Bom "=!=

Nesta altura é típico fazer-se retrospectivas e desejos para 2010. E nos blogues certamente encontraram muitas excelentes análise para tal. Este certamente não é o melhor para quem deseja isso.

Aqui ficará expresso apenas o meu desejo: que realizem (obviamente eu incluido) os vossos sonhos! Só isso, nada mais...

E um bom "=!= para todos

Palavras

Sempre tive dificuldade com palavras. Em criança custou-me a dominar a componente fisica das mesmas. Ainda hoje me é difícil, e a minha mão é demasiado irreverente para escrever a mesma palavra exactamente da mesma forma. Mas com alguma disciplina lá consegui dominar um pouco esse aspecto.

No entanto a minha relação nunca foi perfeitas com as palavras, passando de as amar, até as odiar, ou então simplesmente ignorá-las. Têm tanto de libertadoras como castradoras, por vezes são uma lufada de ar fresco e por outro tornam o ambiente demasiado carregado para sair mais que uma ou outra palavra.

Não sei muito bem a sua real função, o meu mundo é o dos sentimentos e emoções. E nesse mundo não existem palavras. São completamente inúteis, um desperdicio mesmo. O problema apenas acontece quando quero sair desse mundo, quando quero transmitir a outras pessoas os sentimentos, ou emoções. Nessa altura não tenho outra alternativa que não seja recorrer a palavras, e nesses momentos é que compreendo que as palavras serão sempre imperfeitas, que por mais que existam milhões de palavras falta sempre aquela para descrever exactamente o que sinto.

Mas mesmo que encontrasse uma palavra que descreve um sentimento unico que tenha sentido, então essa palavra seria ela também unica e impossível de ser compreendida. É neste momento que percebo o quão sobrevalorizadas estão as palavras e paro de as escrever...

Espaço "No-mad"

Inicio aqui uma nova rúbrico no espaço Tuga 1.75. Chama-se "No-mad" e neste artigos escreverei relatos de viagens que efectuei. Pequenas experiência que resolvi partilhar neste espaço e que espero que venha a ser do vosso interesse. Como tudo neste blogue serão escritas ao sabor da vontade, disponibilidade e inspiração.

Obviamente esta rúbrica estará aberto a todas as pessoas que queiram também contribuir bastando para tal enviar um mail com o texto ou fotografia que queiram ver publicado.

Um abraços a todos,

Stran

Tempo

A nossa relação com o tempo não foi sempre a mesma. Aliás nos ultimos séculos essa relação sofreu uma profunda alteração e os conceitos modernos de tempo são ainda demasiado recentes para estarem perfeitamente assimilados. Por exemplo, o valor moral da pontualidade não deverá ter mais de dois séculos e foi introduzido com a revolução industrial. Existindo um brutal esforço de doutrinação desse conceito.

Mas não foi a relação do Homem com o tempo que me motivou a escrever este post. Mas sim a relação do Homem com o seu Tempo. Tal como a relação anterior também a mesma não é estática. Certamente uma pessoa no pós-epoca romana teria uma relação bem diferente com o seu tempo do que actualmente temos com o nosso. Felizmente passamos uma era, que em comparação com as anteriores é substancialmente melhor. Talvez na história humana europeia só encontre paralelo no apogeu da sociedade romana, e mesmo assim conceitos como liberdade não eram sentidos por tantas pessoas como actualmente sentimos.

Não obstante este pormaior, a verdade é que a nossa relação pré-crise financeira e económica era de orgulho. Tinhamos orgulho do tempo em que viviamos e julgamos que essa sensação seria eterna. O problema é que, como em tudo na vida, se for sentido em demasia poderá acarretar perigos. Neste caso existiu um efeito calmante derivado deste orgulho. Talvez por ter sido um final de século, julgo que nos convencemos que tinhamos chegado a algum porto, algum nirvana a que estavamos destinados a viver o resto da nossa existência.
E assim vivemos a primeira decada deste milénio, mais preocupados em gozar o momento do que criar novos momentos. Julgo que não é por acaso que a expressão "progressista" deixou de ser utilizada como elogio e passou a ser utilizado como insulto. Bem e depois aconteceu, no meio do nada, esta crise violentissima. E fomos obrigados a sair do nosso turpor, do deslumbramento que a relação com o nosso Tempo tinha provocado.
Agora olhamos para trás e verificamos que não estamos assim tão diferentes, que o nosso tempo não é o melhor e que existe muito para conquistar e ser inventado. Que temos de agir em vez de apenas reagir.
Julgo que pela primeira vez em muito tempo ansiamos não pelo nosso Tempo, mas sim pelo Tempo que virá, tal e qual como à cerca de 100 anos atrás...

Bom Natal!


Como tudo na minha vida este ano, cheguei atrasado ao momento em que se fazem votos de Bom Natal! Assim e aprendendo a lição deste ano faço já votos de um Bom Natal de 2010 (espero que o deste ano tenha sido óptimo para todos vós)!

Embora na realidade eu não queira isso, ou pelo menos não é o que realmente desejo. Antes de mais eu não quero que tenham apenas um bom Natal, eu quero é que tenham todos os dias excelentes daqui até ao próximo Natal! Que possam realizar todos os vossos sonhos (afinal a vida é apenas a oportunidade de realizar os nossos sonhos) e deixar em 2009 todas as vossas mágoas!

Bem este é o meu voto natalício de 2009!

P.S. Este ano não pedi nada ao Pai Natal porque sei que a crise também chegou ao Pólo Norte e que ele está a sofrer da concorrência da produção chinesa. Aliás sei que neste momento os elfos estão em greve pois existem rumores que a Fábrica se vai deslocalizar para a China.

Não estou morto...

Escrevo no meio de uma "tempestade" de acontecimentos para dizer que ainda não estou morto. Sei que o que fiz é quase o equivalente a um suicidio virtual social mas os acontecimentos deste ultimo mês (pelo menos acho que se passou um mês) não me deixaram muito tempo para passar por aqui ou pelo facebook.

Digamos que o real se sobrepôs esmagadoramente ao virtual e só agora consigo começar a respirar um pouco, sem certezas de que possa estar estável. Até me assusto de pensar como está a minha conta do facebook, mas vamos lá ver o que é que isto dá.

Para ajudar à "festa" estou sem internet em casa o que me limita de sobremaneira a minha presença online. Para ser honesto eu já não sabia o que era chegar a casa e não ter internet, foram bastantes anos com acesso sempre disponível. Mas tenho de confessar que embora isso tenha tido consequência muito negativas, a verdade é que me fez recuar alguns anos e olhar para uma realidade que já tinha esquecido à bastante tempo.

Peço desculpa a todos os que tinham por habito passar por aqui, e fica o meu apelo que continuem, embora a minha inactividade ainda será um pouco visível - para terem uma imagem do que me está a acontecer, sinto-me um naufrago que conseguiu vir agora a tona de àgua, mas que está de volta a ser puxado para dentro de àgua - mas com o tempo penso recuperar.

Um pedido publico muito especial a uma pessoa, pois deixei um projecto a meio e não tive capacidade de lhe ainda o dizer "pessoalmente" é o que vou fazer agora.

Das palavras aos actos…

Para mim existe um limite para o qual eu posso criticar sem fazer nada para mudar. À algum tempo atrás senti que eu já tinha passado esse limite. Isso colocou-me um certo desconforto relativamente à minha escrita. Afinal do que me valia criticar a situação actual se não estava a contribuir para a alterar.

Existem várias maneiras para alterar, ou ajudar a alterar, a realidade que vivemos. A mais importante para mim é no nosso dia-a-dia, com as nossas acções, no meio social em que vivemos. No entanto para mim já não era suficiente, precisava de fazer, ou tentar fazer, mais, e a opção natural para mim era a politica (existem malucos para tudo), dado ser uma das minhas áreas favoritas.

O timming da minha decisão acabou por se revelar fundamental. Até à uns anos atrás se me perguntassem em que família politica me revia, eu diria, sem grandes discussões, que na social-democracia. No entanto, e após muitos debates externos e internos, e uma ajuda preciosa, verifiquei que afinal a família politica que me revejo mais é a liberal. Ok, sei à partida que sou um liberal muito particular, mas quando penso que tipo de solução que eu defendo para um problema, é sem duvida uma solução liberal.

No fundo é a ideologia que mais perto se cruza com que sempre acreditei, que o mais importante nesta vida são as pessoas!

Assim resolvi integrar à uns tempos atrás o Movimento Liberal Social, um movimento cujo objectivo é criar um novo partido politico em Portugal.

E não é nenhuma missão messiânica que me impeliu a entrar no mundo político (afinal estou cansado de pretendentes a D. Sebastião), fi-lo por gosto, por achar que o meu trabalho poderá contribuir, nem que seja apenas um pouco, para melhorar a realidade portuguesa. No fundo, foi apenas a etapa natural de passar das palavras aos actos…

A doce angustia de um indeciso...

Sai de casa "com um brilhosinho nos olhos" mas angustiado por dentro. Desde as primeiras eleições nunca tinha estado assim sem saber em quem votar. Decidi olhar com cuidado à mnha volta e fazer um flashback ao mesmo tempo que faria um flashforward à espera que algo apaziguasse o meu espírito.

Eu sei que é um exagero, "afinal é apenas um voto" pensava eu para me acalmar. No entanto não surtia qualquer efeito. Afinal não é um acto qualquer aquele que ia fazer e eu sentia, mais do que em qualquer outra altura, a responsabilidade desse acto.

Passaram-se mais algumas musicas e com o aproximar do momento apaziguei o meu espirito e tomei uma decisão e votei. Não sei se fiz bem, mas fi-lo pela minha cabeça, pelos meus motivos e só a mim me posso responsabilizar caso tenha sido um erro.

Saí sorridente, para trás ficou a doce angustia de um indeciso. Uma angustia que tenho de agradecer às gerações que me precederam e que me permitiram ter hoje a liberdade de poder escolher, votar, acertar e errar.

Mas esta foi para mim umas eleições muito importantes pois são provavelmente as ultimas que eu terei esta indecisão. Uma vez mais graças a quem ajudou a implementar este regime democrático, posso fazer aquilo que julgo ser meu dever fazer: ajudar na construção de uma alternativa!

Vota!

Gamado do Tiago Ramalho que gamou do Daniel Oliveira

Reflexões...

