Aos ciganos desta vida...

Cresci suficientemente perto de comunidades ciganas para entender onde aparece a estereotipagem dos mesmo. Uma caricatura só tem força se tiver fundamento no seu objecto real.

Cresci suficientemente longe das comunidades ciganas para entender que é um mundo quase desconhecido para mim, pelo que tudo o que afirme sobre a mesma poderá ser um erro.

Sei que os ciganos desta vida são muitos. Muitas vezes vestem fato e vê-mo-los todos os dias na televisão. Sei também, e pegando na origem da palavra, são ainda mais os ciganos que vivem escravos das suas circunstâncias.

Não branqueio os crimes, sim porque p.e. retirar uma criança da escola é um crime para mim, que cometem, assim como não branqueio o crime que é expulsar uma pessoa de um país com base na etnia.

Good Old Days

Quando começa esta sensação? Não sei, mas não foi nem hoje, nem ontem. Essa sensação vem de trás mas não sei precisar quando. Talvez por auto-censura nunca tinha assumido que por vezes sinto saudades dos “good old days”.

Ainda vivemos numa sociedade onde a idade não é vista como algo positivo, mas muitas vezes algo a esconder ou subtrair, como fosse motivo de vergonha alguém ter oitenta, cinquenta ou trinta anos.

Associamos alguns sentimentos a esse passar do tempo e utilizamos normalmente duas opções: ou vincamos os mesmos com os “no meu tempo é que era…” e outras expressões tão habituais como gastas, ou então evitamos ao máximo começar o quer que seja com tais expressões.

Quando começa esta sensação? Eu diria desde o tempo que tenho tempo para sentir isso. E é isso que significa sentir os “good old days”. É o reconhecimento da sorte que tive de ter tido emoções fortes e experiências únicas. Significa que sinto saudades de “algos” ou “alguéns”. E sentir saudades é algo bom e constante na minha vida. Eu sinto saudades de há duas décadas, dos meus vinte anos ou do último fim-de-semana.

Os meus “good old days” são também os “good old todays”

Music From My Past: "Changes" 2Pac

Redescobri há pouco tempo esta música. Durante bastante tempo o Rap, na sua vertente Gangsta foi um dos meus estilos preferidos. Na realidade ainda o é, embora já tenha desaparecido há muito tempo. Os sons combinados com a força das letras mexiam bem dentro de mim. Para mim a música não é um simples conjunto de acordes, é uma forma de arte que nos entrega emoções e distribui ideias.

Não deixa de ser algo irónico reencontrar agora esta musica. A meio da mesma 2 Pac diz: "America isn't ready to see a black Presidente yet..."

Afinal something change...

Ser, ter e viver...

E de repente começo a escrever outra vez. O motivo? Nenhum, a não ser a minha vontade de o fazer. Bem sei que no tempo que estive mais ausente o mundo quase ruiu, o Apocalipse está ao virar da esquina e não existirá salvação para os impolutos e pecadores - quem quer que eles sejam.

Eu continuo pouco preocupado com isso e mais preocupado em entender algo mais da vida. Para mim ainda é um pequeno segredo que vou desvendando aos pouco (será que devo escrever "vida" com um V ou com um v?).

De tanto pensar cheguei à conclusão que podemos dividir as pessoas em três grandes grupos.
Se eu fosse um homem de gestão, daqueles que em cada duas palavras uma termina em "...ing" ou em "...ent", faria um gráfico com três vectores que dão o título a este post.

Olho à minha volta e vejo que neste momento a nossa sociedade vive com muitas pessoas cujo o sonho desta vida é o "ter". Para essas, a vida é uma equação simples de resolver. Basta-lhes concentrar numa fonte de rendimento e depois é só "ter". E para "ter", esta sociedade é perfeita e dá multiplas opções - basta olhar para os anúncios à nossa volta.
Outra forma simples de estar na vida é a dos que têm o sonho de "viver". Para eles o simples tiquetaquear do relógio biológico é suficiente e o tempo está sempre do seu lado, pois o simples acto de estar vivo e apreciar esse facto é um realizar do seu sonho.
E depois existe aqueles cujo o sonho de vida é o "ser". E para eles é que é mais complicado. Pois ao contrário dos anteriores são os unicos que estão dependentes de outros e das várias intempéries da vida. Esses têm materializar o imaterial e tornar real o que a sua mente dita com sendo "ser".
Obviamente como eu sou terrível a fazer escolhas, das três alternativas que poderia escolher tinha de optar pela mais complicada. Bastava ter perdido cinco segundos em criança para me aperceber que o caminho que escolhi era um pouco, com devo dizer..., estúpido, pois dos três é mesmo aquele cujo a probabilidade de falhar é enorme.
Bem mas agora não interessa nada. Escolhido o caminho resta-me caminhar, e como dizia o poeta: O caminho...