estado!



É então neste contexto que aparece a noção de Povo. Outra figura que cada vez mais está externalizada na nossa inconsciência. O povo aparece também como uma entidade externa a Nós próprios. Ao mesmo tempo sábio e ignorante. Estranha forma de nos classificarmos. Pois o povo é sinónimos de nós. E quando classificamos o povo de ignorante, nada mais estamos a fazer do que nos chamarmos burros. Interessante tendência masoquista que nós temos.



É aí que aparece a outra figura externa da nossa sociedade: os governantes. As pessoas que governam este país. E neste caso até concordo que são uma figura mista da nossa sociedade. Ao mesmo tempo são eles e eles pertencem a nós.



No entanto é precisamente nesta figura que aparece a maior confusão e engano da nossa sociedade. É que já não vivemos num regime feudal. Eles já não são senhores da terra que têm o direito de nos governar como bem entenderem. Nós não pagamos impostos porque habitamos a terra que pertence a Eles. Esse conceito já foi abandonado há algum tempo. Nem eles podem governar sem nos darem informação ou prestarem contas.



Ora, se isto é verdade, então quando uma pessoa divulga as conclusões de um relatório sobre um orgão do estado nada mais está a fazer que serviço público. E por mais que os politicos estejam habituados a habitar nessa figura blindada que é o estado, vão ter de se habituar a prestar contas, vão ter de se habituar a que Eles trabalham para Nós e por tanto têm que nos dar as informações que um relatório contém. Neste contexto as palavras da oposição nada mais fazem do que demonstrar que eles também se julgam superiores a nós. Podemos não gostar do estilo, ou de a actitude de quem prestou aquelas declarações, mas quando ele os fez estava a dar informação sobre algo que nos diz respeito a todos.



O estado é nosso, de todos nós, e os governantes não mandam em nós. A relação é exactamente a oposta, nós é que manadamos neles. Eles não são mais do que nossos funcionários, portanto quando um nosso funcionário nos diz que algo vai mal na nossa organização (e sustentando essas afirmações com um relatório) nós não podemos deixar de ficar inquietos. Pior é quando outros funcionários exigem a demissão dessa pessoa por esse facto.




Julgo que chega a altura de dizer basta! A Idade medieval já acabou, nós somos os senhores da nossa terra e os governantes não são uma classe superior a nós, não são os nossos senhores. São simples empregados que nós de 4 em 4 anos escolhemos para dirigir este nosso pedaço de terra!

2 comentários:

Paulo Lopes disse...

Vamos dar voz às crianças assinando a petição ao Sr. PR.

ASSUNTO: Estabelecimento de medidas sociais, administrativas, legais e judiciais, que realizem o dever de protecção do Estado em relação às crianças confiadas à guarda de instituições, assim como as que assegurem o respeito pelas necessidades especiais da criança vítima de crimes sexuais, testemunha em processo penal.

http://www.petitiononline.com/criancas

Laurentina disse...

Achas mesmo que é só de 4 em 4 anos ?!
Deus queira que tenhas razão!!!
Eu duvido seriament.

bom domingo
bjo