Antes demais peço desculpa a todos os que passaram aqui e não encontraram nenhuma novidade ou respostas, tem sido um tempo dificil (e não por causa das campanhas).
Bem amanhã será o dia de reflexão e eu nunca pensei chegar aqui e escrever o que irei escrever. Comecei com um voto quase totalmente decidido, mas por motivos que já explicarei terei de reflectir e reflectir e reflectir (deixo desde já um convite a quem me queira ajudar) e decidir em quem votar.
E sim a minha indecisão é entre o PS e o BE. Raios, nunca tive tão indeciso como agora. Eu a pensar que o BE iria receber finalmente o meu votos e os "gajos" do PSD tinham de arranjar uma alternativa tão má, mas tão má que eu estou neste ponto. Bem não foi apenas os "gajos" do PSD mas também muitos dos seus apoiantes por este mundo blogosferico que me fazem temer o pior. Bem, estou a ser um pouco injusto, pois existiram apoiante do PS que fizeram com que vacilasse e alguns fartaram-se de trabalhar para que eu chegasse aqui neste e tivesse esta duvida. Raios será que foi assim que Jesus se sentiu na ultima noite quando foi tentado? E já agora aproveitando este estupido exemplo: será que depois serei cruxificado?
Mas para que não haja duvidas eu não confio em Socrates, e acho horrivel que o PS tenha neste momento figuras "destacadas" como Vitalino Canas ou Augusto Santos e Silva. Achei deplorável a actitude deste governo na questão dos professores. Se pudesse votava a favor do PS e contra o Socrates, mas não posso e por isso penso:
- Será que voto PS e depois muitos indecisos também votam PS e o "gajo" ainda fica com maioria absoluta e a pensar que está legitimado para voltar a cometer os mesmos erros outras vez?

ou
- Será que voto BE e depois muitos indecisos também votam BE e o PSD ganha as eleições?
É que eu não concordo com tudo do PS, nem concordo com tudo do BE mas raios eu não concordo mesmo nada com o PSD...
Alguém me quer ajudar?
P.S. A unica coisa positiva é que eu sei que é a ultima vez que tenho esta duvida nas legislativas, pois nas próximas eleições já posso votar em "mim"... (mas isto é uma conversa para depois)

Basta pagarem mais...

Já vai longa a discussão sobre este tema. Já quase se disse tudo, no entanto julgo que falta dizer duas coisas obvias. (1) No contexto actual a lei laboral já é muito flexível. Existem quase todos os tipos de contratos possíveis de se imaginar, uns mais flexiveis outros mais rigidos. (2) Que a solução para este problema está nas mãos dos empresários! Como? Simples, paguem mais dinheiro aos contratos mais flexíveis!

O que eu estranho nesta temática é que os "amantes" da iniciativa privada estejam à espera que seja o Estado a solucionar o que eles consideram um problema. É no minimo ser-se prequiçoso! Raios é só aplicar a famosa "lei" de oferta e procura que tanto amam!

E o mais irracional é que gastam milhões de euros em lobbies para mudar as leis actuais quando, se calhar, seria mais barato (e de certeza mais rápido) aplicarem esse dinheiro nas pessoas! E o que eu não entendo é como querem convencer alguém a ter contratos mais flexiveis quando são estas que têm salários mais baixos e piores condições?

Wall it!

E tal como disse anteriormente comecei a escrever outra vez no Wall of Speech! Assim deixo aqui o link para o primeiro artigo que abrirá a secção "wall it" (onde colocarei o link para o artigo) para quem tenha tempo e o queira perder a ler:

- Invasion;

Espero que gostem!

No meu País...

Este não é o meu país! Nem este e muito menos este… No meu país a maioria não esmaga a minoria. Não te discrimina por seres diferente. No meu país não existe apenas um conceito de família, mas sim múltiplos e todos eles importantes. O meu país não se estrutura à volta da família mas sim do indivíduo e no meu país cabem todos os indivíduos, todas as famílias e nenhuma é excluída. Dito de outra forma e em inglês: No meu país “no one is left behind…”

No meu país não existe um timming perfeito para temas de direitos humanos. No meu país esses são os temas mais urgentes, os temas mais importantes.

No meu país, o X da geração X não significa incógnita mas sim um terceiro género, e um quarto e um quinto se existir imaginação para tanto. No meu país o género é da pessoa e só dela, não é algo determinado pelos caprichos da natureza ou de outra pessoa qualquer e muito menos do Estado.

O meu país não é só meu, é de todos, dos nascidos cá e dos nascidos lá.
Ontem à noite, estranhamente, não me senti no meu país! Será que serei o seu único habitante?

Mundo-cão!

Ouvi uma vez mais, cada vez mais cansado, defender que pessoas do mesmo sexo não devem ter acesso ao casamento. Pior foi a pergunta inicial que introduziu este tema: Se no meio desta crise este assunto era urgente? Questiono-me se na altura do fim da escravidão se alguém também colocou essa questão, ou quando terminaram com a pena de morte, ou quando o voto foi alargado a pessoas do sexo feminino.
Efectivamente existe um timming correcto para se discutir e se decidir sobre estes temas "fracturantes": o timming correcto é ontem, pois hoje já tarde demais, hoje já fizemos pessoas sofrerem mais um dia, hoje já discrimnámos mais um dia, e cada dia que passa apenas demonstramos a nós próprios o quão animais ainda continuamos a ser...

Estranho mundo novo...

Estranho mundo novo que estamos a criar. E sim é a propósito do TVIGate...

Nunca pensei vir a viver num mundo de faz de conta, mas acordo agora para essa dura realidade. E pior é que é um mundo de suspeição, em que a realidade de nada vale e apenas a aparência é valorizada. Como a MFL argumenta, já não interessa se é ou não verdade, apenas que se suspeita que é verdade.

Este mundo, que todos nós estamos a criar, vai ser um mundo de perseguição. Que para eliminar um oponente basta lançar uma suspeição, sem nenhum fundamento. Apenas precisas de ter o dom da retórica. Criar um universo paralelo suficientemente sólido e agir como esse fosse o universo real.

Peço desculpa por não querer participar nesse mundo, mesmo que esse mundo afecte neste momento alguém que eu não simpatizo minimamente. Mas não quero por, além de outras, uma razão muito egoista: é que se hoje as suspeições não caem sobre mim um dia poderão cair.

Parece que vivemos hoje um tempo parecido à que antecedeu Hitler ou Salazar, um tempo de indiferença, de indiferença sobre o que está a acontecer na nossa sociedade. Se o alvo da "Inquisição" é alguém que não eu próprio, então azar, certamente deve de ter feito algo de mal...

Pacheco Pereira e os extremos

O Pacheco Pereira teve mais uma das suas "pereirisses", desta vez na quadratura do circulo ao afirmar: "...aliás a extrema-esquerda tem uma voz nos media que a extrema-direita não tem"!
Julgo interessante que o Pacheco Pereira, que é visto como um intelectual, profira uma frase tão banal e populista como este. Existe o mito, criado pela direita portuguesa que o BE e o PCP são extrema-esquerda. Ora esta noção é completamente falsa. Se é verdade que não simpatizo mesmo nada com a ideologia do PCP e o enquadramento inicial do BE (quando foi criado) a verdade é que a pratica actual destes dois partidos os afastam completamente da extrema-esquerda.
Para quem não se recorda como é a extrema-esquerda, eu recomendo que leiam as noticias actuais da Grécia. Isso sim é extrema-esquerda. Nem o BE ou o PCP tem elementos ligados a crimes racistas como o PNR teve ou tem, isso sim é extremismo. Empurrar o BE e o PCP para esses quadrantes é utilizar um argumento falso e sintomático de quem não tem capacidade de argumentar sem ser através de criar monstros imaginários. Aliás numa actitude muito habitual em alguns personagens do mundo orweliano...

Novo Layout

Ainda estou a meio de fazer a mudança de layout mas gostaria de saber a vossa opinião sobre a mudança. Um aspecto importante, e que gostaria de saber é se este novo layout facilita a leitura dos artigo. Eu sentia que o anterior layout dificultava um pouco a leitura de artigos mais longos (algo que provavelmente irá acontecer com alguma frequência).

Também gostava de saber a opinião sobre as cores, pois eu sou um pouco "daltónico" e tenho muita dificuldade para escolher cores que combinem.

Quanto ao título ele irá ser personalizado pelo que o que esta ainda é temporário.

Um abraço e obrigado!

P.S. O Titulo é ainda provisório...

Nova Temporada

Sempre me habituei a que os anos terminassem e iniciassem em Setembro. Quer por motivos escolares, quer posteriormente por motivos laborais. Assim este ano irei iniciar a nova temporada do Tuga 1.75 durante o mês de Setembro.

Como é da praxe o fim de uma temporada é altura de balanço e tenho de considerar que foi positivo. Esta temporada foi marcada pelo meu regresso às lides bloguisticas (que tinham sido colocadas em pausa no ano anterior), pelos contributos valorosos dos comentadores aqui do sitio, que não me canso de elogiar, até porque eles merecem, pelo dossier das europeias e pela chegada de um novo autor a este espaço.

Como também é da praxe também é nesta altura que se levanta o véu relativamente à próxima temporada que trará algumas novidades. Para já tentarei modificar o layout do blogue de forma a que facilite a leitura (não sei no entanto se o conseguirei) dos artigos. Depois publicarei uma excelente entrevista (bem as respostas é que são excelentes) durante o mês de Setembro que abrirá a secção de "Discurso Directo" e que tentarei replicar com outras pessoas (recomendo vivamente esta primeira entrevista), também voltarei a escrever no meu primeiro blogue, o Wall of Speech, deixando por cá o link a quem queira ler esses artigos, continuarei o artigos com os Tags de Pensamentos, dando liberdade aos meus mais estranhos raciocinios. Obviamente tudo isto isturado com artigos que escreverei ao gosto da minha inspiração (que por vezes escasseia) e disponibilidade.

Espero que gostem...

E por um dente perdia o meu reino...

O.K. não era bem o reino, apenas o meu "tino". Fui atacado por uma dor "incapacitante" (finalmente - e infelizmente - percebi o que isto quer dizer) provocado por um dente já meio estragado.
Rapidamente ganhei um "novo" sentido de vida. Neste caso tudo se concentrava à volta desta horrivel dor e em arranjar formas de aguentar até à consulta no médico. No meio deste periodo de loucura, veio-me à cabeça um simples pensamento:
- e se eu não vivesse nesta época, mas numa em que não tinha acesso aos cuidados de saude? O que é que seria de mim?

A vida é...

A vida é sorrisos, toques, risos audiveis, é o dizer "olá" ou "bom dia" e receber um "bom dia" de volta com um sorriso. É gritar e pular, é andar, devagar ou rápido, ao sabor do que nos apetece. É comer uma sandes e antes de trincar é perguntar "queres?"

A vida não é socialismo, conservadorismos, liberalismos, comunismos, monarquismos, ecologismos ou qualquer outros "ismos" que queiramos inventar.

