O outro partido: Esquerda Unitário (B.E e C.D.U.)

Termino hoje a apresentação dos partidos europeus que se candidatam às Europeias em Portugal (relembro que estes são o Partido Popular Europeu, o Partido Socialista Europeu e a Esquerda Unitário). Ao contrário do que fiz com os dois maiores partidos não irei analisar muito profundamente este. Primeiro porque tem pouco representatividade no Parlamento Europeu (é a 6ª força politica), e também porque não tem um programa comum para as eleições.

Assim, a Esquerda Unitária é mais uma congregação de partidos comunistas e de extrema-esquerda (atenção utilizo aqui a a expressão “extrema” no sentido que teria de utilizar a expressão extrema-direita para o CDS a nível nacional. Isto é, os partidos que se encontram no extremo do espectro politico democrático elegível), do que um partido com uma politica comum, como vimos anteriormente. Têm alguns pontos comuns que concordam e pelo qual lutam em conjunto, como sejam, os mais emblemáticos, o fim da NATO, a reforma da União Europeia (embora não concordem no que deve substituir a mesma) e no fim do mercado (ou não fosse esta uma palavra maldita) de emissões de carbono.

E nestes pontos é indiferente votar Bloco de Esquerda ou CDU, pois têm posições comuns, embora esta “indiferença” termina aqui. É interessante de notar que, enquanto no Partido Popular Europeu em Portugal é mesmo indiferente votar entre CDS ou PSD (sendo que os únicos critérios de escolha são a qualidade dos candidatos e o facto de o CDS não ter tido um programa eleitoral, pelo menos até dia 31 de Maio*, e o PSD ter um programa eleitoral), no caso da Esquerda Unitária em Portugal estamos a fazer uma escolha real entre duas “facções" do mesmo partindo.

Além das especificidades de cada um dos partidos-facção conhecidas (comunismo soviético vs Comunismo não ortodoxo), julgo que a maior e mais importante diferença prende-se com a visão internacional do BE e da CDU. Enquanto o BE, arrisco-me a dizer, é europeísta e federalista a CDU é nacionalista.

E gostava de terminar analisando este último facto. Foi com uma desagradável surpresa que vi no programa da CDU este vínculo tão forte ao nacionalismo. É deveras preocupante. Todos sabemos que quando juntamos modelos ditatoriais (e a CDU ainda o é) a nacionalismos temos regimes muito nefastos para a sociedade. Dar voz a estas facções nacionalistas será, no mínimo dar um tiro no pé! Não deixa de ser estranho que passados 35 anos de democracia a CDU contenha no seu programa 8 eixos que poderia estar num programa eleitoral da União Nacional de Salazar.

Uma nota final para o programa eleitoral do Bloco de Esquerda. Se este partido quer ser uma alternativa viável de poder deverá no futuro construir um “verdadeiro” programa, e não um "simples" texto. Fiquei com a impressão que não estava a ler um programa eleitoral mas sim um texto de um capítulo de um livro de politica qualquer.
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* Gostava de agradecer ao comentador Diogo por ter deixado o link para o programa. Caso não o tivesse feito ainda teria a ideia errada que o CDS ainda não tinha um programa eleitoral. Afinal a "brincadeira" parece ter terminado no dia 31 de Maio. Não deixa de continuar a ser um caso interessante: deve ter sido o primeiro partido a ter iniciado uma campanha eleitoral sem um programa publicado.

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