A vida é partilhar, guardar, olhar. É reparar e ser reparado. É ler, é escolher. É correr sem motivo aparente, é correr atrás de um autocarro e mesmo assim não chegar a tempo. É um dia de chuva no dia em que decides não levar guarda-chuva. É contar os trocos para saber se podes ou não beber café. É pedir emprestado ou emprestar. É acordar, sair à rua e sentir o toque do Sol no nosso rosto.

A vida não é contenção, deficit, expansão ou contracção, não é inflação, não é alta de preços, não é cortes na despesa publica ou aumentos de Investimento Publico.

E a politica o que é? Bem para mim é vida...

Abutres

Se existissem dúvidas que os animais (humanos incluidos) têm um passado comum as ultimas declarações dos nossos actores politicos vieram esclarece-las. Neste caso, julgo que tais declarações se devem a um gene qualquer que partilhamos com os abutres. Pelo menos é a única explicação que consigo encontrar que não envolva a palavra imoral, ou outra de teor parecido e igualmente negativo.

Estamos no meio de uma crise a todos os níveis históricos e no meio de tantos aspectos negativos soubemos ontem que somos um dos 4 países europeus que inverteu a descida. Obviamente não é algo para fazermos uma festa (embora na mente da MFL até seria bom, bem isto é se fossemos ricos), mas é algo que poderá dar um boost demasiado precioso para ser desperdiçado.
E se ontem estas aves agoirentas diziam "mata" hoje disseram "esfola" quando soubemos dos números de desempregados. Numa actitude quase festiva, só faltava aplaudirem esses números.
O problema, é que estes abutres da desgraça alheia estam a envenar a "carne" (isto é o ambiente económico) de onde, depois das eleições, eles vão ter de comer. O que demonstra que se herdamos o gene dos abutres, estas pessoas o gene do instinto de sobrevivência!

O meu post mais especial!

Hoje escrevo o artigo mais importante deste blogue. Esqueçam os que passaram, não tentem imaginar os que virão. Porquê? Porque hoje escrevo eu! Não o Stran, mas eu, "the real me", aquele que nasceu à uns anos atrás, aquele que morrerá daqui a uns anos. Aquele que entretanto vive a vida intensamente. Mas este não é o unico porquê...

Um outro porquê é porque é dedicado a uma pessoa especial. Não interessa o nome ou o sexo, não interessa a idade, apenas que é uma pessoa muito especial, uma pessoa real...
É aquela pessoa que merece um monumento ou um quadro, um nome de rua ou nome de personagem de livro ou de filme. Como não sou artista nem escritor, mas um mero escritor de blogues o que lhe posso fazer é dedicar um post, um simples espaço neste blogue, um espaço infinitamente mais pequeno do que aquele que merecia ou que eu queria.
Assim este será para sempre o meu post mais importante que alguma vez escrevi ou vou escrever!

Huxley Dixit

"Um estado totalitário verdadeiramente ''eficiente'' será aquele em que o todo-poderoso comité executivo dos chefes politicos e o seu exercito de directoresterá o controle de uma população de escravos que será inútil constranger, pois todos eles terão amor à sua servidão"

"A revolução verdadeiramente revolucionária realizar-se-á não no mundo exterior, mas na alma e na carne dos seres humanos."

"...mas eram igualmente conservadores, resolvidos a conservar intacto, a todo o preço, o seu mundo, na medida em que onsideravam uma florescente empresa. Durante os ultimos trinta anos não têm existido conservadores; apenas tem havido radicais-nacionalistas das esquerdas e radicais-nacionalistas das direitas."

Legislativas 2009: Post único!

Ao contrário do que fiz para as Europeias de 2009, não criarei nenhum dossier temático para estas legislativas. Esta decisão prende-se com dois factos: (a) a pouca utilidade do mesmo dado que, ao contrário das Europeias, existe uma melhor cobertura das mesmas; (b) a péssima qualidade que existe nos partidos a concorrer.

Estas legislativas são das mais importantes que tivemos na história da nossa democracia. O contexto actual mundial deu-nos a oportunidade para decidirmos no meio da crise qual das diferentes correntes queremos à frente do poder para tentar dar a volta à crise. Aliás não é só dar a volta a crise que é importante. As crises revelam-se épocas douradas de oportunidades, e esta, pela dimensão que tem dá-nos a possibilidade efectiva de recolocar Portugal num caminho de desenvolvimento, bastando para tal sabermo-nos posicionar correctamente.

Posto isto, deveria ser a altura em que os partidos, afinavam agulhas e traziam ao de cima o melhor que existe dentro deles. Infelizmente não o está a ser. Aliás em alguns caso existiu precisamente o oposto. Posto isto, e dado que julgo que a vida não termina nestas eleições, deixarei aqui a minha breve análise dos partidos, do período e da linha de raciocinio para decidir o meu voto.

Começarei a minha análise pelos pequenos partidos (MEP e MMS). Claramente são a grande lacuna nestas eleições. Provavelmente irão aparecer na recta final desta campanha, mas depois de tanto "fogo de artifício" nas Europeias, esperava muito mais deles nestas eleições. Não me deslumbraram nas anteriores eleições, o MEP é um partido cristão pelo qual não nutro simpatia e o MMS é uma verdadeira lição do que não fazer quando se cria um Partido. É pura e simlpesmente um ajuntamento de pessoas e ideias sem nenhum nexo racional.

Em seguida analisarei os dois partidos, que por razões ideológicas se encontram fora da minha esfera de votação: CDS e PCP.

O PCP revelou a sua verdadeira face nas ultimas eleições. É um partido nacionalista-comunista e cuja imagem estalinista é cada vez mais visível. Toca ao de leve a democracia, e embora respeite muito os apoiantes do PCP, toda a sua estrutura partidária é um deja-vu ditatorial. Insiste em não se renovar e espero que perca espaço eleitoral.

O CDS é uma das supresas mais desagradáveis desta campanha. Revelou claramente a sua faceta populista e conservadora, e segue o caminho do autoritarismo. Os seus cartazes estão ao nível do PNR e a cada campanha aproximam-se mais ideologicamente dos mesmos. Gostaria apenas que a votação seguisse esse caminho também. Nunca imaginei que um partido que já foi poder se permitisse seguir esse caminho. Um caminho sem retorno, pois a partir de agora, qualquer discurso mais democrático apenas é uma maquilhagem do "monstro" que cresce dentro dele: o autoritarismo ditatorial.

Passemos então aos dois partido de poder: o PSD e o PS.

Começo pelo PS. Julgo que perderam a oportunidade de fazer algo único em politica: uma renovação de liderança numa conjuntura de maioria absoluta. Isso revelaria uma maturidade democrática sem paralelo na história portuguesa (e talvez mundial). Vou ser claro, muito do que este governo fez foi bem feito e de extrema importância para o país. Se retirarmos todo o ruído de fundo e lama que foi sendo atirada, verificaremos que hoje estamos muito melhor do que em 2005. Não tenho "memória de peixe" e ainda me lembro dos governos (Durão Barroso e Santana Lopes) anteriores e este é sem dúvida um melhor governo. No entanto para mim politica é sinónimo de pessoas, e existiram vários incidentes que para mim ultrapassaram o que acho o mínimo da razoabilidade de viver em democracia e em sociedade. Resumindo, um princípio base para mim, e que não abdico, é que os fins não justificam os meios. Este é o principio base que nos permite viver numa sociedade livre e justa. Existem principios e valores pelos quais me guio, e por mais minimalistas que sejam, são principios dos quais eu não abdico mesmo que esteja em causa a destruição da sociedade, pois abdicar dos mesmos significa per si a destruição da sociedade que defendo. E o respeito pelas pessoas e pela sua dignidade é uma delas. Nunca tinha estado numa situação destas, sei que ao não votar estrei a contribuir para um possível periodo de instabilidade ou mesmo para um governo (caso o PSD ganhe) contra os meus valores. No entanto sei perfeitamente que são nestes momentos que temos de assumir quais são as nossas opções, e a minha passa por não desculpabilizar ou esquecer actitudes que são indesculpáveis, mesmo que a consequência seja pior.

E agora o PSD. Honestamente não sei o que dizer, nem sei como é que este partido terá tantos votos (mais de 10% é um exagero para mim). Se tivesse escrito o que não queria que acontecesse no PSD não teria imaginado (e até julgo que tenho uma forte imaginação) tanta asneira junta. O PSD actualmente é um fantasma de partido, isto é, é algo que apenas as pessoas envolvidas no seu "misticismo" conseguem o ver. Não tem programa, não tem voz, não tem mais nada do que uma líder. Uma líder autoritária, que aniquila as vozes contrárias a ela e que segue um rumo que só Deus sabe qual é (não esquecer que sou ateu). Neste momento é o herdeiro da União Nacional (partido de Salazar). Tem um mote religioso (Politica de Verdade é decalcado da Igreja Católica), ultra-conservador , anti-liberal, anti-democrático e corporativista. Julgava que 40 anos de ditadura nos tinha dado os anti-corpos suficientes para estarmos imunes a este tipo de politica, parece que não!

Resta então o BE. Se votar em algum partido votarei em Bloco de Esquerda. Mas tenho mesmo muitos problemas em o fazê-lo. Porquê? Porque continuo a ver um partido que é um "lobo vestido de carneiro". Se concordo com muito do que eles defendem, a verdade é que quando ouço com atenção o que dizem, fico assustado. Exemplos: a maneira comoo Louça descreve o que irá fazer se tiver votos suficientes para ser importante, é profundamente anti-democrático. Ele até agora deu a entender que só votará a favor de posições identicas à do seu programa, o que se traduz na imposição do seu programa sobre programas que receberam mais votações. Se eu concordo que existem principios dos quais ele não pode abdicar, já vejo de muito dificil explicação o votar contra este Código de Trabalho (que não ataca os principios que ele defende) ou contra uma possível a privatização parcial das AdP. Por outro lado, mesmo pensando assim, por enquanto estou inclinado a votar BE. Por um simples facto, reconheço que ele tem feito um trabalho positivo e que mais cedo ou mais tarde o BE terá que ter alguma importância para sabermos se é mesmo um "lobo vestido de cordeiro", ou um partido com capacidade de governação.

Resumindo, julgo que estas legislativas foram uma supresa muito desagradável para mim. Se sou naif o suficiente para ter estado à espera de actitudes positivas por parte dos partidos no meio desta crise, sou pragmático o suficiente para saber que a reacção que aconteceu, no meio desta crise, é a normal que acontece. Não é a primeira vez que, como reacção a uma crise profunda a direita encontra a sua solução no autoritarismo, a esquerda radical no nacionalismo proteccionista e que quem está no poder não abdica do mesmo.

Só imaginava que a história passada e principalmente os erros do passado serviram para aprendermos...

Um verdadeiro mimo!!!



Duvidas existênciais:

1. Se "a altas horas da noite" não se deve dizer Boa Noite, diz-se o quê?

2. E se a critica fosse sobre violência doméstica em vez das imagens de guerra, trazia-se um casal para andarem à porrada?

3. O que é a Vickiepedia? A enciclopédia da Vickie?

4. Desde quando é que JPP é cinico?

Manuela Fica Louca (MFL)

Eu cá por mim, e depois do que se passou nos ultimos dias, apresento uma moção para mudarem o nome do Boneco da Manuela Ferreira Leite no Contra-informação para Manuela Fica Louca! Quem é a favor?

"Oh, Maravilhoso Mundo Novo..."

Existem livro que são assim, nos fazem questionar sobre o mundo. O mundo do livro, o mundo do autor, o nosso mundo e os mundos dos outros...

Uma questão, que agora vejo que era superficial, era porque motivo existia uma maior propagação de Orwell de que Huxley? Sei agora que, embora superficial, era uma pergunta importante. Mas necessitei da leitura completa do livro para ter essa noção.

É que, enquanto o "socialista" Orwell cria uma realidade externa a nós próprios, algo que todos nós podemos apontar o dedo, o "conservador" Huxley cria uma obra ao mesmo tempo estranha e intimista. É dificil ler a obra de Huxley e não nos olharmos um pouco ao espelho. De não revermos um pouco em que é que acreditamos e porque é que acreditamos. Lemos com um misto de censura e fascínio, e nesse paradoxo temos a sensação de querer fugir a esta realidade bem mais real que o mundo orwelliano.

E no entanto, que melhor sitio e tempo para ler esta obra, do que Portugal do Sec. XXI. Esse local onde a pressão social é suficientemente forte para normalizar o individuo, mas onde a liberdade económica nos permite obter a satisfação de viver num maravilhoso mundo novo tecnológico e guardar uma pouco da nossa individualidade vivida em comunidade. Onde o ideal de beleza eterna é cultivado por esses ginásios fora, e onde ser saudável é alvo de culto e são olhados com estranheza todos os amantes de vicios polutos como o tabaco. Onde, quando tu sentes uma profunda tristeza, ou solidão, ou qualquer uma dessas emoções proscritas, te é diagnosticado uma leve depressão, ou um esgotamento, e te dão um pouco de felicidade embrulhados em forma de comprimidos Prozac ou Valium, que não é mais que o equivalente moderno do Soma!

Na esplanada...

Estava sentado na minha habitual esplanada. Fazia sudoku, enquanto bebia o meu café e fumava um cigarro.
Entretanto um casal chegou. Ou melhor, chegou primeiro os seus cheiros a banho e perfume, do que eles. A acompanha-los estava um rotweiller açaimado - uma raridade em Lisboa - e o seu filho. Eram uma típica famíia d classe média de Lisboa.
Para além do cheiro e do cão, nada me despertava a atenção e continuei no meu jogo, até que, uma voz aguda e exageradamente audível quebrou a minha concentração:
- "Pai, quero um gelado"
O pai, prevendo o rol de exigências do seu filho, levantou-se vagarosamente e deslocaram-se até ao cartaz dos gelados:
- "Quero este!" disse a miniatura de homem, apontando para o seu gelado favorito
- "Não há"
- "Quero este" voltou a repetir
- "Não há! Mas como este - o Epá - que é muito bom!"
E antes que o seu filho voltasse a falar, abriu a arca onde estavam os gelados, tirou o Epá e voltou para o seu lugar. A mãe mantinha-se silenciosa.
No entanto o filho não se deu por vencido com o gesto do seu pai. Manteve-se junto ao cartaz e começou a pedir de uma forma cada vez mais audível:
- "Pai, quero este!"
Vendo-se ignorado pelo seu pai, decide mudar de interlocutor:
"mãee..."
"Mmãee..."
"MMÃÃÃEEE..."
Cada vez mais alto e agudo, começando a transformar a sua voz de criança numa voz estridente de sirene.
Decido então olhar para a reacção dos seus pais. Ambos olhavam para o infinito, como se meditassemm ignorando por completo o mindo à sua volta. Eram os unicos, pois todos os outros, comigo incluido, não podiamos ignorar aquela voz aguda, suplicante a pedir a atenção dos seus pais...

Alice no país das maravilhas!

Não, não é sobre o livro, nem irei mudar o meu nome para Alice (que, salvo erro é impossível em Portugal pois implicaria mudar de sexo também).
Mas somente é a expressão do que é viver a minha vida. Um conjunto de episódios, de pequenos momentos que me fazem sorrir. Que me fazem ter a certeza que a minha vida tem sido um mar de rosas. Que tenho tido a sorte de encontrar pessoas espectaculares e interessantes, e principalmente reveladoras da natureza humana (no seu melhor lado).
E para que ninguém tenha duvidas, não tomei nenhuma dose de "soma", as pessoas à minha volta é que fazem questão de tornar a minha vida numa verdadeira vida de "Alice no país das maravilhas!"
P.S. Inspirado em todas as pessoas (reais e virtuais) que conheço e despoletado por um comentário de Vera Santana do Simplex.

Post politicamente incorrecto: Natalidade

Surgiu uma conversa muito interessante entre o blogue do MLS e o André Escórcio do "Passaros sem Nariz" sobre a temática da natalidade e o que fazer para aumentar a taxa de natalidade.
Este artigo não é tanto por causa de medidas, mas mais por causa da abordagem a este tema. Eu vou contar um segredo, que estranhamente tem o habito de ser polémico:
- Eu não quero ter filhos!
Eu sei, lá se foi 90% de oportunidade de estar numa relação duradoura...
Tem sido uma experiência interessante afirmar isto publicamente, pois sei o que é dizer algo verdadeiramente politicamente incorrecto. E não devem imaginar a pressão que existe, e que fica visível quando digo esta frase, para uma pessoa ter um filho. Desde o pasmo mais sincero até ao olhar mais ameaçador, existe um pouco de tudo.
É nessas alturas que sei na pele o que é ser um outsider, mas é a minha opção e tenho de viver com a mesma. Agora o que peço é que não transformem a questão da natalidade num designio nacional!
É que se já dificil viver tendo esta opção, se continuarem a insistir nesta tónica qualquer dia sou linchado vivo!!!

O meu nome é Zola...

Boa noite a todos os estimados leitores deste blogue!

O meu nome é Zola! Obviamente não é o meu nome verdadeiro, mas sim uma alcunha que ganhei em criança. Ou melhor uma diminuição da alcunha original.
Em miudo vestia a mesma camisola com muita regularidade. O que eu adorava aquela camisola! Não sei ao certo qual foi o meu fascinio inicial, apenas sei que adorava-a e utilizava-a sempre que podia. Por vezes mesmo às escondidas da minha mãe. Levava-a na minha mochila para a escola e assim que estava longe dos olhos dela vestia-a.
Obviamente isso teve consequências, e quando és miudo, os outros miudos apanham aquilo que é diferente em ti e fazem questão de tornar obvio. Deixas de ser tu e passas a ser aquilo que sobressai em ti. No meu caso foi a minha camisola, a minha querida camisola.
Rapidamente o meu nome deixou de ser utilizado e eu era a "Camisola". Obviamente esta alcunha não durou muito tempo, pois era pouco práctica e foi substituida pela mais fácil "Zola". Olhando para trás julgo que tive sorte, no meio de tantas alcunhas horríveis, Zola até era interessante - ainda por cima era nome de jogador de futebol - pelo que me agarrei a ela como me tinha agarrado à camisola. E assim ficou...
Não vos maço mais, apenas um ultimo parágrafo para agradecer o convite (aliás convites, que o Stran teve de penar uma pouco até eu aceitar - apenas porque achava que não me iria enquadrar). Não escreverei sobre politica, ou sequer pensamentos (que isso é departamento do Stran), mas simplesmente pequenos desvarios do meu dia-a-dia, ou da minha imaginação. Espero que gostem!
Um abraço sentido a todos os que leêm este blogue e um especial ao Stran!

Nova aquisição do Tuga 1.75

Há algum tempo que ando a namorá-lo para ser autor deste blogue. É um amigo pessoal, mas pouco dado à blogosfera. O seu nome é Zola, e será a nova aquisição aqui do Tuga.

Espero que gostem do seu trabalho tanto quanto eu!

Eu estou Farto!!!

www.fartos.net

"No Irão morreram mais de 20 pessoas em protesto contra os resultados eleitorais e exigindo mais democracia. As liberdades fundamentais foram suspensas. Nas Honduras, militares golpistas extraditaram o presidente democraticamente eleito. Os protestos já geraram duas vítimas mortais. As liberdades fundamentais foram suspensas. Na China, 140 pessoas morreram em protestos contra a suposta hegemonia de uma etnia. 1400 pessoas foram presas e as liberdades fundamentais foram suspensas.Estamos fartos disto! Estamos fartos de repressões e ditadurices. Estamos fartos de desrespeitos claros aos mais básicos direitos fundamentais. Estamos fartos de ver a liberdade ser suspensa. Estamos fartos de ver a democracia ser adiada em tantos países. Estamos fartos da paz ser constantemente hipotecada. Não pode ser! Estamos fartos e, dentro das possibilidades de cada um, vamos fazer barulho por isso! Temos dito!"

Para quem me conhece (e que acompanhou a minha estadia no blogue internacional Wall of Speech) sabe que à muito que estou farto disto! O desafio foi-me proposto pelo Carlos Santos, e agora chega a minha vez de escolher outros a se pronunciarem. Escolho alguns dos blogues que têm o habito de afirmarem que defendem acerrimamente a liberdade e democracia a se pronunciarem, além dos dois blogues que estão em campanha. Veremos então qual a reacção destes blogues:

SIMplex

Jamais

O Afilhado

O Insurgente

31 da Armada

O Valor das Ideias está de Parabéns!!!

Dito desta forma até parece estranho! Afinal obviamente que uma ideia com valor está sempre de parabéns. Mas neste caso refiro-me ao excelente blogue do Carlos Santos, que faz hoje um ano de existência.

Que venham muitos mais anos!

Riqueza (III)

Nos dois artigos anteriores tentei visualizar a riqueza num prisma que não incluisse o dinheiro. A ideia era, que desta forma conseguiria ter uma noção mais clara da riqueza que poderia alterar ou melhorar a percepção de algumas temáticas sobre este prisma.

Assim, genericamente reconheci que o nível de riqueza é verificada pelo nosso nível de consumo dos recursos disponíveis. Neste caso, tanto o conceito de consumo, como o conceito de recursos é entendido num sentido muito lato. O consumo refere-se a um acto, que pode ou não ser fisico (por exemplo, o passar tempo em lazer é enquadrado para mim neste acto) mas está relacionado positivamente com o nosso bem estar. Quanto ao conceito recurso, ele também é visto por mim num conceito lato e abrange recursos tangíveis e intagíveis.

Assim como aparece o dinheiro? O dinheiro é a invenção humana que permite relacionar todos estes conceitos subjectivos. E devo dizer que é possivelmente uma das maiores invenções do ser humano. O dinheiro é uma relação entre as diferentes valorizações que damos ao consumo de recursos e que é materializada num papel. Como ente “fisíco” ele não tem muito valor, como o caso do Zimbabwe é exemplificativo. Isto é, a importância do dinheiro está na relação que estabelece e não na sua materialização. Embora foi esta materialização que permitiu ser uma excelente invenção. É que uma nota aumenta a portabilidade da nossa riqueza (não ficamos presos ao local fisico onde nos é permitido consumir), acabando decisivamente para o aumento da nossa liberdade de acção. Por outro lado, o dinheiro é materializado num bem que tem uma elevada durabilidade o que representou também uma maior liberdade de acção (podemos escolher quando consumir).

Mas este conceito, o dinheiro, visto desta forma poderá, se explorado com mais profundidade (algo para fazer num futuro mais longinquo) poderá permitir encontrar novas soluções para velhos problemas. Por exemplo, se modificarmos a forma como expressamos essa relação (actualmente está em valor absoluto) podemos mudar significamente a vida tal como a conhecemos.

Deixo aqui um exemplo:

Esta separação entre dinheiro e riqueza pode fazer sentido por exemplo na temática das multas. Será justo que para a mesma infracção dois individuos vejam o seu nível de riqueza diminuir de forma desigual?

Eu julgo que não, que a mesma infracção deveria estar associada a um igual decréscimo de riqueza. O problema é que tal e qual como as multas estão criadas (valor absoluto) faz com que essa realidade exista. Desta forma, dependente do nível de riqueza do individuo, a multa tem um impacto diferenciado.

Falemos em números: O individuo A tem um rendimento de 10,000,00 Eur, enquanto o Individuo B tem um rendimento de 500,00 Eur. Ora se determinada infração tem o valor pecuniário de 500,00 Eur, tal significa que tem impacto diferente nestes dois individuos. O Individuo A perde apenas 5% da sua riqueza enquanto o individuo B perde a totalidade da sua riqueza.

Objectivamente, este sistema acaba por criar discriminações na liberdade dos individuos (e a liberdade de infracção é para mim uma liberdade também) o que é de todo um efeito indesejavel.

Por exemplo, uma possível solução é a transformação das multas de valor absoluto para valor relativo (uma percentagem do rendimento mensal, por exemplo). Dessa forma garantia-se que o impacto seria identico para todos, e que o desincentivo a determinada acção (que é o conceito por detrás das multas) era identico para todos.

Aprender a ficar calada!

Manuela Ferreira Leite (MFL) pediu:

"Aquilo que se está a dizer é que existe já essa entidade, existe uma entidade independente para acompanhar as contas públicas no Parlamento, que deveria neste momento pronunciar-se, porque surge a ideia, dos factos, de que afinal as contas públicas estão verdadeiramente descontroladas"

Ora MFL sabe, como ex-Ministra das Finanças que tal pedido é inútil pois não teriam tempo de aferir com fiabilidade essa situação. Ela sabe, melhor como ninguém que a opinião dessa entidade, para ser util e fiável levaria mais tempo do que aquela determinou para se pronunciar (antes de Setembro).

Mas pior que isso ela sabe, melhor do que ninguém o que é viver uma época em que as "contas estão verdadeiramente descontroladas".

Existe um orgão em Portugal que afere sobre a fiabilidade das contas publicas em Portugal: o Tribunal de Contas. E se recuarmos no tempo, é interessante o parecer que o Tribunal de contas faz das contas públicas em 2003.

Em 2003 era Manuela Ferreira Leite a ministra das Finanças e o Tribunal de contas emite o seguinte parecer sobre as contas publicas geridas por MFL:

1 - "a informação registada não pode ser considerada fiável, consistente e tempestiva, quando se verificou estar incompleta, conter valores por rectificar, regularizar ou conciliar"

2 - "A análise à execução do Orçamento da Receita registada na Conta Geral do Estado de 2003 leva o Tribunal de Contas a manter uma posição de reserva sobre os valores nela inscritos, dado que o respectivo modelo de contabilização continuou a não assegurar o registo integral, tempestivo, fiável e consistente da informação."

Mais, acerca do tempo que demora a enviar a informação para o Tribunal de Contas também é claro que 1 mês é manifestamente insuficiente, pois quando coube à mesma enviar essa informação:

"É no cumprimento destes preceitos constitucionais que se apresenta o Parecer do Tribunal sobre a Conta relativa ao ano económico de 2003, recebida em 1 de Julho de 2004."

Sim, Manuela Ferreira Leite demorou 6 meses a enviar informação que era escassa e pouco fiável.

Assim sem duvida que Manuela Ferreira Leite sabe o que é ter "contas descontroladas", e também sabe melhor que ninguém, que o que pediu é impossível de obter. Assim resta-me apenas a duvida: porque é que a mesma o fez?

Sexo!

Continuando que a discussão com o Tiago sobre a IVG, gostava hoje de abordar esta questão sob outro prisma. Para mim este é uma das questões basilares nesta temática e que ainda não vi discutida neste tema, talvez por pudor.
Quando falamos de IVG, estamos antes demais a falar de sexo! Não existe IVG sem sexo. É um facto incontornável. Portanto, eu julgo antes demais qualquer outra discussão (sobre o que é a vida, sobre se a gravidez é ou não um acto opcional ou se é algo respeitante ao individuo ou não) teremos de definir o campo do sexo.
Antes demais comecemos pela parte biológica (neste caso minimalista): é um acto fisico! Mais do que isto é complicar a definição.
Posto isto julgo que o sexo deve ser visto subjectivamente, isto é, cada pessoa determina o que realmente é para ela. Julgo que numa sociedade livre, ninguém tem a ver com a noção que cada um tem sob esta temática.
Para mim só diz respeito ao(s) envolvido(s). Na masturbação é só o próprio, na relação monogamica é o próprio e o seu parceiro ou parceira, e em relações poligamicas ao próprio e aos diversos parceiros.
E se é verdade que durante muitos anos a visão de sexo estava estritamente relacionada com a procriação, avanços recentes (pilula, preservativo, pilula do dia seguinte, etc...) quebrou essa relação. Portanto julgo que é tão legitimo alguém encarar o sexo como forma de procriar, ou alguém conceber o sexo completamente fora do conceito conceptivo do mesmo.
Ora acontece que existe um grande problema para estes ultimos, é que biologicamente ainda é impossível escaparmos ao risco de gravidez. É algo que por enquanto foge ao nosso controlo, por mais precauções que façamos não podemos evitar esse risco.
E é neste contexto que aparece o IVG. Eu diria que é a medida que está no limiar. Isto é, é a medida que permite que uma pessoa não tenha uma nova vida se não pretender e que ainda não afecta mais ninguém que não ela própria.
Pode ser questionável? Sim! Podem as pessoas não concordar? Sim! Mas é inaceitável que a sociedade se pronuncie sobre qual a "moral" mais correcta. E é aqui que eu não te compreendo, Tiago. É que independentemente de todas as opiniões diferentes que possamos ter, os pontos de vista, as moralidades opostas que tenhamos, a verdade é que ser-se liberal é isso mesmo: construir uma sociedade em que todas estas diferentes visões existem e co-existem, e isso era algo que a lei anterior não permitia. Podes ser contra a pratica do IVG, mas dificilmente poderás defender a sua proibição sem destruires a coerência da tua doutrina liberal.

Interrupção voluntária da gravidez

Em discussão com o Tiago sobre a avaliação do governo, surgiu o tema do IVG. E eu, no meio da discussão, preconceituosamente acabei por acusa-lo de ter preconceito partidário sobre este tipo de temas. A questão é que eu estava enganado, e gostaria de aproveitar esta oportunidade para pedir desculpa pelo meu erro (foi uma valiosa lição para mim de como não julgar de forma preconceituosa uma pessoa através de uma corrente ideológica que essa pessoa defende).

Posto isto fui pesquisar a opinião desfavorável à IVG do Tiago, e achei que era importante escrever este artigo. Ao contrário do que se possa pensar este é um tema que deve ser sempre discutido, pois nele estão inseridos conceitos de sociedade e de vida cujo o debate não termina num referendo.

O IVG é sempre um tema polémico. E a questão coloca-se em dois níveis:

1) Será correcto a IVG?

2) Será correcto que a minha opinião sobre a IVG influencie a possibilidade de outro ser humano com opinião contrária de praticar a IVG?

Começo então por responder à primeira questão e responderei letra por letra.
G de gravidez: Julgo que este tem de ser o primeiro passo desta discussão, ainda antes sequer das outras questões filosóficas de o inicio da vida ou de quando se considera que vida é vida. A minha primeira duvida é: A gravidez é algo da esfera do individuo ou não? Julgo que todos concordamos que sim. Independentemente dos motivos não é legitimo na nossa sociedade interferir nesta temática. Não é a sociedade que determina quem deve ou não engravidar, quando o individuo quer ou não engravidar, e em que situações é que é legitimo um individuo engravidar. Ultrapassada esta questão, passemos à proxima: o que é a gravidez? “Pregnancy (latin graviditas) is the carrying of one or more offspring, known as a fetus or embryo, inside the uterus of a female.” Ou seja, no fundo é o acto de suportar a criacção de uma nova vida. Neste contexto torna-se claro que: (A) a gravidez é algo do foro individual, (B) é o processo (neste caso biológico) pelo qual o individuo consegue gerar uma nova vida. A minha ultima questão é: deve ou não a geração de uma nova vida ser uma escolha activa do individuo? Na minha opinião sim! A gravidez é e tem de ser uma decisão activa da pessoa. Afinal trata-se de mudar uma não existência em existência, pelo que não faz nenhum sentido a sociedade decidir pelo individuo.
I de interrupção. Acrescentando esta letra à anterior levanta-me uma nova questão: Será a interrupção da gravidez algo moralmente negativo? A resposta é não, apenas porque não cai no campo da moralidade, pelo menos ainda não nesta letra. A interrupção da gravidez é um fenomeno natural e que ocorre com muita frequência. Mais, quando ocorre desta forma é esquecida com o tempo, não tendo qualquer impacto (geralmente)a longo prazo na vida da pessoa.
V de voluntária. É aqui que começa realmente a polémica. E a grande questão é: deverá o individuo poder decidir não continuar com a gravidez? Obviamente para mim sim. Pelo que expus na letra G, a gravidez deve ser sempre uma escolha pois estamos a falar de acrescentar algo que não tem existência, e a não existência nunca deve prevalecer sobre a existência. Uma nova vida nunca é uma obrigação, ou pelo menos não o deve ser na sociedade que idealizo. Neste contexto levanta-se uma nova questão: até quando deve um individuo poder decidir? Para mim a resposta é obvia e deriva da biologia: até ao momento em que o projecto de vida se passe a considerar uma vida. Para mim isso ocorre quando o conjunto organico que está no interior do individuo começa a ter a capacidade de sentir, que segundo a biologia julgo que é às 10 semanas. A partir desse momento já não é um projecto de vida mas sim uma vida e o cenário muda por completo de prisma.

Nesto contexto julgo que a IVG é um comportamento perfeitamente correcto numa sociedade que se queira responsável. E uma sociedade só pode responsabilizar individuos se der aos mesmos a capacidade de decisão.

Passemos então para a segunda questão, e a que estava em causa no referendo. A resposta obviamente é não. Como disse anteriormente a gravidez é e deve ser sempre uma opção e uma opção individual, e a minha opinião não deve obrigar uma outra pessoa a se comportar da maneira que eu acho mais correcta. Aliás é demasiado perigoso permitirmos que isso aconteça, pois significa deixarmos os outros interferir na nossa esfera puramente individual.

E agora Tiago, é isto que me confunde em ti. Como liberal que és, deverias, mesmo não concordando com a IVG, ser contra a obrigação que a sociedade impunha ao individuo de agir de determinada maneira. A minha questão para ti é: porque é que aceitas que a sociedade deve obrigar determinado individuo ter um filho contra a sua vontade no momento em que este ainda não é mais que um projecto? (e não consegui encontrar resposta nos teus artigos).
P.S. Obviamente este artigo é aberto a discussão de todos os que o queiram discutir.

Riqueza (II)

No artigo anterior tentei expôr o conceito de consumo como factor de riqueza para o individuo. A ideia é quebrar a ligação automática que existe entre riqueza e dinheiro. Essa ligação é a meu ver errada e deverá ser substituida pela ligação entre riqueza e consumo (isto é, acto de consumir). Assim o nível de riqueza não é aferido pelo nível de dinheiro que um determinado individuo tem mas pelo seu nível de consumo.

Neste artigo queria elevar o nível de análise do individuo para a sociedade (na figura de país). Como determinar o nível de riqueza de determinado país? Seguindo a mesma lógica será através do consumo. Ou dito de outra forma o nível de riqueza do país depende positivamente da capacidade de consumo desse país. Então como podemos aferir se um país é rico ou pobre? Será pelo que consome? Eu diria que sim, o nível de consumo determina o nível de riqueza momentanea (ou no calão financeiro é o seu valor spot) do país.

Mas a este nível é necessário ir um pouco mais longe no conceito para podermos determinar o nível de riqueza do país.

É necessário determinar primeiro o que é que um país pode consumir. Na minha opinião um país apenas consome recursos, e neste caso, temos unicamente 3 recursos para consumir: mão-de-obra (o que as pessoas podem fazer), as matérias primas (ou seja a base para as pessoas poderem fazer algo) e o espaço fisico.

É costume ouvir os politicos e a vox populi dizer que somos um país pobre, mas seremos? Para começar a responder vou partir do cenário de que no mundo só existia o território português.

Neste cenário diria que sim, que somos pobres pois, se isso acontecesse, diminuiamos muito o consumo em comparação com o consumo actual. Porquê? Bem porque não temos nem recursos energéticos (petroleo, etc...) ou nem de matérias primas (falta-nos componentes para diversos bens que existem actualmente). Por outro lado não somos muito populosos pelo que a nossa produção máxima também não seria muito elevada neste cenário. A única vantagem deste ultimo ponto é que por sermos poucos temos mais espaço disponível per capita para consumir pelo que aí seria o único ponto que efectivamente que nos daria riqueza.

Ou seja, num cenário fechado como este não temos um consumo potencial muito elevado (logo a nossa riqueza é baixa), e provavelmente dedicariamo-nos à agricultura, pastoreo, construção de casa, etc, mas estariamos muito longe do ponto actual de consumo.

Então o que nos permite usufruir da nossa riqueza actual? Simplesmente o facto de não vivermos isolados no mundo e de podermos usufruir dos recursos dos outros países em troca de alguns dos nossos recursos. E é aqui que sobressai a importância de duas coisas que muitas vezes é falado mas poucas vezes é explicado:

1) Comércio Externo – como vimos são as trocas com países com outros recursos que permitem elevar a riqueza potencial do nosso país. Só com comércio internacional é que podemos usufruir do bem-estar que temos actualmente. Assim, nunca nos devemos esquecer disso principalmente quando alguns politicos mais populistas começam a ter discursos nacionalistas ou proteccionistas. Nesta optica fica claro que essas medidas irão levar sempre ao empobrecimento do nosso país.

2) Exportações – como eu disse é necessário, para elevarmos a nossa riqueza, utilizar recursos que não são nossos. Para tal existem duas formas: ou em troca damos parte dos nossos recursos futuros para trocar por recursos actuais estrangeiros (divida externa) ou então damos em troca recursos nossos que os outros países valorizam e recebemos recursos dos outros países (exportações). Assim quando os politicos afirmam que as exportações são importantes, eles não nos mentem. Esta é a única maneira de elevarmos a nossa riqueza sem penhorarmos o nosso futuro. A grande questão prende-se com: que recursos nacionais é que os estrangeiros querem? Dos três que apontei julgo que o mais importante é o da mão-de-obra. Historicamente verificamos que os países que apostaram nas suas pessoas são as que apresentam a melhor qualidade de vida a nível mundial.
Embora existiriam mais pontos para falar sobre este tema, deixarei esse debate para quando falar do Dinheiro no próximo artigo.

Riqueza (I)

Nos próximos tempos vou-me debruçar sobre o conceito de riqueza e as suas implicações na realidade portuguesa. O meu primeiro passo consiste em separar o conceito de riqueza e dinheiro.

Será que dinheiro e riqueza são os mesmos conceitos? Muitas vezes utilizamos estes conceitos de forma idêntica (p.e. utilizamos como frases sinónimas “aquela pessoa tem muito dinheiro” e “aquela pessoa é rica”) mas para mim são conceitos diferentes.

A riqueza é, a meu ver, a capacidade que determinado indivíduo tem de consumir. Ou seja, em abstracto é totalmente independente do conceito de dinheiro. Sem consumo uma pessoa não possui riqueza. Além disso é a riqueza que está associada ao bem-estar e não o dinheiro. Vou tentar demonstrar com recurso ao absurdo:

Imaginemos um mundo onde existe um indivíduo (indivíduo A) que não tem família nem amigos, nem nunca vai ter, e não vai ter filhos ou casar, ou seja é completamente e eternamente solitário.

Imaginemos que o Individuo A recebe duas propostas de empresas para empregos idênticos para o mesmo país:

a) numa recebe 10.000 Eur mensais;

b) na outra recebe 1.000 Eur mensais;

À partida a primeira proposta é de longe a melhor proposta. No entanto se introduzir as seguintes clausulas:

a) na proposta A só fica disponível 5% do dinheiro sendo que os restantes 95% são transferidos para uma conta-poupança à ordem do Individuo A, sendo que ele só terá acesso depois de morto.

b) na proposta B fica disponível 100% do dinheiro.

Neste caso torna-se obvio que a segunda proposta é a melhor, e embora o Individuo A fique com mais dinheiro na primeira proposta, ele fica mais rico na 2ª proposta.

Posto isto, julgo que é muito importante que esta ligação esteja clara, pois é relevante para analisar algumas frases e perceber o que realmente querem dizer.

Por exemplo, à algum tempo atrás Manuela Ferreira Leite afirmou: “É necessário diminuir o consumo e aumentar a poupança”*. Traduzindo, o que a MFL afirma é que temos todos de ficar mais pobres. Em teoria, o objectivo é ficar mais pobre agora para ficar mais rico no futuro. Além de parecer um conselho que as nossas queridas avós diriam, é algo que não parece mau. O problema é a realidade portuguesa! Num país com 2.000.000 de pessoas a viver no limiar da pobreza é quase desumano afirmar que essas pessoas têm de ficar ainda mais pobres!
(continua)
* citação de memória

Testamento Vital: Declaração

AVISO: Este artigo pode ser considerado ofensivo e ferir susceptibilidades

Por cobardia do nosso Primeiro-ministro, não será legislada a lei relativamente ao Testamento Vital nesta legislatura. Para os mais desatentos não se está a falar de Eutanásia, mas somente de uma declaração para as situações em que uma pessoa não quer receber tratamento (julgo que por fundamentos religiosos isso já existe) e por algum motivo não se poderá expressar. Infelizmente numa sociedade aldeã, ainda achamos legitimo numa situação como a que descrevi que a pressão social se sobreponha à vontade legitima individual. Parece que ainda não somos nós que mandamos no nosso próprio corpo.

Posto isto, e como não quero ficar a aguardar pela vinda deste diploma, quero deixar bem claro quais as situações em que não quero receber tratamento:

Declaro que:

1 – Caso ocorra um acidente, ou incidente, que me coloque num estado de coma irrecuperável ou vegetativo, não quero receber tratamento médico que me permita viver.

2 – Caso ocorra um acidente em que terei lesões cerebrais graves e diminua substancialmente a minha capacidade de raciocínio, e desse acidente necessite de tratamento para estabilização e sobrevivência, não quero receber esse tratamento.

Mais, para que fique claro a minha posição relativamente a este ponto e à Eutanásia, declaro que se uma pessoa muito, muito próxima de mim, cair numa situação em que a sua vontade se enquadrasse numa situação de testamento vital ou eutanásia, que cumprirei a vontade da mesma, independentemente dos avanços legais sobre esta situação. Julgo que ninguém tem o direito de sobrepor-se, nesta questão, à vontade do próprio causando e prolongando o sofrimento injustificadamente.

Numa sociedade que ainda permite que, por exemplo, existam discriminações baseada em fundamentos religiosos, é tempo de dizer basta a um caso claro de violação do direito natural e inalienável do indivíduo a decidir no seu próprio corpo.

Racionalidade e emoções

Desde o inicio da humanidade que temo-nos habituado a dividir binomialmente várias questões. Não sei muito bem como começou. Possivelmente está relacionado com algo tão simples como o dia e a noite e com a simbologia que fomos atribuindo a cada uma destas partes da nossa vida.

Como animal diurno que somos é natural que o dia esteja relacionado com algo positivo e a noite com o aspecto negativo. Afinal era de dia que estavamos mais despertos, que caçavamos e nos alimentavamos, que melhor viamos o mundo à nossa volta e que nos sentiamos mais seguros, enquanto à noite tinhamos os nossos sentidos limitados, aumentando o mundo do desconhecido e ficavamos assim desprotegidos em relação aos nossos predadores, que embora não os pudessemos ver sabiamos que estavamos lá.

Julgo que é natural que este binómio tenha acompanhado a nossa evolução e religiosidade, sendo transferido para o nosso consciente e subconsciente. Muitas das divindades e deuses estavam relacionados com o Sol (o egipcio Ra, o azteca Tonatiuh, o hindu Savitr, etc. até o nosso cristão Deus está relacionado com a luz). E é antiga a dictonomia entre luz (positivo) e trevas (negativo).

Aprendemos a associar sempre a determinada dictonomia, uma carga positiva e outra negativa, um Bem e um Mal por assim dizer. E esta dictonomia tem evoluido com a própria evolução humana. Assim, existe noite e dia, que transferido para a religião (e vou dar o exemplo da cristã) deu lugar ao Deus e o Diabo, que por sua vez centralizando-se no ser humano enquanto ser religioso deu lugar à alma (simbolo de pureza) e ao corpo (objecto material dos pecados) e que por sua vez transfigurou-se, com o advento da filosofia e ciência moderna, na dictonomia racionalidade e emoções.

Se verificarmos os nossos discursos, acções e muitas vezes as nossas argumentações, vemos que à racionalidade damos uma conotação positiva (é o bem) enquanto às emoções damos uma conotação negativa (é o mal) e guiamos muitas das nossas acções nesse sentido. A construção de argumentos têm de ser racionais e muitas das vezes uma das criticas que sofremos é que estamos a tornar a questão demasiado emocional, ou a responder emocionalmente à questão, como se isso fosse negativo.

Assim construimos um mundo onde racionalidade e emoções são campos distintos, são a noite e o dia do nosso mundo, um representando o bem (sendo o herdeiro da nossa alma) e o outro representando o mal (no fundo o sucessor do corpo na dictonomia alma vs corpo). Agimos de forma a tentar obter uma racionalidade pura completamente extripada da componente emocional.

No entanto eu julgo que esta é uma falsa dictonomia, e que por ser falsa acaba por limitar em muito as nossas vidas, a nossa liberdade e mesmo a nossa felicidade. Se olharmos para o corpo humano e para a forma como tanto a racionalidade como as emoções funcionam no nosso corpo, verificamos que não são opostas mas partes integrantes de um mesmo sistema e essênciais no nosso corpo e até na nossa sobrevivência. Ao ler Damásio, Panksepp ou outros ficamos com a noção da importancia que as emoções desempenham não só na nossa sobrevivência mas também na nossa própria racionalidade sendo impossíveis de dissociar e impossibilitando assim qualquer dictonomia. Se é verdade que foi por termos a capacidade racional que pudemos fazer coisas extraordinárias (ou menos extraordinárias como escrever este blogue por exemplo) a verdade é que tudo o que pensamos, tudo o que imaginamos foi-nos fornecido pelo nosso sistema emocional.

Posto isto julgo que é profundamento errado distanciarmo-nos das nossas emoções, são elas os nossos melhores conselheiros do mundo à nossa volta e na maioria das vezes mais “racionais” que a nossa própria racionalidade!

Ladrões


A notícia já é antiga, mas parece-me que a realidade ainda não melhorou. Sempre existiu algo que eu ainda não entendi: como é que tanta gente fica sem ordenados ou indeminizações? Num país onde se tu tirares o dinheiro a outra pessoa estás a cometer um crime, como é que podemos conviver pacificamente com o facto de que em determinada situação isso acontece e ninguém é punido? Pior, chegou a tal ponto que muitas pessoas acham normal?

Este dinheiro que fica por pagar não é dinheiro da empresa, pior, quando falamos de indeminizações falamos de dinheiro muito antigo (dependendo da antiguidade do colaborador), pelo que muitas das vezes ele não existe porque o dono ou os donos da empresa julgaram que era melhor eles ficarem com ele e gastarem numa vivenda ou num carro de luxo.

No entanto não vejo nenhum politico fazer alguma coisa em concreto para evitar que isto aconteça. Todos os dias pessoas deste país ficam sem dinheiro que lhes pertence e nós apenas assobiamos para o lado. E se neste momento alguém entrasse na vossa casa e vos tirasse calmamente o vosso dinheiro, a vossa aparelhagem, o vosso computador, também ficariam a assobiar para o lado?

Incompetentes!!!

Não, não falo dos “cornos” de Manuel Pinho, nem de politicos e afins. Também não é sobre economistas e académicos (parece que afinal não é a mesma coisa) ou de manifestos e contra-manifestos.

Falo sim de gestores, directores, patrões e patronato ou melhor de todos com responsabilidade de decisão numa empresa, (embora obviamente não sejam todos incompetentes) e dos defensores de uma liberalização do “mercado” de trabalho (desculpem as aspas mas para mim pessoas nunca vão ser produtos transacionáveis) e da actual lei laboral.

A actual lei laboral já é suficientemente flexivel para resolver os problemas que estas pessoas costumam colocar como fundamento para uma ainda maior flexibilização do trabalho e da lei laboral. Julgo que o primeiro motivo para este pedido é a completa ignorância do Código de Trabalho. Aliás gostaria de desafiar os leitores ou comentadores a colocarem alguma situação que gostariam de ver contemplado na legislação laboral ou que concretizem uma critica. E a ignorância pode ser por nunca terem lido o código ou por não conseguirem compreender o que está lá escrito. O segundo motivo é pela sua expressa incompetência em lidar com problemas laborais e manifesta incompetência de gestão.

Se verificarmos as qualificações destas pessoas rapidamente verificaremos que parte dessa incompetência deriva do facto de serem pessoas inqualificadas para exercer essas posições. Outra parte dessa incompetência deriva do facto de essas pessoas não perceberem que a maioria dos problemas nesta area são motivados não pelo curto prazo mas pelo longo prazo. Isto é, o problema não nasce por exemplo na altura em que é necessário reestruturar (curto prazo), mas sim da relação que foi criada (ou na maioria dos casos não foi criada) ao longo dos anos de trabalho (longo prazo). Se essa relação foi criada e trabalhada, então não existirá nenhum problema no curto prazo.

Assim, quando ouço alguns a pedir mais liberalização do “mercado” de trabalho, só vejo alguém a pedir que se premeie a incompetência. Algo que manifestamente me parece irracional!

Despedir

Começam com 5 segundos de silêncio. Cinco segundo que demoram uma eternidade. Nesses segundos nada se diz, ajeitam-se papéis, tem-se uns ultimos pensamento. Há minha frente a pessoa é toda ela nervos e ansiedade. Em igual medida tenta colocar no rosto uma face de calma absoluta, mas é traida pela suas mãos irrequietas e o seu olhar que teima em pousar em lado nenhum.

Os meus pensamentos derivam entre a justificação racional e o tem de ser. Respiro fundo mentalmente e sei no meu inconsciente que os meus pensamento são sem significado e sem serem sentidos.

E depois quebra-se o silêncio, diz-se ao que se vem, é se transparente e explica-se tudo o quanto é possível explicar. Então as mãos acalmam e os olhos focam a sua atenção em nós. Tudo muda nesse instante com essas palavras ditas e escritas, entregues em forma de carta.

O nervoso já não existe e ansiedade à muito que desapareceu. Em seu lugar ficam o rosto de aceitação à nova realidade, uma aceitação de impotência perante a nova realidade e no seu olhar uma tristeza que tenta disfarçar. Um tristeza pelo fim de algo, de algo que demorou muito a construir e que já não se pode recuperar.

Terminamos com votos de esperança, ultimos desejos de uma realidade irrepetível...

Irão para onde?

Há uns anos anos atrás quando “olhava” para o Irão via um país de fundamentalistas e extremistas Islâmicos. Para mim Khomenei era a imagem de qualquer Iraniano e todas as mulheres andavam de Burqa. Isso era o Irão para mim, mas depois um filme mudou por completo a minha visão deste país e despertou o meu interesse que até aí era superficial. Falo obviamente de Persepolis. Ora tudo o que se passava nesse filme não se enquadrava na imagem que eu tinha criado desse país. Aliás a própria existência desse filme e dessa história seria uma impossibilidade caso a minha anterior imagem tivesse correcta.

Obviamente, curioso como sou fui tentar conhecer melhor o país e os seus habitantes. E encontrei uma imagem completamente diferente daquela que tinha criado anteriormente. O Irão não é um país qualquer, nem no mundo, nem naquela região. É um país historico e com uma cultura milenar, um mosaico de tendências e visões e um verdadeiro melting pot do mundo muçulmano. E em termos politicos consegue também ser muito original, pois é ao mesmo tempo uma teocracia e uma democracia. Aliás se aprofundarmos o sistema politico iraniano rapidamente verificamos que na forma não é muito diferente da nossa, sendo que o papel que nós damos aos juizes eles dão aos mullahs (o que faz toda a diferença, mas que é natural numa teocracia).

Mas estas contradições não terminam aqui, pois sendo um regime muito severo e tradicionalista, é também o país muçulmanos em que existem mais ONG que defendem a igualdade entre as mulheres.

Posto isto chegamos então ao presente e facilmente verificamos que estas manifestações não são fruto de algo espontaneo, mas fruto de uma cultura forte e de um passado recente de um crescimento do pensamento liberal (não no sentido economico desta palavra) dos mais jovens. As eleições foram apenas o rastilho para o que já se sentia há muito tempo, uma separação crescente entre fundamentalistas religiosos e uma parte da população mais liberal.

O choque era inevitável e está acontecer. No entanto para quem está de fora, este tema é muito sensível, pois se é verdade que neste momento luto pelo sucesso dos protestantes (que muito provavelmente teriam a capacidade de tornar o Irão num país muito importante a nível internacional) mas sei também que os países e os seus líderes não poderão fazer muito sob pena de retirar força aos protestos e protestantes.

Resta-me apenas esperar que tenham sucesso e não deixar de escrever a minha admiração por quem, sob pena de morte, tem a coragem de ir para a rua e lutar pelo que acha justo, por um país mais livre e democrático. Possivelmente estamos a assistir a um marco histórico, mas como tudo nesta vida ainda são as incertezas que marcam a actualidade.

Se é certo que o Irão poderá tornar-se numa sociedade mais aberta e livre, também é verdade que o actual regime ainda conta com muitos apoiantes, pelo que ainda não se sabe para onde penderá o fiel da balança. Resta-me apenas questionar: Irão para onde?

Prémio Lemniscata






Só me posso sentir muito honrado, e visivelmente contente, quando alguém decide atribuir a este espaço um prémio. Esse sentimento aumenta muito quando o intuito do prémio é como este. E depois aumenta muito mais quando é atribuido por alguém como o Carlos Santos que é simplesmente o autor do excelente blogue "O valor das ideias" (blogue que já tinha falado anteriormente) que ainda esta semana foi mencionado na crónica do Rui Tavares no Público desta quarta feira. Assim compete-me agora escolher 7 blogues para atribuir este prémio. Deixo então abaixo o texto oficial do prémio, e como não podia deixar de ser, após isso farei um pequeno texto a justificar a minha escolha:



“O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores."
Sobre o significado de LEMNISCATA:LEMNISCATA: “curva geométrica com a forma semelhante à de um 8; lugar geométrico dos pontos tais que o produto das distâncias a dois pontos fixos é constante.”Lemniscato: ornado de fitas Do grego Lemniskos, do latim, Lemniscu: fita que pendia das coroas de louro destinadas aos vencedores(In Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora)
Acrescento que o símbolo do infinito é um 8 deitado, em tudo semelhante a esta fita, que não tem interior nem exterior, tal como no anel de Möbius, que se percorre infinitamente.
Texto da editora de “Pérola da cultura”
Seguindo as regras este prémio é para ser atribuído de seguida a 7 blogues. Assim, sem qualquer ordem prévia:










Agora, como tinha dito anteriormente vem a motivação da escolha:


O Cartel - Este espaço não é um blogue é um autentico serviço público. É constituido maioritariamente por professores e o seu trabalho é simplesmente fantastico. Ligado obviamente à temática da Educação, não só podemos encontrar temas especificos ligados à carreira de docência como também opinião de excelente qualidade. É um perfeito exemplo de como a blogoesfera pode ser algo extremamente positivo. A todos os seus autores os meus mais sinceros e enormes parabéns.


Os pássaros não têm nariz - Este é um prémio atribuido pelo passado (recente), o presente e o futuro (que julgo que será brilhante). É um blogue que foge aos parametros normais do ritmo da blogoesfera. O autor não escreve com regularidade, mas quando o faz, faz com uma elevada qualidade. É uma lufada de ar fresco (ainda recente na blogoesfera) mas que merece ser acompanhado por todos. É uma aposta de futuro, mas uma aposta certa. Sem duvida um blogue para quem priveligia a qualidade à quantidade.


O Afilhado - Só recentemente é que tive conhecimento deste blogue, mas foi uma optima supresa. Quem acompanha o blogue e os meus comentários por lá verá que a maioria das vezes não concordo com o que é dito, e por várias vezes as discussões prolongam-se bastante. Mas a qualidade não se mede pela concordância da opinião. Este é um espaço de qualidade (em que os temas são muito variados e ao sabor do autor, o que admiro sempre) com um autor de qualidade. Além disso, por causa das caracteristicas do autor é um espaço de debate franco e aberto, onde se pode efectivamente discutir o tema em si!


Speakers Corner Liberal Social - Este é um blogue de um movimento politico. No entanto existe algo que os distingue dos outros, é que é um blogue e funciona como um blogue! A maioria dos blogues que se inserem em movimentos ou partidos politico são meros acrescentos quase ficticios da máquina partidária. Este espaço não é assim, e isso faz dele unico. É um espaço dos autores e não do movimento, o que o torna quase, senão mesmo, unico em Portugal. Assim, além da divulgação do Movimento em si é um espaço onde podemos saber a opinião efectiva dos seus membros mesmo que esta seja contra a posição oficial do movimento. Neste espaço a liberdade de expressão não é um mero "chavão" mas sim algo que é praticado efectivamente. Sem duvida um espaço merecedor deste prémio.


Fiel Inimigo - para quem me acompanha ou acompanha este blogue, esta poderá ser a nomeação mais estranha. Mas este prémio vai principalmente para uma comentadora e não para os seus autores. Falo da ML, obviamente! Julgo que foi neste espaço que a conheci e tem sido, além do mais uma lição para mim. E como, infelizmente para nós, ela não tem blogue, escolho este espaço pois os seus comentários valem ouro. Desculpem todos os outros comentadores, mas a ML é sem duvida a number one na minha lista, numa simples palavra ela é um espectaculo! Pelo que sabe, pela personalidade, pela maneira de encarar os debates, pela maneira como estrutura o seu comentário, e por tudo mais, ela por si só vale este prémio.

Mas atenção o espaço em si também é unico na blogoesfera portuguesa, não tanto por causa da qualidade dos seus artigos mas porque autores com aquelas opiniões e com o tipo de argumentação que utilizam acabam sempre por censurar os comentadores com quem eles não concordam, algo que nunca aconteceu ali. Pode parecer pouco, mas acreditem, já passei por muitos blogues parecidos e realmente este é um espaço unico nesse sentido.


O Valor das Ideias - Bem já disse anteriormente a minha opinião sobre este blogue. Não sei se foi pelo tempo que o autor passou em Inglaterra, se foi por outro motivo, mas a verdade é que criou um blogue à moda "estrangeira". Isto é, um blogue onde os artigos e as posições são fundamentados e onde uma pessoa aprende muito. Em poucas palavras, para não me alongar muito, é um blogue à Paul Krugman! Uma referência sem duvida da blogoesfera portuguesa.


Ladrões de Bicicletas - Outro blogue do qual já tinha falado anteriormente. Tenho de confessar que já acompanho este blogue desde que eles ainda só roubavam "triciclos" e uma coisa é certa eles só conseguem surpreender pela positiva. Este blogue é tudo o que um blogue deve ser!

Aforradores Lusitaniae

Sempre me vez alguma confusão a figura central do hommo economicus (HE) na teoria económica. Para além da grande “querela” sobre o egoismo vs altruismo, existia outra coisa que me fazia muita confusão, ou como eu gosto de dizer me provocava comichão nos meus neurónios. Falo do comportamento esperado desta figura central da teoria. O HE era verdadeiramente um heroi da era moderna, pois por causa dele e do seu comportamento todos os problemas ficavam resolvidos. O HE é no entanto apresentado como um ser amarrado às correntes do Estado e para poder agir de forma heróica só tem de se soltar (ou ser solto). Assim o Estado estava para HE como o Kriptonite está para o Super-homem.

Uma vez solto, a sua acção, o seu dinamismo, a sua procura em se superar e fazer as coisas melhor, motivados pelo seu interesse próprio, fariam com que um verdadeiro Céu fosse criado na Terra, todos os problemas fossem resolvidos e vivessemos felizes para sempre. O melhor desta história é que, ao contrário do Super-homem que é único, existem milhões de HE na Terra, pois os HE são os Seres Humanos.

Ora o que me faz muita confusão é a realidade que vivo, ou seja, a realidade portuguesa e dos portugueses. Aqui no nosso cantinho, sempre que via a diminuição do Kriptonite (ou seja Estado), eu não via os HE a aparecer, mas algo que até agora não conseguia identificar. E olhava para os locais onde supostamente estes HE habitam (os mercados) e não funcionavam (por exemplo: o mercado imobiliário, quer na sua vertente de arrendamento, quer na sua versão de venda – embora seja valido para a generalidade dos empresários) como seria de esperar. A justificação habitual que nos contam é que Portugal é um país rico em Kriptonite e por isso é que os HE são fracos. Honestamente, para mim sempre foi um desculpa de mau pagador...

Ora, para mim, a razão mais obvia seria uma razão cultural, mais propriamente um “atraso cultural” sistemático dos portugueses. No entanto julgo agora que estava errado. Motivado por uma pergunta do Tiago Ramalho, pensei mais no assunto. E julgo ter encontrado uma pista para conseguir compreender melhor a nossa realidade: os AFORRADORES LUSITANIAE (AL).

Ou seja, em Portugal não existem HE, ou o seu numero é muito baixo. A figura central de uma teoria economica aplicada à realidade portuguesa deveria ser centrada nesta figura de AL e não na figura anglosaxónica de HE. Obviamente esta afirmação pede a seguinte pergunta: “Mas que raio são os AFORRADORES LUSITANIAE?”

Os AL são pessoas cuja principal motivação é a criacção de uma poupança que lhes dê um rendimento mais ou menos certo, que permita ter um nível de vida que o AL considere aceitável. Assim o objectivo do AL é atingir um determinado patamar de rendimento e não o incremento constante desse rendimento como acontece com os HE. Por outro lado, e ao contrário do HE, o AL não é “geneticamente” concorrencial, como o seu foco de atenção está dependente de atingir determinado rendimento, o que lhe interessa é a garantia desse rendimento e não o incremento do mesmo. Ou seja, mais rapidamente o AL chega a um pacto de não-agressão com outro AL (de forma a minimizar o risco e garantir assim o rendimento pretendido) do que entra em “guerra aberta” como os HE fazem. Finalmente outro aspecto muito importante, é o facto de se comportar como um aforrador, isto é coloca o dinheiro em determinado activo, e fica apenas à espera de receber os juros sem precisar de se esforçar, o que leva a que o AL não seja inovador.

Desta forma, se pensarmos no típico senhorio, dono de café, empresário de uma pequena empresa e demais exemplos da fauna económica verificamos que eles se comportam exactamente como um AL.

E como apareceu este AL? Bem, não encontrei em nenhum livro a resposta a esta pergunta, mas nas sapientes palavras do meu pai (que embora tenha apenas a 4ª classe a sua sapiência vinda de uma vida cheia de experiência em muito ultrapassa a deste seu pequeno filho). Como o meu pai me conta, antigamente não existiam reformas. Assim a grande questão da vida de uma pessoa passava por saber como é que conseguiriam sobreviver quando já não tivessem forças para trabalhar. Esta necessidade guiava as pessoas para, ao longo das suas vidas, fazerem algumas poupanças para: (a) comprar ou construir uma casa para poderem alugar e ter um rendimento fixo, (b) abrir um pequeno negócio (por exemplo um café, restaurante, oficina) que trouxesse um rendimento fixo para ele e a familia. Obviamente outra solução seria fazer muitos filhos e esperar que eles o sustentassem, mas ficar dependente desta solução era demasiada arriscada e criava uma ligação de dependência considerado contra natura pelo tipico português.

Dito isto julgo que seria muito interessante pegar nesta figura (o AL) e simular o que acontece a uma sociedade de AL em que sejam aplicadas soluções da teoria neoclássica economica. Isto é, a que conclusões chegará a teoria económica se, em vez de aplicar o HE, aplicar o AL?